O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, destacou em seu discurso no lançamento da História Contada do Banco Central do Brasil, o resultado da inflação do IPCA do ano passado divulgado hoje pelo IBGE e a expectativa de que ela continuará dentro da meta neste ano também.
Segundo Goldfajn, a inflação no ano passado foi de 3,75%, abaixo da meta de 4,5%, mas ” a inflação corrente e, mais importante, as expectativas de inflação para os próximos anos encontram-se em torno da meta”, afirmou.
“Num regime de metas para a inflação, a confiança de que a política monetária será ajustada quando houver desvios relevantes leva à ancoragem das expectativas de inflação em torno da meta, como é o caso hoje”, disse. “Isso é sinal de credibilidade da política monetária e fruto do resultado do trabalho de todos vocês ao longo de décadas”, afirmou, ao elogiar os colegas que o antecederam no BC.
Goldfajn deixará o BC em março, quando Roberto Campos Neto, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, for sabatinado pelo Senado e poderá assumir o cargo de presidente do BC.
Estabilidade depende de reformas e previsibilidade econômica
Goldfajn lembrou, porém, que a estabilidade da inflação depende das reformas estruturais. Segundo ele, “manter o controle da inflação é um trabalho continuo. Sabemos que a continuidade do processo de reformas e ajustes necessários à economia brasileira é essencial para a manutenção da inflação baixa no médio e longo prazos, para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia. É a manutenção de um ambiente macroeconômico estável e previsível, no médio e longo prazos, que poderá
trazer grandes benefícios para a população”, afirmou.
Projeto de Memória do BC
O presidente do BC destacou também o projeto de memórias do Banco Central. Segundo ele, o projeto anunciado hoje teve início em 1989, quando o BC completou 25 anos de existência. “Naquela ocasião, foi firmado convênio entre o Centro de Pesquisa e Documentação Histórica da Fundação Getulio Vargas – CPDOC e o BCB com o objetivo de resgatar a história desta instituição por meio da publicação de depoimentos de pessoas que
ajudaram a construí-la”, explicou.
Nesse trabalho, em 1989, foram entrevistados Octávio Gouvêa de Bulhões – duas vezes superintendente da Sumoc e ministro da Fazenda quando da criação do BCB; Denio Nogueira – primeiro presidente da instituição; Casemiro Ribeiro – integrante da primeira Diretoria do BCB; Ernane Galvêas e Paulo Lira, respectivamente, terceiro e quarto presidentes do Banco Central; e Alexandre Kafka, representante do Brasil no FMI por 32 anos.
Nos anos seguintes, entre 1990 e 1994, foram, então, publicados os livros de Octávio Gouvêa de Bulhões, Denio Nogueira e Alexandre Kafka. O projeto teve sequência quando, entre dezembro de 1997 e maio de 1999, foram
entrevistados Ruy Leme, Carlos Brandão, Carlos Geraldo Langoni e Antônio Carlos Lemgruber.
Com exceção dos três primeiros volumes, todos os demais depoimentos foram colhidos, mas, por diversas razões, nunca foram editados e publicados, lembrou o presidente do BC. Esse patrimônio histórico do BCB ficou guardado até que, por ocasião das celebrações dos 50 anos do BCB, na gestão de Alexandre Tombini, houve o resgate desse projeto. “E eu tive o privilégio de dar continuidade a essa iniciativa”, afirmou Goldfajn. Assim, entre 2016 e 2017, foram entrevistados os demais presidentes do BCB à exceção de Francisco Gros que, morreu em 2010, antes que pudesse dar seu depoimento.
Agora, em evento no Rio, essas memórias serão lançadas com uma série de três painéis com a participação de treze ex-presidentes do BC e com a moderação da jornalista Cláudia Safatle, do jornal Valor Econômico.