Os títulos do governo vendidos pelo Tesouro Direto prefixados ou corrigidos pela inflação apresentam fortes perdas nos últimos 30 dias encerrados em 20 de março por conta da crise do coronavírus. O motivo é que, na turbulência, os juros desses papéis sobem e os preços dos papéis antigos no mercado caem para se ajustar ao novo cenário. Mas essa oscilação, que ocorre diariamente, só influencia o rendimento dos investidores que tiverem de vender o papel agora. Quem vai ficar com o título até o vencimento receberá exatamente a remuneração acertada na aplicação. Portanto, o investidor não deve se assustar com a oscilação nos últimos 30 dias, que chega a -34,23% na NTN-B com juros pagos no final, ou Tesouro IPCA+, com vencimento em 2045. Apesar da perda no valor de face, o papel continua pagando os mesmos juros mensais mais o IPCA para quem ficar com o título. O mesmo vale para a NTN-B 2035, cujo preço no mercado está 22,15% menor que há 30 dias.
Juros subiram
Essa queda no valor do papel reflete a alta dos juros pagos para quem comprar o título agora. Tanto remuneração da NTN-B para 2035 quanto a da para 2045 passaram de juros reais de 3,24% ao ano mais IPCA em 21 de fevereiro para 4,64% em 20 de março, um salto de 1,4 ponto percentual ao ano no rendimento para os próximos 15 anos e 25 anos, respectivamente. O mesmo efeito ocorre com os títulos prefixados, mas a perda é menor porque o prazo é menor também e o efeito do ajuste dos juros é menor. A LTN, ou Tesouro Prefixado para 2026, teve uma queda de preço de 9,56% em 30 dias.
O único papel que não tem perdas com essa oscilação é a LTF, ou o Tesouro Selic, pois seu juro não é fixo. Ele é calculado a cada dia pela variação do overnight. Ela é usada também nos fundos DI. Seu ganho, porém, deve cair este ano com a decisão do Banco Central de cortar os juros básicos para 3,75% ao ano.
Fundos mostrarão perdas nas cotas
A queda dos preços dos títulos vai ser registrada nos fundos de renda fixa, especialmente os de inflação, que aplicam em NTN-B de prazo mais longo. Mas, assim como com os títulos comprados diretamente, a perda só valerá para quem sacar os recursos. Por isso, é importante que o investidor só aplique nesses papéis o dinheiro que pode ficar por muito tempo. Caso a crise diminua, os juros tendem a cair e os preços desses papéis devem se recuperar. Mas antes disso eles podem cair mais.
Títulos | Vencimento | 30 dias | Fevereiro | No ano | 12 meses |
Prefixado | 01/01/2021 | 0,45 | 0,35 | 1,39 | 9,28 |
Prefixado | 01/01/2022 | -1,05 | 0,59 | 0,79 | 11,25 |
Prefixado | 01/01/2023 | -3,47 | 0,41 | -1,13 | 11,51 |
Prefixado | 01/01/2025 | -7,26 | -0,21 | -4,31 | 12,02 |
Prefixado | 01/01/2026 | -9,56 | – | – | – |
Pré juro semestral | 01/01/2021 | 0,36 | 0,36 | 1,28 | 8,82 |
Pré juro semestral | 01/01/2023 | -3,32 | 0,43 | -1,17 | 10,29 |
Pré juro semestral | 01/01/2025 | -6,54 | -0,03 | -3,92 | 10,24 |
Pré juro semestral | 01/01/2027 | -9,12 | -0,58 | -6,27 | 10,18 |
Pré juro semestral | 01/01/2029 | -11,8 | -0,89 | -9,16 | 8,77 |
Pré juro semestral | 01/01/2031 | -15,99 | – | – | – |
Tesouro Selic | 01/03/2021 | 0,29 | 0,28 | 0,89 | 5,49 |
Tesouro Selic | 01/03/2023 | 0,25 | 0,23 | 0,85 | 5,46 |
Tesouro Selic | 01/03/2025 | 0,21 | 0,25 | 0,82 | 5,43 |
IPCA+ | 15/08/2024 | -6,24 | -0,13 | -4,37 | 8,77 |
IPCA+ | 15/08/2026 | -9,19 | – | – | – |
IPCA+ | 15/05/2035 | -22,15 | -1,7 | -18,94 | -1,26 |
IPCA+ | 15/05/2045 | -34,23 | -3,02 | -30,25 | -7,19 |
IPCA+ juro sem. | 15/08/2020 | -1,07 | 0,23 | -0,86 | 5,53 |
IPCA+ juro sem. | 15/08/2024 | -5,59 | -0,05 | -3,74 | 8,47 |
IPCA+ juro sem. | 15/08/2026 | -7,82 | -0,35 | -5,31 | 7,39 |
IPCA+juro sem. | 15/08/2030 | -11,62 | – | – | – |
IPCA+juro sem. | 15/05/2035 | -15,45 | -1,13 | -12,59 | 3,03 |
IPCA+juro sem. | 15/08/2040 | -17,89 | – | – | – |
IPCA+juro sem. | 15/05/2045 | -19,48 | -2,38 | -16,65 | 1,11 |
IPCA+juro sem. | 15/08/2050 | -21,31 | -2,66 | -18,03 | 0,54 |
IPCA+juro sem. | 15/05/2055 | -22,51 | – | – | – |