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Mercado monitora Petrobras à espera de alta no diesel após governo prometer autonomia

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Promessas do presidente Jair Bolsonaro e ministros de que a Petrobras (BOV:PETR4) terá autonomia para definir seus preços deixaram analistas de mercado atentos a cada movimento da petroleira estatal, sob expectativa de que ela possa anunciar a qualquer momento uma alta nas cotações do diesel, combustível mais utilizado no Brasil.

As apostas nesse sentido vêm depois de a empresa cancelar uma elevação de 5,7% no diesel na semana passada, após ligação de Bolsonaro para o presidente da petroleira, Roberto Castello Branco, alegando temores de uma possível greve de caminhoneiros.

O recuo no reajuste fez as ações da companhia tombarem 8,5% na sexta-feira, em meio a preocupações de que o governo possa interferir na gestão e na política de preços da empresa, possibilidade negada por diversas autoridades na terça-feira.

Após reunião com o presidente, o ministro da Economia, Paulo Guedes, garantiu na noite de terça-feira que a Petrobras é independente e afirmou que Bolsonaro deixou claro ter entendido que seria fora de propósito manipular os preços da estatal.

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O movimento do governo para aliviar preocupações foi visto como positivo pelo mercado, mas diversos analistas apontaram que os parâmetros que guiam a política da Petrobras indicam necessidade de reajuste no diesel, que está congelado nas refinarias desde 22 de março.

“A bola está agora com a Petrobras para anunciar o reajuste do preço do diesel o quanto antes, enquanto o governo também espera que as medidas de infraestrutura já anunciadas aliviem as preocupações dos caminhoneiros brasileiros”, escreveram analistas do Bradesco BBI.

“Consideramos as declarações… como positivas, mas observamos que nenhum aumento de preço foi anunciado até agora. Vamos acompanhar o fluxo de notícias para ver como a Petrobras ajustará seus preços nos próximos dias”, afirmou relatório do Itaú BBA.

Já analistas do UBS foram na mesma linha, ao dizer que a empresa “terá o benefício da dúvida”, embora o mercado esteja de olho no câmbio e no preço do petróleo, utilizados pela estatal para dosar seus reajustes.

“Nós ficamos mais positivos quanto à visão do governo de não interferir na política de preços da Petrobras, mas ficaremos mais confiantes quando virmos alguma ação”, escreveram.

Em 22 de março, quando a Petrobras alterou pela última vez os preços do diesel, o barril do Brent estava cotado em US$ 67, contra cerca de US$ 72 nesta quarta-feira. Já o câmbio passou de R$ 3,90 por dólar para R$ 3,94 por dólar no período.

“Nós estimamos que os preços domésticos do diesel estão agora 6% abaixo da paridade internacional, e os preços nas refinarias mantiveram-se inalterados por 27 dias”, escreveram analistas do BTG Pactual nesta quarta-feira.

As ações preferenciais da Petrobras recuavam 1,2%, às 13h14 desta quarta-feira, enquanto as ordinárias perdiam 1,4%.

Desde a última quinta-feira, antes de a companhia cancelar o reajuste, as preferenciais acumulam perda de cerca de 6%.

Longo Prazo

Uma solução de longo prazo para os impactos da disputa em torno do diesel sobre a Petrobras seria a venda das refinarias da empresa, que criaria um mercado competitivo no país, defenderam os analistas do Bradesco BBI.

A tese é defendida pelo CEO da estatal, Roberto Castello Branco, que tem defendido um plano de desinvestimento ousado para as refinarias.

No fim de fevereiro, o executivo anunciou que poderia ter um novo plano para o desinvestimentos nesses ativos em três meses. Na ocasião, ele disse que gostaria de ter menos de 50% da capacidade de refino no Brasil, embora não tenha traçado uma meta formal.

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