O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse, na manhã de hoje (25), que o cenário externo ficou mais desafiador e que as reações da política monetária a choques externos não podem ser “nem oito, nem oitenta”. Ilan Goldfajn fez palestra de abertura do 20º seminário anual de metas para a inflação, na sede do Banco Central no Rio de Janeiro.
“O cenário internacional tem se tornado mais desafiador e os efeitos de movimentos nas economias avançadas sobre as economias emergentes podem ser relevantes. A normalização nos níveis de taxas de juros em algumas economias maduras tem produzido ajustes em preços de ativos e volatilidade nas condições financeiras no mercado internacional”, disse o presidente do BC.
Goldfajn defendeu que as respostas da política monetária brasileira a choques externos não podem ser automáticas e disse que choques externos devem ser combatidos apenas no impacto secundário que poderão ter na inflação prospectiva.
“Nem oito, nem oitenta. Não dá para ignorar o impacto de um choque externo na nossa inflação, mas também não há uma relação mecânica entre o choque externo e a política monetária”.
O presidente do BC enumerou ao menos três fatores de risco que devem ser levados em conta na avaliação do cenário básico do Copom para a inflação.
Segundo Goldfajn, a possível propagação, por mecanismos inerciais, do nível baixo de inflação pode produzir trajetória prospectiva abaixo do esperado.
Além disso, uma frustração das expectativas sobre a continuidade “das reformas e ajustes necessários na economia brasileira” pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária.
Ainda na avaliação do economista, o risco dessa elevação se intensifica em uma continuidade da reversão do cenário externo para economias emergentes.
“É preciso também enfatizar que a aprovação e implementação das reformas, notadamente as de natureza fiscal, e de ajustes na economia brasileira são fundamentais para a sustentabilidade do ambiente com inflação baixa e estável”.