O avanço da Reforma da Previdência no Congresso pode ser iminente, dado o grave quadro das finanças públicas e os esforços do governo Federal para fazer passar um texto com regras novas – e mais duras – para a aposentadoria. Os consultores financeiros são uníssonos na recomendação de se fazer uma reserva financeira particular para o descanso, evitando a dependência exclusiva do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
“Em qualquer cenário, depender apenas do INSS não é recomendável. O ideal é pensar em uma combinação entre a Previdência pública, que é vitalícia, e uma preparação por conta própria, que comece cedo e seja constante ao longo dos anos”, sugere a economista-chefe do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), Marcela Kawauti.
Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo SPC Brasil, em parceria com o Banco Central, mostram que seis em cada dez brasileiros (59%) admitem não se preparar para a hora de se aposentar, enquanto apenas 41% têm se preocupado em guardar dinheiro para essa fase da vida – percentual que chega a 55% nas classes A e B.
Uma das primeiras alternativas que surgem no radar de quem planeja uma reserva para o futuro são os Planos de Previdência Privada. O levantamento do SPC identificou que, entre as pessoas que guardam dinheiro para a aposentadoria, 20% recorrem à Previdência Complementar, enquanto os demais mencionam outros ativos financeiros, como ações, títulos ou fundos.
“A reserva financeira precisa ser planejada e ser um hábito mensal. O importante é definir um valor, fazer as contas e ver se a quantia economizada será suficiente para atingir o valor da aposentadoria pretendido pela pessoa no futuro”, sugere o consultor financeiro José Vignoli, do portal Meu Bolso Feliz.
Uma das vantagens da Previdência Privada oferecida por bancos é que é possível escolher o valor da contribuição e a periodicidade em que ela será feita, o que facilita a vida do poupador. As opções de débito automático ou pagamento por boleto oferecidas pela maior parte desses planos possibilitam uma regularidade que nem sempre a aplicação por conta própria oferece. Também há vantagem tributária: nos planos PGBL, pode-se deduzir o valor das contribuições da sua base de cálculo do Imposto de Renda, com limite de 12% da renda bruta anual. Para quem faz declaração simplificada ou não é tributado na fonte, como autônomos, o VGBL é ideal, pois ocorre apenas sobre o ganho de capital.
“Para quem pensa em contratar para se beneficiar de uma renda extra, os planos de previdência privada podem ser interessantes. Principalmente se você não tiver disciplina para administrar, por conta própria, sua previdência privada”, indica o consultor financeiro Rafael Seabra.
Por outro lado, este investimento carrega algumas desvantagens, como taxas de administração dos fundos elevadas – podem passar de 2% ao ano, o que corrói boa parte do ganho, uma vez que as economias crescem muito próximas à Taxa Básica de Juros (Selic). Além disso, alguns planos ainda cobram taxas de carregamento ou de saída quando o investidor decide resgatar o dinheiro antes de um determinado período pré-acordado. A baixa rentabilidade também é criticada por muitos economistas, que indicam aportes em títulos do Tesouro Direto como mais vantajosos ao bolso do que a maior parte dos Planos de Previdência Privada.
Destaques:
→ Entre os brasileiros que poupam para aposentadoria, 69% guardam dinheiro mensalmente, 18% a cada dois ou três meses e 5% aproximadamente três vezes ao ano. 6% não têm frequência certa.
→ Em média, o valor depositado é de R$ 371,38 por vez.
→ O valor médio total aplicado e destinado a aposentadoria é de R$ 20.726,76.