A Marfrig (BOV:MRFG3) divulgou lucro líquido ajustado no 1T20 de R$ 32 milhões. Esse valor corresponde a alta de 643% em relação ao 1T19, quando o lucro ficou em R$ 4 milhões. O Ebitda ajustado atingiu R$ 1,2 bilhão, crescimento de 114%. A margem Ebitda ajustada aumentou 3,4 pontos, para 9,1%.
“No 1T20, o resultado líquido das operações continuadas foi fortemente impactado pelas despesa de variação cambial de R$ 632 milhões, todavia foi positivo em R$ 32 milhões quando ajustado das despesas não recorrente de R$ 169 milhões do efeito não caixa da baixa dos custos de emissão amortizados acumulados das Notas Sênior com vencimento em 2023 recompradas em janeiro”, afirmou a Marfrig em comunicado.
Sob o ponto de vista operacional, a Marfrig reportou um desempenho recorde. No primeiro trimestre, a receita líquida somou R$ 13,5 bilhões, crescimento de 33,9% na comparação com o 1T19.
Apesar do desempenho operacional recorde nos EUA e na América do Sul, a Marfrig Global Foods foi prejudicada pelo efeito negativo – embora sem efeito no caixa – da valorização do dólar sobre a dívida em moeda estrangeira. Assim como outras companhias brasileiras, como JBS e Suzano, o câmbio levou a empresa de carne bovina a encerrar o primeiro trimestre no vermelho.
No entanto, o resultado da operação continuada foi um prejuízo líquido (atribuído aos sócios da controladora) de R$ 136,9 milhões no primeiro trimestre.
O fluxo de caixa da companhia ficou negativo em R$ 1,4 bilhão, o que também ajudou a aumentar a dívida. No fim de março, a dívida líquida da Marfrig somava US$ 3,7 bilhões ou R$ 19,4 bilhões, aumento de 13% em dólar e de 45,7% em reais. A valorização do dólar teve um impacto de R$ 4,2 bilhões na dívida no período.
O índice de alavancagem em dólar atingiu 2,84 vezes, aumento de 0,14 vez ante de dezembro. Em reais, esse indicador subiu 0,79 vezes, a 3,56. Como a maior parte da receita (cerca de 90%) e do Ebitda (mais de 70%) é gerada em dólar, o executivo sustenta que o índice na moeda americana é a melhor métrica para avaliar o endividamento no grupo.
Principal operação da Marfrig, a americana National Beef teve receita de US$ 2,2 bilhões (R$ 9,7 bilhões), incremento de 7,5% em dólares. Na operação sul-americana, as vendas líquidas cresceram 26,1%, totalizando R$ 3,7 bilhões.
Visão do mercado
Credit Suisse
Os analistas Victor Saraigiotto e Felipe Vieira disseram que os resultados do 1T20 “foram de saltar os olhos”.
“Lembramos aos investidores que o período é sazonalmente tímido na frente operacional, mas este trimestre foi claramente uma exceção, dadas as máximas recordes (para o trimestre) das margens Ebitda de 8% e 12,3% para National Beef e América do Sul, respectivamente”, explicam.
XP Investimentos
De acordo com a XP Investimentos, a Marfrig apresentou fortes resultados, com o Ebitda ajustado 10% acima da expectativa, enquanto a margem Ebitda ajustada ficou acima em 8%, principalmente devido a: (i) forte demanda nos EUA; (ii) preços mais altos e fortes exportações, especialmente para a China; (iii) ganhos de eficiência operacional e reduções de custo na América do Sul e (iv) depreciação cambial.
A XP aumentou o preço-alvo da ação de R$ 13 para R$ 18 ao atualizar o modelo com os números do primeiro trimestre, que vieram acima do esperado, além de incorporar o modelo macroeconômico com a visão de um real particularmente mais fraco frente ao dólar.
Bradesco BBI
O Bradesco BBI destacou que a Marfrig deve continuar a colher benefícios pelo crescimento das exportações, em especial para a China. “Para 2020, acreditamos que a Marfrig tem espaço para expandir ainda mais suas exportações, uma vez que a produção de carne suína na China deverá cair 20%”, avaliaram.