A Economática fez um estudo com os maiores Fundos de Renda Fixa (Classe Anbima), com mais de 5 mil cotistas, e que tiveram o melhor desempenho em 2018. O estudo mostra que, entre os 20 mais rentáveis, estão carteiras atreladas a papéis do Tesouro Nacional corrigidos pela inflação, as NTN-B, e títulos prefixados, como LTN e NTN-F, que tiveram ganhos elevados no ano passado com a queda das taxas de juros.
A rentabilidade dessas carteiras, porém, pode não se repetir este ano. Para isso, a taxa de juros terá de cair mais ainda, o que dependerá das reformas da Previdência e fiscal. Neste ano, a NTN-B já voltou a cair diante das declarações do governo de que vai se esforçar em aprovar a reforma da Previdência. O juro do papel para 2045 caiu de 5,07% para 4,97% ao ano mais IPCA. Já a LTN prefixada para 2025 reduziu seu juro de 9,17% para 9,05% ao ano. Para esses fundos terem ganhos maiores daqui para frente, é preciso que os juros caiam ainda mais.
Também foram destaque no ano os fundos de crédito privado, voltados para papéis de empresas.
Ganhos das NTN-Bs
As NTN-Bs pagam a variação da inflação medida pelo IPCA mais juros reais prefixados. Quando os juros caem, os papéis antigos no mercado, com juros mais altos, se valorizam. E, no ano passado, o papel com juros no final, a NTN-B Principal com vencimento em 2045, começou pagando 5,56% ao ano mais IPCA e, em dezembro, a taxa caiu para 5,15%. Hoje, o papel paga ainda menos, 4,97%. O ganho do papel em 12 meses é de 17,11%. Já os fundos podem comprar apenas NTN-B com juros semestrais, por isso o ganho máximo foi um pouco menor, de 14,84% no papel para 2050.
O impacto desse ajuste é amplificado pelo prazo desses papéis, que podem ter vencimentos até 2050. Por isso, esses fundos de inflação também têm uma volatilidade maior, oscilando de acordo com os juros, às vezes mais até do que ações. Muitos investidores se assustam e acabam resgatando quando há perdas temporárias, perdendo dinheiro.
Um exemplo dessa estratégia é o fundo BB RF LP Índice de Preço Estilo FICFI, da BB DTVM, que registra o melhor desempenho, com valorização de 11,92% e prêmio acima do CDI (referencial de juros diários dos papéis privados) de 185,64%. A volatilidade do fundo em 2018 é de 5,41%, ou seja, o fundo poderia perder ou ganhar 5,41% no ano. O patrimônio no final do ano de 2018 é de R$ 582,5 milhões. Apesar da rentabilidade maior, o fundo perdeu depósitos no ano, R$ 117,9 milhões, e tem 6.756 cotistas no final de 2018.
Segundo a Economática, a carteira do fundo era composta basicamente por 90,4% de títulos públicos, a maioria atrelada à inflação, e 11,0% de Operações compromissadas que seguem o juro overnight diário; a soma das duas posições supera os 100% porque o fundo tem valores a pagar nessa data.
Entram nessa categoria também os fundos BTG Pactual Tesouro IPCA Curto, que aplica em NTN-B de menor prazo, ou o Uniclass RF Longo Prazo, ou o Itaú RF Juros Reais, o Bradesco RF Títulos do Tesouro, o Itaú RF IMA-B 5 (IMA é um índice que acompanha o rendimento das NTN-B com prazo até 5 anos).
Carteiras de prefixados vão bem
Outra estratégia que se saiu bem em 2018 foi a de prefixados. É o caso do BB RF Pré LP Estilo, que rendeu 9,65% no ano. Assim como as NTN-B, os papéis prefixados do Tesouro, as LTN ou as NTN-F, se valorizam quando as taxas de juros caem. A LTN para 2023, por exemplo, que pagava 9,99% em janeiro de 2018 fechou o ano em 8,63% ao ano.
Mas seu prazo é menor, pelo risco de prefixar uma taxa de juros mais longa, por isso sua oscilação acaba sendo um pouco menor que as das NTN-B. Mesmo assim, foi suficiente para fazer a alegria de vários investidores em fundos como o Itaú RF Pré LP, com 9,62%, o Caixa Absoluto Pré RF, com 9,57% no ano, e o Santander (SA:SANB11) FICFI Pré RF LP, com 8,99%. Todos os fundos com a palavra “pré” no nome devem seguir essa estratégia, de apostar na queda dos juros.
Crédito privado é destaque no ano
Outra estratégia de sucesso no ano passado foi a de crédito privado. Mais arriscada, ela consiste na aplicação em papéis de empresas, privadas ou públicas, que emitem debêntures, notas promissórias ou Certificados de Recebíveis. O risco é de a empresa deixar de pagar, que é maior do que quando o fundo investe em papéis do governo.
Todos os fundos dessa estratégia têm a expressão “crédito privado” ou “crédito corporativo” em seu nome, caso do Sparta Deb Inc Crédito Privado, que acumulou ganho de 9,07% no ano. Ou do BTG Pactual Crédito Corporativo com 7,56% no ano. A lista inclui ainda os fundos do Ca Indosuez, da AF Invest, da Devant e da DLM Invista.
Nenhum fundo de curto prazo indexado
O estudo mostrou ainda que não há fundos indexados de curto prazo, os fundos DI, entre os mais rentáveis do ano. Isso ocorre por conta da queda dos juros da Selic ao longo de 2018 para 6,5% ao ano. Além disso, a maioria desses fundos cobra taxas de administração bastante altas no varejo, que chegam a superar o ganho do investidor. A maioria desses fundos rendeu menos que a poupança no ano.
Itaú com mais fundos
No total, entre os 20 fundos com melhor desempenho da amostra há quatro fundos do Itau Unibanco, seguido pelo BB DTVM com três fundos. Outros três gestores têm 2 fundos e sete têm um único fundo.
Fundos indexados e fundos ativos
Os fundos indexados se comprometem a seguir determinado índice, no caso da renda fixa, os IMAs calculados pela Anbima, e que acompanham os diferentes títulos públicos federais. O IMA-B 5 acompanha as NTN-B de até cinco anos, o IMA-B 5+, as NTN-B de mais de 5 anos, o IRFM os papéis privados e o IMA-Geral todos os papéis públicos do mercado.
Já os demais fundos que não são indexados são ativos, ou seja, buscam superar esses índices. Os de duração longa aplicam em papéis de maior prazo, duração média de médio prazo, duração curta, de curto prazo, e os de duração livre não têm restrições de prazo. Grau de investimento significa que o fundo só pode comprar papéis com baixo risco, privados ou públicos.
Todos os fundos da tabela tiveram desempenho superior ao CDI no ano de 2018.
Por Arena do Pavini