Os investidores estrangeiros tiraram da bolsa brasileira mais R$ 410 milhões no dia 20, elevando a saída no mês para R$ 5,848 bilhões, segundo dados da B3. No ano, os estrangeiros retiraram da bolsa R$ 9,860 bilhões.
O movimento de saída se acentuou em maio, com a expectativa de alta dos juros americanos acima do esperado ganhando força no exterior, a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. No Brasil, a greve dos caminhoneiros no fim de maio expôs a fragilidade do governo de Michel Temer, derrubou o presidente da Petrobras e a política de reajustes da empresa e complicou o cenário eleitoral.
Não por acaso, em maio, o saldo de estrangeiros na B3 foi negativo em R$ 8,434 bilhões recorde histórico de saída. Esse valor, somado aos R$ 5,848 bilhões dos primeiros 20 dias de junho, representam um resgate líquido de R$ 14,282 bilhões em 51 dias.
Índice cai 16 mil pontos em maio e junho; em dólar, queda é de 25%
Com a saída dos estrangeiros, o Índice Bovespa sofreu e acumula uma perca de 16 mil pontos desde 30 de abril, quando encerrou o mês em 86.115 pontos, até ontem, 21 de junho, quando atingiu 70.075 pontos. A queda equivale a uma perda de 18,6% em 52 dias, de maio e junho. Em dólar, com a moeda americana em alta, a perda é ainda maior, 25% de maio para cá.
Com isso, o índice acumula queda de 8,7% em junho e 8,3% no ano em reais e de 10,2% e 19,9% respectivamente em dólares.
Estrangeiros respondem por 50% do volume
A forte queda do índice reflete a dependência do mercado brasileiro dos estrangeiros. Eles respondem por 50,3% do volume negociado em junho e 50,7% do volume no ano. Ou seja, de cada R$ 100 em ações negociados na bolsa brasileira este ano, R$ 50,70 eram de estrangeiros.
As pessoas físicas representam este mês 13,8% do volume negociado, menos que os 17,3% de maio e que os 17% da média do ano. E os investidores institucionais respondem por 29,4% do volume no mês de junho e 26,6% no ano.
Saída de estrangeiro e volatilidade fazem volume disparar
O volume negociado em ações na B3 está em alta, refletindo o aumento da volatilidade e a saída dos estrangeiros. Em maio, o volume cresceu 37,8%, para R$ 14,188 bilhões, e em junho, houve novo aumento, de 3,9%, para R$ 14,740 bilhões por dia. Com isso, a média negociada de ações na B3 no ano subiu para R$ 12,082 bilhões por dia, 24,5% acima da média do ano passado, de R$ 9,7 bilhões.
