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Fiesp espera que Estados Unidos negociem sobretaxas de produtos por país

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Após a decisão dos Estados Unidos de sobretaxar as importações de aço e alumínio em 25% e 10%, respectivamente, entidades do setor avaliam que o momento será de negociação intensa com o país. Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o problema do excesso de produção de aço existente hoje no mundo levou os EUA a cotar as sobretaxas, o que deve levar outros países a se mobilizar sobre a questão.

“Há um risco de guerra comercial, pois se não houver negociações sobrarão poucas alternativas. Se não fizermos nada, hoje é o aço, amanhã será a borracha ou qualquer outro produto. Esse assunto tem que parar”, afirma Thomaz Zanotto, diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp. “Não estou dizendo que a negociação será fácil, será algo duro e difícil, mas uma negociação é melhor do que uma guerra comercial em um momento em que o mundo todo está saindo da recessão”.

Segundo a Fiesp, a expectativa é que os americanos façam negociações de exclusão de produtos específicos por país e cita como exemplo o fato de que o Canadá e o México tiveram isenção da sobretaxa sobre o aço e alumínio neste primeiro momento. Na avaliação de Zanotto, as exportações de aço do Brasil para os EUA incluem 80% de produtos semimanufaturados, para finalização nos Estados Unidos, o que deixa o país bem posicionado.

“Isso nos permite uma capacidade de negociação de muitos desses produtos em acordos específicos, onde o bom senso mostra que a própria indústria norte-americana seria beneficiada”, afirma Zanotto.

Para a federação paulista, o Brasil tem uma relação de comércio muito intensa com os EUA. “Nós somos um país com frequente déficit comercial com os EUA, somos o maior comprador de carvão metalúrgico (mais de US$ 1 bilhão por ano), que é usado em nossa indústria siderúrgica, e depois parte do aço produzido volta para os EUA. Ou seja, nesse momento todos os lados precisam de bom senso”, avalia o diretor da Fiesp.

China

Já a Associação Brasileira do Alumínio (Abal), teme que a China conquiste, com preços baixos, outros países. “Os grandes exportadores, como a China, vão querer vender no nosso mercado, o que já está acontecendo, e essa tendência vai se agravar. Então, é importante a gente monitorar para ver o que vai acontecer nos próximos meses, porque a reação vai ser imediata”, disse o presidente-executivo da Abal Milton Rego.

Segundo ele, uma escalada protecionista no mundo não é a alternativa. “Infelizmente nós temos os dois grandes players mundiais no caso do alumínio – o maior importador, os EUA, e o maior produtor, a China, utilizando regras que não estão na Organização Mundial do Comércio (OMC), [e que são] regras unilaterais para alterar o resultado desse mercado”.

Rego acredita que essa conduta seja ruim para o mercado mundial. “Isso traz uma instabilidade muito grande, uma volatilidade dos mercados que é muito ruim”. Para ele, a solução é ampliar competitividade. “O que o Brasil tem que fazer nesse momento é de alguma forma tornar as nossas exportações mais competitivas, justamente para contrabalançar essa questão do mercado americano. E, por outro lado, monitorar as importações para identificar imediatamente quando vier produtos para o Brasil abaixo dos preços internacionais”.

Revisão

A entidade ainda não fez a revisão da previsão de crescimento para 2018, mas o executivo acredita que a decisão vai afetar a produção de alumínio. “O crescimento esperado era entre 5 e 6%, um crescimento importante, mas baseado na recuperação de três anos em sequência de queda de mercado. Estamos reavaliando em função desse assunto, não temos um novo número, mas certamente, o viés vai ser de baixa, não no mercado doméstico, mas da produção doméstica, porque a gente entende que vai se acirrar muito a competição com produtos importados”, destacou.

Na opinião de Milton Rego, os produtos finais podem ficar mais caros. “O automóvel, uma estrutura de prédio, uma embalagem, por exemplo, vão ficar mais caros, vai aumentar o custo e aumentar a produção americana e os Estados Unidos vão perder exportação. Mas Trump está respondendo aos eleitores que querem uma economia fechada, apostando no mercado doméstico. É complicado porque é uma medida unilateral, no maior país do mundo”, disse.

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