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Entenda até quando a Bolsa deve ‘precificar’ o coronavírus

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O ano de 2020 ficará marcado para sempre pelo coronavírus. A pandemia tomou conta da agenda mundial, com seus desdobramentos humanos dramáticos, e colocou as economias em transe. Enquanto não se sabe qual será a duração da quarentena, o mercado financeiro tem que navegar em uma Bolsa cujo ritmo passou a ser ditado pelo próprio vírus. E nem teria como ser diferente.

“A Bolsa sempre antecipa e precifica fatos. Quando começou a perceber a gravidade do coronavírus, a B3 passou a cair”, diz José Francisco Cataldo, superintendente de research da Ágora Investimentos. “O que o mercado vai antecipando, e por enquanto sem tanta clareza, é que a normalização da atividade econômica será demorada.”

Nesse mar de incerteza, a bússola acaba sendo o próprio gráfico de evolução da pandemia, com dados sobre novos casos e novos óbitos. Hoje, esse gráfico diz mais para o mercado financeiro do que o próprio Ibovespa.

Luís Sales, analista da Guide Investimentos, acredita que só será possível definir um prazo mais claro para a reabertura da economia quando as curvas de novos infectados e de mortalidade da covid-19 começarem a se achatar. “Já vimos isso acontecer na China, e agora a Europa também esboça os primeiros parâmetros de uma reabertura.”

A definição sobre a data de retomada das atividades é crucial, porque uma paralisação forçada que se prolonga por meses a fio começa a asfixiar as empresas. Mas nem todas sentirão os efeitos da quarentena da mesma maneira.

Para Luiz Fernando Missagia, gestor de renda variável da ACE Capital, o fluxo de caixa da maioria delas já será seriamente afetado neste ano se a crise de prolongar. Mas ele pondera que o impacto vai variar em cada setor econômico e dependerá da condição financeira de cada uma.

Em um cenário otimista, se o vírus for controlado em até um mês, muitas podem passar quase ilesas pela crise, na visão de Missagia. “Com o isolamento afrouxado, o impacto nas empresas será de um ou dois meses, o que em termos de valuation é muito pouco.”

O mercado tenta estimar prazos prováveis para o fim da pandemia e mensurar os efeitos da paralisação na economia. Mas é muito difícil fazer projeções confiáveis. Isso traz outro problema: um aumento da volatilidade no cenário.

“Você pode sair machucado (com perdas) de uma operação correta, com bom fundamento, que empurrou você para fora”, explica Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos. “Vamos supor que concluímos que o PIB vai crescer e compramos ações. Aí amanhã sai uma má notícia da covid-19 ou do cenário político e a Bolsa cai 5%. Depois outra novidade ruim e perda de mais 5%. Nisso, já perdemos 10%, e saímos no prejuízo. Bolsa é ativo de risco, mas hoje o risco e a chance de prejuízo estão muito maiores.”

Nessa gangorra, pesquisas sobre vacinas e tratamentos e a variação na taxa de ocupação de leitos das UTIs são notícias que impactam o mercado, trazendo ora preocupações, ora esperança.

“O papel do jornalismo neste momento da economia é fundamental, porque está todo mundo atrás das informações que vão ditar os rumos e dar um norte para o fim da pandemia”, observa Sanchez.

Quando o coronavírus sairá do preço?

Com base nas informações de que dispõem no momento, empresas e agentes do mercado financeiro formulam suas próprias hipóteses e fazem cálculos para o fim da crise, projetando cenários diferentes. E toda essa especulação em torno do coronavírus se reflete nos preços praticados.

“Se houvesse um cenário único, não sairia negócio. Só sai negócio porque existe uma diferença de cenários entre as partes”, diz o economista da Ativa. “Já tem muita coisa (do coronavírus) no preço. O difícil é dizer se já foi o que tinha que ser, se foi demais, se ainda falta. Na hora em que o cenário se unificar, com uma definição, uma vacina, o ‘corona’ sai do preço. Até lá, o grau de incerteza será grande”, conclui.

Outro reflexo relevante da pandemia, e que ainda é uma incógnita no horizonte, diz respeito à confiança do consumidor após o fim da quarentena. “Não se sabe se o consumo voltará aos níveis de janeiro, o que permitiria às empresas manter os planos de crescimento originais”, diz Missagia. “Quanto mais longa a quarentena, mais o consumidor tende a mudar seus hábitos de consumo.”

Não se pode desprezar, ainda, o risco-país causado pelo momento político delicado do Brasil. A má interlocução do governo Bolsonaro com o Legislativo e os Estados atrasa a retomada da economia. E um possível afrouxamento fiscal pode piorar o cenário.

“O Brasil é um país pobre que está fazendo um programa social em um momento em que a trajetória de dívida estava decrescente. O sinal inverteu e agora ele vai se endividar para cobrir os gastos sociais da quarentena”, diz o gestor de renda variável da ACE. “O aumento de risco levará a altas nos juros e no dólar, fuga de capitais, talvez comece um cenário de aumento de impostos para cobrir o déficit gerado pela pandemia.”

Apostas para a retomada miram final do primeiro semestre

As fontes ouvidas pela reportagem do E-Investidor se dividem entre cenários mais e menos otimistas para a retomada da atividade econômica. Mas a maioria acredita que esse movimento se dará ao longo dos próximos dois meses.

“O governador de São Paulo João Doria sinalizou a reabertura do comércio para 11 de maio. Esse é o cenário base com que trabalhamos, já que São Paulo é a principal economia do País e os demais Estados devem acompanhar”, diz Luis Sales, da Guide. “A reabertura deve começar em maio e se estender até o final de junho, em setores mais lentos, como a aviação.”

Rafael Panonko, chefe de análises da Toro Investimentos, aposta que produção e comércio já voltarão à ativa no próximo mês. “Maio será um mês importante para começar uma diminuição gradual do isolamento, continuando em junho, para em julho termos uma volta à normalidade. Se o isolamento avançar sobre junho, os impactos ficam bem mais graves. As empresas não aguentam sobreviver fechadas por um tempo superior”, pondera.

Étore Sanchez também desenha um cenário em que a economia começa a reabrir na virada de maio para junho. Nesse caso, ela projeta uma queda de 2,75% do PIB para 2020. Mas ressalva que uma reabertura precoce pode ter consequências ainda piores.

“O problema de encerrar a quarentena antes da hora, sem um resultado efetivo, é termos uma recuperação em “W” e sermos obrigados a fazer uma segunda quarentena, e termos uma queda de 8% do PIB. O controle da doença ainda está muito incerto”, avisa o economista-chefe da Ativa.

 

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