Crises e períodos de desaceleração da economia são inevitáveis, uma vez que as economias funcionam em ciclos de desaceleração e aceleração. Transitar por estes períodos de forma mais suave é possível, mas exige atenção e disciplina. Quando o cenário econômico apresenta problemas, grande parte da população também passa por dificuldades, e precisa se esforçar para manter as finanças em dia.
O importante é tentar, de acordo com a situação única de cada família ou indivíduo, manter-se longe das dívidas e dos empréstimos, além de economizar e poupar. O pior erro que se pode cometer, segundo o especialista em finanças e fundador da Maway Global Investments, Thiago Silva, é não se preparar para algo que sabemos que pode ocorrer, sendo necessário fazer alguma reserva de emergência para que o patrimônio não seja dilapidado nos momentos difíceis.
Diversificação e flexibilidade são importantes na alocação de recursos
Uma outra forma, que se aplica a alguns casos mais específicos, destaca Silva, é a utilização de seguros que vão proteger o patrimônio nas situações inesperadas. “Ter uma alocação eficiente do patrimônio em portfólio de ativos que dê a flexibilidade e resiliência necessária para suportar momentos de crise é importante”, orienta.
Ele lembra ainda que ter todo patrimônio alocado em imóveis, por exemplo, pode obrigar a pessoa a vender o bem na crise, por um preço não adequado — portanto, uma diversificação bem feita dos recursos torna-se um aliado nestes períodos.
Maioria ainda não faz planejamento financeiro
Na visão do especialista, a maioria das pessoas não faz planejamento financeiro. “É possível perceber uma melhora, mas ainda estamos longe do ideal. Estudos realizados recentemente pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) mostram que quase metade (47%) da população acredita, por exemplo, que a renda da sua aposentadoria provida pelo INSS será suficiente para manter seu padrão de vida, e não faz nenhum planejamento financeiro”, destaca.
Dificuldade em estabelecer perspectiva de longo prazo
Entre os fatores que contribuem para que poucos façam planejamento, segundo Silva, estariam a crença de grande parte da população de que o Estado irá suprir suas necessidades, além de baixa educação financeira. “Por ter sofrido, e ainda sofrer, com muita instabilidade política e econômica, o brasileiro não consegue ter uma perspectiva de longo prazo, então, prefere gastar hoje, quando não sabe como vai ser o amanhã”, alerta.
Para os que acreditam ser muito difícil ou complicado preparar-se para eventuais dificuldades, Thiago Silva elaborou sete dicas que podem ajudar a economizar e poupar dinheiro, mesmo em tempos de crise financeira.
Confira:
1 – Organize suas finanças
Faça uma planilha e coloque nela os seus ganhos e os seus gastos. Até a compra de uma bala deve ser anotada. Afinal, é tão comum se perguntar “onde gastei todo o meu dinheiro” — e não fazer a mínima ideia de como o valor foi diminuindo na sua conta. Isso vai ajudar a controlar despesas.
2 – Controle as despesas
Fique de olho nas despesas. Cortar os gastos é o primeiro passo para controlar os gastos e economizar. Mas será que as pessoas sabem realmente o que cortar? Para fazer tal corte é preciso entender que há três tipos de gastos: os essenciais, os necessários e os supérfluos. Entender o que cada um engloba faz toda a diferença, pois é o ponto essencial que diferencia os gastos realmente importantes dos que podem ser cortados.
3 – Comece a poupar desde o primeiro dia que receber o pagamento
Não espere chegar o fim do mês para começar a cortar gastos e economizar para poupar. Separe uma quantia assim que o dinheiro entrar. Se não sabe como nem onde investir, busque se informar ou conte com a ajuda de um profissional. Atualmente, existem meios muito democráticos de se poupar, de forma eficiente, mesmo que com uma pequena quantia. Que tal começar guardando 5% do que você ganha e ir aumentando a porcentagem?
4 – Pague as suas contas em dia
Fique atento às datas de pagamento das suas contas, pague em dia e evite a cobrança de juros e multas. Se tiver desconto no pagamento antecipado, programe-se para isso.
5 – Evite compras parceladas
Priorize compras à vista, uma vez que as parceladas podem se tornar uma verdadeira armadilha. Especialmente para quem não sabe controlar o dinheiro. Uma compra parcelada aqui, outra ali, e a pessoa terá muitos meses só pagando dívidas. Além disso, é sempre um perigo contar com um dinheiro que ainda não é seu; valor que pode entrar na sua conta futuramente, mas que ainda não é uma certeza.
6 – Use a tecnologia como aliada
Você pode lançar mão de aplicativos e ferramentas que ajudam a gerenciar as finanças e controlar os gastos. Pesquise até encontrar as que forem mais interessantes para o seu perfil.
7 – Repense alguns itens da sua vida
Responda a si mesmo uma pergunta importante – O meu estilo de vida condiz com minha atual renda mensal? É interessante reavaliar alguns hábitos e repensar o que pode ser trocado em sua vida e, mesmo assim, continuar sendo divertido e prazeroso.
Lembre-se que fazer o planejamento financeiro não é difícil. O mais complicado é segui-lo. Comece, se empenhe, faça acontecer, faça do controle um hábito até que se torne algo natural. “No começo pode até ser desconfortável, mas quando a pessoa domina isso e começa a economizar e poupar, ela vê que pode investir e caminhar para a independência financeira”, diz Silva. “Ou seja, isso não significa só qualidade de vida, mas liberdade”, completa.