A maioria dos bancos espera agora que o Comitê de Política Monetária (Copom) reduza a taxa de juros básica mais uma vez na semana que vem, de 6,75% para 6,5%.
A expectativa mudou em relação a fevereiro, quando o próprio Copom indicou que pararia o corte dos juros em 6,75%. Mas o Comitê deixou uma janela aberta, caso a inflação continuasse tranquila, assim como o cenário externo, o que vem acontecendo.
Por isso, o mercado passou a prever um novo corte e alguns acreditam que a taxa pode cair mais, mais perto de 6% ao ano.
Núcleo de inflação sob controle, diz Santander
Entre os que mudaram recentemente sua expectativa está o Santander, que reviu hoje sua estimativa para um novo corte de 6,5%. E agora acredita que o Copom vai deixar a porta aberta para mais um corte em maio, caso as expectativas de inflação continuem caindo. O Santander destaca a surpresa do IPCA menor que o esperado e o fato de a queda da inflação não ocorrer apenas por conta dos preços dos alimentos. O núcleo da inflação, que exclui alimentos e combustíveis, para o período de 12 meses, caiu 0,62 ponto percentual este ano, para 3,22% em fevereiro. E a inflação de serviços recuou de 4,52% para 4,2%. “Esperamos que o núcleo da inflação fique nesse nível até o fim do ano”, diz o Santander em relatório.
O cenário externo também segue benigno, com os juros dos papéis de 10 anos do Tesouro dos EUA se estabilizando. A recuperação da economia brasileira também está sendo gradual, sem pressionar a inflação.
Mais um corte apenas, diz Itaú
Já o Itaú espera que o Copom anuncie um corte de 0,25 ponto, redução compatível com as surpresas de inflação em relação à expectativa do BC para o IPCA de 2018 divulgada na última reunião de política monetária.
“Entendemos que o comunicado e ata do Copom de fevereiro sinalizaram a possiblidade de um ajuste adicional moderado caso o risco de inflação baixa se intensificasse, o que acabou se materializando”, diz o Itaú em relatório. “Em nossa visão, os dados divulgados desde então parecem compor surpresa significativa o suficiente para levar o Copom a desviar de seu plano de voo original e adicionar um estímulo a mais na próxima reunião.”
CS: juros de 6,5% até o primeiro trimestre de 2019
Outro que trabalha com um corte de 0,25 ponto é o Credit Suisse. Em relatório assinado pelos economistas Lucas Vilela e Leonardo Fonseca, o banco afirma que espera uma redução da taxa Selic de 6,75% para 6,50%.
A ata da última reunião do Copom indicou o fim do ciclo de afrouxamento monetário iniciado em setembro de 2016 ao assinalar que “para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme esperado, o Comitê vê, neste momento, como mais adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária”.
No entanto, diz o CS, a autoridade monetária manteve a possibilidade de continuidade do processo de afrouxamento monetário ao apontar em seu documento que “Essa visão para a próxima reunião pode se alterar e levar a uma flexibilização monetária adicional, caso haja mudanças na evolução do cenário básico e no balanço de riscos”.
“No nosso entender, o cenário evoluiu favoravelmente desde a publicação da ata, tendo em vista que a inflação corrente ficou abaixo das expectativas e as expectativas de inflação para 2018 e 2019 recuaram”, dizem os economistas. “Esperamos que o comunicado indique novamente o fim do ciclo de afrouxamento monetário”, dizem.
O CS espera a manutenção da taxa básica de juros em 6,50% ao longo de 2018 e início do aperto monetário a partir do primeiro trimestre de 2019, com aumentos de 50 pontos base em cada reunião até a taxa Selic alcançar 9,0%. “Nossa expectativa para a dinâmica da taxa de juros supõe o fechamento do hiato do produto no início do próximo ano e a normalização gradual dos preços dos alimentos, fazendo com que a inflação IPCA aumente para 3,9% em 2018 e 4,5% em 2019.”
O UBS também espera um corte de 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Copom, citando a queda das projeções de inflação do mercado de fevereiro para cá. A economia crescendo lentamente mantém a inflação baixa, o que deve permitir ao Copom manter os juros de 6,5% até o fim do ano.