A Petrobras decidiu manter cerca da metade de sua equipe administrativa trabalhando em casa permanentemente, disse a empresa à Reuters, em um dos exemplos mais fortes até agora de como a pandemia fez empresas repensarem o conceito de escritório.
A experiência se mostrou bem sucedida em termos de produtividade e revelou oportunidades para economia de custos com espaço de escritório, disse a empresa em resposta a questionamentos.
O modelo a ser oferecido a funcionários está em discussão, assim como sua data de implementação.
A estatal está entre as primeiras empresas de energia a planejar uma migração ampla e permanente para o trabalho remoto.
Produtoras como Exxon Mobil, Royal Dutch Shell e BP estenderam seus períodos de trabalho em casa para a maioria dos funcionários de escritório enquanto a pandemia durar, mas não anunciaram grandes mudanças em caráter permanente.
Empresas de tecnologia como o Twitter tomaram a dianteira em anunciar a adoção do trabalho remoto permanente no pós-pandemia, em uma transformação que está se espalhando para diferentes setores, com empresas buscando reduções de custos, flexibilidade para seus funcionários, ou ambos.
O programa da Petrobras no momento não contempla pessoal operacional, como técnicos de plataformas e de refinaria.
A companhia disse que a migração para trabalho remoto será opcional, com meta de atingir mais de 10 mil funcionários da área administrativa.
A Petrobras espera alta adesão devido à demanda dos próprios trabalhadores.
Por enquanto, a estatal manterá a equipe em número mínimo para conter a propagação do vírus.
A Petrobras já discutiu com gerentes a possibilidade de retorno parcial de funcionários aos escritórios. Mas ainda não há data prevista para retornar à sede, disse a empresa.
ROTAÇÃO
Trabalhadores de pelo menos dois departamentos estão discutindo um possível sistema de rotação entre os funcionários, no qual eles passam uma semana no escritório e uma semana em casa.
A Petrobras disse que rotação de funcionários está entre as opções estudadas para um retorno gradual.
Embora a decisão esteja tomada, a empresa ainda estuda diferentes modelos para mover quase um quinto de seus 46,4 mil funcionários para o trabalho remoto.
A ideia já foi ventilada também na subsidiária de transporte Transpetro. A medida deve ser aplicada prioritariamente operações da Petrobras no Brasil, já que boa parte do efetivo no exterior é operacional.
Uma das possibilidades na mesa seria a criação de escritórios inteligentes, ou “smart offices”, com mesas compartilhadas e salas de reunião que seriam reservadas por empregados para uso temporário, por demanda.
Desta forma, funcionários que optarem por trabalhar de casa poderiam ir ao escritório esporadicamente de acordo com sua necessidade, sem ociosidade do espaço de trabalho.
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, está em uma cruzada para reduzir custos desde que assumiu o cargo em janeiro de 2019.
No ano passado, ele anunciou um plano de corte de custos de 8,1 bilhões de dólares até 2023, incluindo programas de demissão e redução de espaço de escritório.
Desde então, ele decidiu diminuir o número de representações no exterior de 18 para cinco, encerrando escritórios em Nova York, Cidade do México, Líbia, Angola, Nigéria, Tanzânia, Irã e Tóquio, entre outros.
Em Houston, a empresa manteve operação, mas reduziu o espaço de seis para um andar de um prédio corporativo.
Em 2013, antes da crise gerada pela queda do preço do petróleo no mercado internacional e pela Lava Jato, a Petrobras tinha diversos prédios no centro do Rio, próprios e alugados, para acomodar um efetivo duas vezes maior do que o atual.
Recentemente, a estatal tem desocupado prédios inteiros para se concentrar em seu icônico edifício-sede, conhecido como Edise, onde o custo por mesa de trabalho é menor.
Em reação à queda dos preços do petróleo, a empresa rapidamente cortou o valor de seus ativos para refletir uma expectativa mais baixa do valor da commodity no longo prazo, um movimento seguido pela BP nesta semana.