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Cosan (CSAN3) tem queda anual de 50% nas vendas de gasolina e etanol, e 25% no diesel entre março e abril; Usinas do setor em modo sobrevivência

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O grupo Cosan (BOV:CSAN3) informou na noite desta quinta-feira (16) de forma preliminar os efeitos causados pela covid-19 no setor, principalmente nas empresas controladas pelo grupo – Raízen Combustíveis, Raízen Energia, Comgás, Moove e Rumo.

O fundador da Cosan, Rubens Ometto, diz que o consumo de combustíveis no país caiu 50% num primeiro momento da crise da covid-19, mas já está se recuperando. A companhia é sócia da Shell na Raízen Combustíveis, cujas operações já retomaram o nível de capacidade de 70%.

Empresas do grupo negociados na bolsa: (BOV:CGAS5), (BOV:RAIL3) e a ADR (NYSE:CZZ).

Na Comgás, distribuidora de gás natural em São Paulo da Cosan, a queda no consumo ficou em 10% a 15%, sobretudo nos segmentos industrial e de serviços, incluindo comércio. “É uma queda, mas nada significativo. A Comgás continua trabalhando muito bem”, afirmou.

No negócio de lubrificantes do grupo, porém, o impacto foi mais significativo. Conforme Ometto, houve queda de 50% na demanda e ainda não há recuperação.

Na Rumo, empresa de logística do grupo, praticamente não houve impacto negativo da pandemia. A companhia atua principalmente na movimentação de grãos e fertilizantes e tem operado com toda a sua capacidade.

Confira os impactos por empresa:

Raízen Combustíveis: As vendas de combustíveis apresentaram contração, tendo chegado a 50% no ciclo otto (Gasolina e Etanol) e 25% no Diesel. Já no segmento de Aviação, a demanda segue impactada pela redução das malhas operadas por seus principais clientes, chegando a cair até 80%.

Raízen Energia: A demanda por Etanol tem apresentado uma redução em linha com a menor demanda por combustíveis. No Açúcar, as vendas já haviam sido contratadas para a safra 2020/21 que acaba de iniciar, não tendo apresentando impactos relevantes na sua programação de comercialização.

Comgás: A demanda por gás natural no segmento Industrial já sofreu redução de até 40%, concentrada em alguns setores da indústria que suspenderam ou reduziram suas atividades. No segmento Comercial, a demanda vem apresentando retração de até 60%, enquanto no segmento Residencial observa-se expansão da demanda em cerca de 10% em função da restrição na circulação dos indivíduos.

Moove: A demanda por Lubrificantes vem apresentando redução média de cerca de 50% nas últimas semanas, no Brasil e nos demais países de atuação.

Queda na demanda por etanol coloca usinas do país em ‘modo de sobrevivência’

As empresas brasileiras de açúcar e etanol afirmam que estão entrando em “modo de sobrevivência”, reduzindo as operações de colheita e buscando linhas de crédito para resistir à queda na demanda de combustível causada pela pandemia de coronavírus.

As restrições governamentais ao movimento e às empresas para conter a propagação do vírus têm prejudicado a demanda global. No Brasil, onde a maioria dos carros pode rodar com gasolina ou etanol, o setor foi atingido fortemente.

O país é o segundo produtor mundial de etanol atrás dos Estados Unidos, com produção de 35 bilhões de litros no ano passado.

“As vendas de etanol na região centro-sul do Brasil caíram 20% na segunda quinzena de março, segundo a associação da indústria Unica.”

Dada a crise, algumas empresas decidiram atrasar as operações de colheita.

Outros estão correndo para expandir a capacidade de armazenamento de etanol, à medida que as usinas buscam linhas de crédito adicionais e mais caras e reduzem alguns cuidados com o canavial, o que pode prejudicar a produção de cana do próximo ano.

“Esperamos vender apenas 30% ou 40% do volume normal em abril, e talvez 60% do normal em maio”, disse Fabio Montechi, diretor financeiro da Santa Isabel, empresa com duas usinas no estado de São Paulo que moem cerca de 6 milhões de toneladas de cana por ano.

A companhia está construindo um tanque adicional para armazenar etanol e está montando uma linha de crédito rotativo.

O Itaú BBA, banco de investimento controlado pelo maior banco privado brasileiro, o Itaú Unibanco, estima que até 30% das empresas brasileiras de açúcar e etanol estão com dificuldades financeiras e podem ter que parar as operações.

“Todos os anos, essas usinas com condições de capital difíceis produzem mais etanol no início da colheita, para vender o combustível e levantar dinheiro para pagar os custos da colheita”, disse Pedro Fernandes, diretor de agronegócios do Itaú BBA, acrescentando que a queda na demanda por etanol dificultaria esse modelo de negócio.

Os preços do etanol hidratado caíram 31% este ano em São Paulo, segundo o centro de pesquisas Cepea/Esalq, tendo caído de R$ 2,04 por litro para R$ 1,39 por litro.

Os preços do açúcar atingiram uma mínima de 1 ano e meio esta semana, à medida que as usinas brasileiras se preparam para produzir mais açúcar , impulsionando essa oferta.

Fluxo de caixa

Mesmo antes da crise do coronavírus, algumas usinas de açúcar brasileiras ainda lutavam para se recuperar de um longo período de preços subsidiados da gasolina entre 2012 e 2016, quando o governo tentou controlar a inflação.

Mais de 80 usinas pediram proteção contra falência durante ou logo após esse período.

A fábrica de Itajobi, no Estado de São Paulo, é uma das que estão com problemas financeiros.

O diretor do Itajobi, Henrique Dalkirane, disse que a unidade começou a esmagamento de cana no final do mês passado. A usina deve moer 2 milhões de toneladas de cana nesta temporada, mas está lutando para pagar as contas, disse ele.

“É um golpe direto para o fluxo de caixa”, disse Dalkirane, acrescentando que para cada queda de 10 centavos no preço do etanol, as receitas anuais caem 10 milhões de reais.

Recentemente, a empresa reestruturou sua dívida para estender os vencimentos para o pagamento.

Agora, disse Dalkirane, a usina pode parar a colheita e qualquer pagamento de serviço de dívida é improvável neste ano.

Grupos maiores como Raízen, São Martinho e Bunge BP Bioenergia provavelmente resistirão às quedas, fazendo o máximo de açúcar possível e estocando etanol para vendas posteriores, disse Fabio Meneghin, analista de etanol da Agroconsult.

Mas isso não é uma opção para todos. Fernando Perri, diretor do Grupo Farias, que tem cinco usinas de etanol no Brasil, disse que sua empresa está adiando a colheita por pelo menos um mês para ver se os preços melhoram, em vez de produzir etanol que não é vendido.

“Corremos o risco de acabar deixando a cana no campo, mas acho que é melhor do que rodar a usina apenas para encher tanques de etanol”, disse ele.

 (Com informações do G1)

 

 

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