A disputa entre os acionistas da BRF (BOV:BRFS3), dona das marcas Sadia e Perdigão, deve continuar nos próximos dias, à medida que se aproxima a data da assembleia do dia 26 que vai eleger o novo conselho de administração.
Depois que o empresário Abílio Diniz, como se diz no futebol, fez que foi e não foi, desistindo de deixar a presidência do Conselho na semana passada, a expectativa é que ele monte uma chapa alternativa para concorrer com a dos seus desafetos, os fundos de pensão Previ, do Banco do Brasil (BBAS3), e Petros, da Petrobras (PETR3). Segundo o jornal Valor Econômico, Abílio quer liderar a definição de como e quem será eleito para o conselho da companhia.
Os fundos de pensão iniciaram, em fevereiro, um movimento para troca do conselho de administração na assembleia geral deste ano cuja principal medida era afastar Abílio do comando da empresa. Os acionistas teriam chegado a um acordo para Abílio deixar o cargo na quinta-feira passada, mudando a chapa sugerida pelos fundos, mas o acordo fracassou.
Agora, segundo o jornal, Abílio propôs uma chapa concorrente à apresentada por Petros e Previ. Na cabeça dessa chapa, está o ex-ministro Luiz Fernando Furlan, da família fundadora da Sadia. Furlan, que parecia rumar com as fundações e demonstrava desconforto com o acúmulo de prejuízos da BRF na “era Abilio”, integraria as duas chapas.
Segundo o Valor, o grupo proposto por Abilio, por meio do conselho de administração, contém sete dos nomes da chapa apresentada pelos fundos de pensão.
Para a Guide Investimentos, toda essa confusão é negativa para a empresa e suas ações. Um acordo entre o grupo de acionistas da BRF seria uma sinalização positiva para acionistas da companhia. “No entanto, vemos um acordo ainda distante”, avalia a corretora em relatório. A falta de consenso entre os principais controladores da BRF abriu espaço para que Abílio lançasse uma chapa alternativa. “Por ora, Furlan – defendido por Abílio – e Augusto Cruz – ex-presidente do GPA (PCAR3) e o principal nome da chapa comandada pelos fundos – devem disputar o cargo”, acredita a corretora.
Com isso, a expectativa fica por conta da assembleia geral do dia 26 de abri. Em meio a esse atrito da administração, a Guide recomenda cautela com relação à BRF, especialmente no curto prazo. A empresa segue enfrentando uma crise de credibilidade após resultados operacionais fracos nos últimos dois anos e envolvimento da empresa na nova Operação Carne Fraca, da Policia Federal, chamada “Trapaça”.
Os efeitos da operação “Carne Fraca”, somada aos conflitos na gestão em termos de estratégia, podem levaram a geração de caixa da empresa, o Ebitda, a se deteriorar ao longo de 2018. Consequentemente, o endividamento da empresa pode crescer ainda mais em relação aos 4,26 vezes o Ebitda no quarto trimestre.