A Petrobras (BOV:PETR4) voltou a descartar a possibilidade de faltar gás para o funcionamento de usinas termelétricas durante o período de manutenção da plataforma de Mexilhão. Os detalhes sobre a parada técnica para a manutenção de Mexilhão, principal produtora de gás da Bacia de Campos, foram apresentados hoje (1º) na reunião do Conselho de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), responsável por monitorar as condições de abastecimento e o atendimento ao mercado de energia elétrica do país.
Durante a reunião, a Petrobras informou que não há risco de falta do produto, uma vez que vai aumentar a importação de gás natural liquefeito (GNL). O presidente da estatal, Ivan Monteiro, apresentou detalhes do planejamento, para esclarecer dúvidas sobre eventuais impactos no setor elétrico, já que a produção concentrada em Mexilhão responde por menos de 10% da oferta no mercado nacional.
A Petrobras também voltou a descartar a possibilidade de suspender a manutenção de Mexilhão, programada desde 2016 e prevista para ocorrer até 06 de setembro. Segundo a empresa, parada tem como objetivo atender à exigência legal de segurança do Ministério do Trabalho, além ampliar a capacidade de escoamento do gasoduto.
“Os serviços estão sendo realizados gradualmente desde agosto de 2017 e foram adotados procedimentos adicionais para a minimizar o tempo de interrupção do fornecimento de gás para as usinas termelétricas”, diz a nota do CMSE publicada após a reunião.
Como precaução, foi apresentada ainda a proposta de que a Petrobras comunique com antecedência futuras paradas de manutenção preventiva de plataformas. Além da importação de GNL, também ficou definido que haverá ajuste na demanda através da parada para manutenção programada de termelétricas em coordenação com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A perspectiva é que as medidas garantam a oferta de gás durante os 45 dias de obras, sem impacto nas tarifas do setor elétrico.
A Petrobras foi convidada a participar da reunião do CMSE, após o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco ter feito, na segunda-feira (30) um apelo para a suspensão da manutenção programada de Mexilhão, por “um ou dois meses”. O receio era que a manutenção venha a reduzir o fornecimento de gás e o consequente aumento do uso de usinas termelétricas movidas a óleo combustível. A parada técnica na plataforma envolve investimentos de US$ 300 milhões e mobiliza atualmente mais de 500 pessoas.
Chuvas
Durante a reunião, o ONS destacou que o padrão meteorológico no mês de julho de 2018 foi similar ao observado em junho, quando as frentes frias tiveram sua atuação restrita ao Rio Grande do Sul e a região litorânea dos demais estados da região Sul e Sudeste. A escassez de chuvas resultou na diminuição da Energia Natural Afluente (ENA), que reflete o volume de energia que pode ser produzido de acordo com o regime de chuvas em determinado local.
Com isso, os valores de ENA acumulados em julho foram inferiores à média em todas as bacias hidrográficas do Sistema Interligado Nacional (SIN), com 68% no Sudeste/Centro-Oeste, 56% no Sul, 36% no Nordeste e 76% no Norte.
O CMSE descartou a possibilidade de déficit de energia em 2018. “O risco de qualquer déficit de energia em 2018 é igual a 0,6% para o subsistema Sudeste/Centro-Oeste e 0,0% para o subsistema Nordeste, diz a nota.