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Pré-Market: Sem Lula e sem Previdência, o foco é no exterior

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A primeira sexta-feira do mês reserva, como já é tradição nos mercados financeiros, os dados de emprego nos Estados Unidos. O payroll, como é chamado o relatório oficial sobre a geração de vagas no país, ganha ainda mais importância após o Federal Reserve subir o tom em relação ao ciclo de alta da taxa de juros norte-americana. Por isso, os números podem influenciar no apetite dos investidores por ativos de risco, como os brasileiros.

Isso porque o mercado de títulos soberanos vem passando por certa agitação há alguns dias, à medida que ganhou força a percepção de que a taxa de juros nos EUA deve subir três vezes neste ano – a primeira já em março. Até então, as apostas davam conta de apenas dois aumentos, mas perdeu espaço após o Fed sinalizar uma piora do cenário de inflação, que coincide com a força da economia norte-americana, mas que ainda não se concretizou.

Nesta manhã, o rendimento (yield) do título do país de 10 anos (T-note) sustentava-se acima de 2,78%, ainda nos maiores níveis em quatro anos, ao passo que o dólar se recupera frente as moedas rivais. A pressão no mercado de bônus hoje vem do Japão, após o Banco Central japonês (BoJ) afirmar que irá tomar medidas para evitar que juro projetado pelo título de 10 anos do país se distancie do alvo, com taxa ao redor de 0%.

O BoJ disse estar preparado para comprar uma quantidade ilimitadas de papéis a uma taxa fixa. Em reação, o yield do título japonês caiu e o iene também recuo. Alheio a tudo isso, o petróleo encosta nos maiores níveis desde 2015, em meio a um cenário mais favorável para a oferta e a demanda da commodity. Os metais básicos também avançam. Esse desempenho das matérias-primas estimula as moedas emergentes e correlacionadas às commodities.

Nas bolsas, a sessão foi de perdas na Ásia, com o sinal negativo liderado pelas ações de tecnologia, após uma rodada decepcionante dos balanços das empresas do setor nos EUA. Os índices futuros das bolsas de Nova York estão no vermelho, contaminando o início do pregão europeu. Os negócios em Wall Street vem sendo testados pelo aumento no rendimento dos títulos, o que pode impactar os mercados pelo mundo.

A percepção é de que um movimento mais brusco de realização de lucros entre os ativos mais arriscados vai depender da velocidade e do ritmo de recomposição de prêmios nos bônus soberanos. Se houver certa complacência no movimento, a correção nos preços de ações, moedas e commodities pode ser acentuada.

Por isso, os dados do payroll sobre a abertura de postos de trabalho, o ganho médio por hora e a taxa de desemprego ganham importância, pois podem reforçar o cenário traçado pelo BC dos EUA de aumento dos preços no horizonte à frente, o que demanda uma postura mais firme no processo de aperto monetário. Como a pressão não vem da inflação em si, o Fed busca sinais de pressão nos salários e suas consequências no consumo.

A previsão é de abertura de 198 mil vagas em janeiro, o que deve manter a taxa de desemprego em 4,1%, ainda em níveis que sustentam um cenário de pleno emprego na economia dos EUA. Já o rendimento médio por hora deve crescer 0,3% na comparação com dezembro e subir 2,6% em relação a um ano antes. Os resultados efetivos serão divulgados às 11h30.

Trata-se do grande destaque da agenda econômica desta sexta-feira, que traz ainda as encomendas às fábricas nos EUA em dezembro e a leitura final do índice de confiança do consumidor norte-americano em janeiro, ambos às 13h. Na Europa, sai apenas a inflação ao produtor (IPP) no mês passado. No Brasil, o calendário do dia também está mais fraco e traz leituras regionais sobre o índice de preços ao consumidor (IPC), logo cedo.

Por aqui, o radar dos investidores segue no cenário político, com as atenções divididas entre as negociações do governo em torno da reforma da Previdência e a corrida presidencial. O mercado doméstico dá como certa a ausência do ex-presidente Lula nas eleições de outubro, mas sabe que ainda não existe um candidato de “centro”, com viés reformista, para concorrer ao pleito.

Já em relação à votação das novas regras para a aposentadoria, os negócios locais estão cada vez mais céticos, pois sabem que o calendário é justo e o tema, muito polêmico. A percepção é de que não haverá tempo hábil para o governo negociar com a base aliada e reunir os 308 votos necessários entre os deputados para passar o texto ao Senado.

A votação na Câmara está prevista para o dia 19, sendo que o recesso legislativo chega ao fim apenas na próxima segunda-feira (dia 5), uma semana antes da pausa para o carnaval, que deve se estender até o dia 16. Assim, são remotas as chances de o governo conseguir articular o apoio em meio à folia e colocar a pauta em votação ainda neste mês.

Porém, se a reforma da Previdência passar, abre-se um espaço para a taxa básica de juros (Selic) cair um pouco mais, em março. Para a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) neste ano, que acontece na semana que vem, é praticamente certo que haverá um corte de 0,25 ponto percentual.

Só que os números robustos apurados pelos indicadores domésticos de atividade e inflação já justificariam uma postura mais conservadora (“hawkish”) do BC ao final do encontro deste mês. Mas como a autoridade monetária não mudou a comunicação desde dezembro, quando indiciou uma extensão das quedas, então vai precisar entregar mais um corte.

O problema vai ser se o BC tiver de ajustar lá na frente os exageros na condução do ciclo de queda da Selic até agora, diante dos riscos vindos do ambiente internacional e do cenário político local. Afinal, nada mais negativo do que subir os juros da economia em meio à campanha eleitoral pró-reformas, sob o argumento de não perder o controle da inflação.

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