Por Olívia Bulla – Dados fracos de atividade na China voltam a espalhar preocupações sobre o crescimento da segunda maior economia do mundo, afetando principalmente os países emergentes. A produção industrial e as vendas no varejo chinês em novembro mostraram renovada fraqueza, impactando o mercado financeiro nesta sexta-feira.
A indústria na China cresceu 5,4% no mês passado em relação a um ano antes, desacelerando-se ante a alta de 5,9% em outubro e também ficando abaixo da previsão de manutenção do ritmo de expansão. Trata-se do menor número do setor industrial chinês desde o início de 2016.
Já o comércio varejista avançou no ritmo mais lento em 15 anos, em 8,1%, também menos que o verificado no mês anterior (+8,6%) e que o esperado (+8,8%). Por sua vez, os investimentos em ativos fixo não rurais tiveram alta de 5,9% no acumulado de janeiro a novembro, acelerando-se em relação ao aumento de 5,7% no período até outubro.
Os números resgataram o temor dos investidores quanto à perda de tração da economia global em 2019, com a guerra comercial prejudicando o desempenho e criando um cenário desafiador para os líderes políticos em Pequim, que se reúnem na próxima semana para definir o tom do ano que vem, em meio às celebrações pelos 40 anos de reforma e abertura da China ao mundo (改革开放).
No Japão, a pesquisa Tankan mostrou que o sentimento econômico entre os grandes fabricantes japoneses ficou inalterado, mas com uma dose extra de cautela sobre as perspectivas dos negócios. Como resultado, as principais bolsas asiáticas fecharam com perdas aceleradas, ao redor de 1,5% em Xangai e em Hong Kong e de 2% em Tóquio.
No Ocidente, os índices futuros das bolsas europeias também estão no vermelho, prejudicadas pelo fim dos estímulos monetários por parte do Banco Central da zona do euro (BCE). Também pesa nos negócios do Velho Continente o terceiro mês seguido de queda das vendas de carros novos, em meio à contração da demanda. Entre as moedas, o dólar mede forças em relação ao euro, a libra e ao iene, o que enfraquece as commodities.
Do outro lado do Atlântico Norte, os índices futuros das bolsas de Nova York exibem perdas, penalizados pela decisão da China de proibir a venda de alguns modelos do iPhone no país. Para a Apple, a proibição irá forçar uma “longa e amarga batalha” de licenciamento de produtos com a Qualcomm.
A notícia resgata a preocupação dos investidores com as questões comerciais, cientes de que mesmo havendo algum progresso entre Washington e Pequim, ainda há um longo caminho a percorrer até uma solução final. Essa percepção, somada aos dados fracos de atividade nas principais economias globais e ao fim dos estímulos por parte dos bancos centrais de países desenvolvidos, reduz o apetite por ativos de risco.
Dados de atividade nos Estados Unidos e na zona do euro também serão conhecidos nesta sexta-feira. Logo cedo, saem os números sobre o desempenho dos setores industrial e de serviços em países europeus e na região da moeda única como um todo em novembro.
Depois, é a vez dos dados do mês passado sobre as vendas no varejo norte-americano (11h30) e sobre a produção da indústria no país (12h15). Às 13h, saem os estoques das empresas nos EUA em outubro. No Brasil, o calendário doméstico traz o primeiro IGP de dezembro, o IGP-10 (8h) e também o desempenho do setor de serviços em outubro (9h).