“First things first” parece ser o lema da Vale (BOV:VALE3) desde a chegada de Fábio Schvartsman. A prioridade, no discurso e na prática, tem levado em conta ações para o improvement da governança corporativa e transparência no manejo dos negócios. Nas palavras do CEO: “Estou comprometido em transformar a Vale em uma empresa mais previsível, para que, em qualquer cenário de preços, o mercado possa facilmente prever seu desempenho. Isso só será possível se tivermos total controle de tudo que não seja preços, o que significa que teremos uma política de alocação de capital muito rigorosa, um foco constante em desempenho e esforços contínuos de otimização de custos”.
E o resultado veio abaixo das expectativas…
Apesar do comprometimento, o lucro líquido registrado no semestre veio levemente abaixo das expectativas do mercado US$ 1,59 bilhão e queda de dois dígitos na comparação com o mesmo trimestre de 2017 (36%). Em relação aos últimos três meses do ano, o resultado apresentou evolução frente os US$ 771 milhões, principalmente devido à melhora na paridade cambial e impairment.
A melhora na receita, quando comparado ao mesmo período do ano anterior, foi influenciada basicamente pelo volume de vendas do segmento de minerais ferrosos e preços mais competitivos para os metais básicos, totalizando US$ 8,6 bilhões. Mesmo com a sazonalidade, que torna o primeiro trimestre mais fraco em termos de produção, a receita líquida da principal área de negocio (minerais ferrosos), manteve-se estável graças ao aumento do volume e segundo a própria companhia “de sua flexibilidade em cadeia de valor”.
O resultado operacional EBIT atingiu US$ 3,09 bilhões, considerando a depreciação, amortização e exaustão, o valor ajustado vai para US$ 3,97 bilhões.
“A Vale teve uma forte geração de caixa operacional no 1T18, que, somada aos recursos da venda dos ativos de fertilizantes e ao Project Finance de Moçambique, suportou o aumento do fluxo de caixa em relação ao 4T17, totalizando US$ 5,015 bilhões, a melhor performance desde 1T11”.
Uma empresa previsível?
Seguindo a linha da previsibilidade, outra medida interessante proposta no final de março, chamou atenção do mercado. A nova política de remuneração aos acionistas será composta por duas parcelas semestrais, com base em 30% do Ebitda, menos os investimentos correntes do trimestre seguinte.
Para os mais céticos, a empresa mandou seu recado ao indicar que a redução do endividamento foi possível mesmo com o pagamento de US$ 1,4 bilhão no primeiro trimestre de 2018. A política foi repensada, segundo comunicado divulgado na época para “demonstrar a sustentabilidade da métrica em todo e qualquer cenário e garantir sua aplicabilidade por um longo período de tempo”.
De acordo com as estimativas do relatório da administração, o montante mínimo de remuneração será de US$ 1,033 bilhão, fora o cálculo dos 30% que será acrescentado para pagamento em setembro de 2018.
*Relatório elaborado pela equipe de análise de Elite Corretora