Cinco dias depois de costurar uma trégua para reduzir as tensões comerciais entre China e Estados Unidos, os dois países estão às voltas com uma nova crise envolvendo política e negócios. O motivo é a informação de que a filha do dono e fundador da gigante de tecnologia Huawei, segunda maior fabricante de smartphones do mundo, foi presa no Canadá, a pedido de autoridades americanas, sob alegação de ter desrespeitado o boicote de negócios com o Irã. Meng Wangzhou é vice-presidente financeira da companhia e foi presa no sábado, mesmo dia em que Donald Trump e Xi Jinping selaram a trégua de 90 dias para a entrada em vigor de tarifas sobre US$ 200 bilhões de produtos chineses.
A prisão reacendeu o receio de recrudescimento da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo e aumentou as preocupações dos investidores, que já acompanhavam desde terça-feira sinais de que a economia americana pode estar caminhando para um desaquecimento mais forte ou até uma recessão.
Nikkei perde 1,9%, Europa cai mais de 2% e Dow, 1,9%
Com isso, as bolsas na Ásia caíram, com o Índice Nikkei perdendo 1,91%, o Hang Seng, de Hong Kong, 2,47% e o Índice da Bolsa de Xangai, 1,68%. As bolsas na Europa abriram em queda, com o Financial Times, de Londes, perdendo 2,5%, o DAX, de Frankfurt, 2,3% e o CAC, de Paris, 2,41%. Por lá, as dificuldades para aprovar o acordo do Brexit para a saída do Reino Unido da União Europeia e as manifestações contra o governo pelo imposto sobre combustíveis na França complicam ainda mais o cenário.
Nos Estados Unidos, o Índice Dow Jones futuro já cai 1,92% e o Standard & Poor’s 500, 1,84%, enquanto o Nasdaq, mais ligado ao setor de tecnologia, perde 2,46%. Ontem, não houve negócios nas bolsas americanas por conta do funeral do ex-presidente Jorge Bush.
Ibovespa resistiu ontem, com volta do estrangeiro
A expectativa é de que o mau humor chegue ao Brasil, onde o Índice Bovespa fechou ontem em alta. Nos minutos finais, segundo o BB Investimentos, o Ibovespa avançou e encerrou aos 89.039 pontos, em alta de 0,47%. Com isso, o índice acumula queda de 0,52% na semana e no mês) e ganhos de 16,54% no ano e 22,74% em 12 meses. O volume, porém, foi baixo, como esperado para um dia sem bolsas americanas, e ficou em R$ 8,2 bilhões, bem abaixo dos R$ 12 bilhões da média do ano.
Já os estrangeiros voltaram ao mercado. No dia 3 de dezembro, o saldo de capital estrangeiro foi positivo em R$ 1,203 bilhão, revertendo a tendência de novembro, quando saíram R$ 3,603 bilhões. Em 2018, o saldo negativo de capital estrangeiro é de R$ 8,7 bilhões.
Dólar fecha em alta com maior saída de divisas em novembro
No dólar, o Banco Central informou que, no mês de novembro, o fluxo cambial fechou com uma saída líquida de dólares de US$ 6,6 bilhões, a maior retirada do país desde dezembro de 2017, quando US$ 9,331 bilhões foram para o exterior. Isso pode ser em boa parte dinheiro da bolsa, como mostra o saldo negativo do mês. O dólar comercial fechou ontem vendido a R$ 3,8670, em alta de 0,31%, acumulando +0,23% na semana (e no mês) +16,65% no ano e +19,54% em 12 meses, segundo o BB Investimentos. O risco medido pelo Credit Default Swap (CDS) Brasil de 5 anos subiu ligeiramente, para 2,11 pontos percentuais acima dos juros americanos, ante 2,10 pontos da véspera.