A administradora de shoppings Aliansce Sonae encerrou o segundo trimestre com lucro atribuível aos acionistas controladores de R$ 35,7 milhões, um recuo de 4,2% em relação aos R$ 37,3 milhões registrados no mesmo período de 2019. Considerando os resultados a acionistas não controladores, o lucro líquido da companhia somou R$ 45,2 milhões, alta de 14%.
A receita líquida avançou 29,2%, para R$ 172,3 milhões, com a receita bruta de aluguel e serviços avançando 24,6%, para R$ 181,3 milhões. Com isto, o lucro bruto somou R$ 116 milhões, alta de 15%. As despesas operacionais subiram 2,5 vezes, para R$ 44 milhões, com as despesas gerais e administrativas subindo de R$ 23,8 milhões para R$ 43,8 milhões. A despesa financeira líquida recuou 55%, para R$ 15 milhões.
A empresa informou que as vendas totais foram de R$ 558 milhões, o que representa 15,2% das vendas do segundo trimestre de 2019, com os shoppings operando, em média, 11% das horas normais.
A taxa de ocupação foi de 95,2%, uma redução de 0,54 ponto percentual (p.p.) em comparação ao primeiro trimestre. “Mesmo em meio ao cenário de crise, até a data de divulgação deste relatório, a companhia não recebeu volume relevante de solicitações de saída de lojistas e registrou impacto em vacância menor do que 1 p.p., como estimado no relatório de resultados do primeiro trimestre”, diz trecho do relatório.
A taxa de inadimplência do portfólio atingiu 8,7%, comparado a 1,3% no mesmo período de 2019. Segundo a companhia, a inadimplência líquida do segundo trimestre foi negativamente afetada pelos efeitos da crise econômica gerada pela covid-19.
O custo de ocupação sobre vendas do portfólio atingiu 10,2%, abaixo dos 10,4% do segundo trimestre do ano passado. De acordo com a companhia, apesar da queda de vendas em função do fechamento temporário dos shoppings, os descontos concedidos em aluguel e a redução dos encargos condominiais equilibrou o custo de ocupação no período.
Teleconferência
O comando da empresa de shopping centers Aliansce Sonae disse nesta quinta-feira, em teleconferência com analistas, que tem verificado uma demanda mais forte em locais de baixa renda, o que pode ser efeito do “coronavoucher”, referindo-se ao auxílio emergencial liberado pelo governo federal às famílias de mais baixa renda. A última parcela do benefício, considerando todas as categorias, termina em dezembro. A empresa publicou resultados do segundo trimestre na noite de ontem.
“Essa demanda pode acabar vindo mais forte por causa da existência de um consumo reprimido ou pela extensão do ‘coronavoucher’ [no resto do ano], é difícil saber com precisão. Mas vemos que a demanda é mais forte em locais de renda média menor”, disse o presidente da companhia, Rafael Sales.
Há algumas semanas, varejistas e empresas de shoppings que atuam mais nas classes B e C dizem que vendas em áreas de renda média menor têm crescido de forma mais acelerada que as regiões de alta renda, apesar de economistas afirmarem que lojas e shoppings “premium” seriam mais resilientes à crise. A dúvida dos analistas é saber como o fim dos benefícios sociais acabará afetando negativamente o consumo no ano que vem.
A Aliansce Sonae disse que, considerando todas as incertezas no setor, se preparou para aumento de vacância daqui para frente. E também elevou provisão por conta das postergações de pagamentos. A provisão passou de R$ 5 milhões de abril a junho de 2019 para R$ 18,3 milhões neste ano. “Temos uma lista de potenciais novos lojistas para os nossos shoppings”, disse Sales.
Segundo a direção, os descontos para lojistas em aluguel e condomínio após reabertura das lojas estão sendo avaliados caso a caso. Após maio, descontos em condomínio foram de 50% de forma geral, disse hoje a companhia, mas, desde a retomada no funcionamento dos shopping centers, as empresas passaram a negociar condomínio e aluguel de forma individual. Também foi dada isenção em aluguel em abril e maio, período de shoppings fechados em quase todas as regiões do país.
A inadimplência líquida de lojistas foi a 8,7% de abril a junho, versus 1,3% um ano antes. A taxa de ocupação da companhia foi de 95,2% de abril a junho, queda de 0,6 ponto.
De abril a junho, o lucro líquido da empresa foi de R$ 35,7 milhões, queda de 50% sobre 2019. A receita com locação caiu 83%, para cerca de R$ 30 milhões, reflexo do fechamento dos empreendimentos em boa parte do trimestre.
Segundo Sales, em julho, os shoppings funcionaram 50% das horas, atingindo 51% das vendas sobre 2019.
A Aliansce Sonae vai lançar marketplace de cada shopping nos próximos trimestres, disse o presidente. A companhia possui 3,5 mil lojas conectadas às plataformas digitais. O total de visitantes únicos aos aplicativos dos shoppings cresceu 3,3 vezes, do final de maio a julho de 2020.
Durante a teleconferência, o comando ainda informou que tem seis projetos multiuso de suas áreas já assinados, e 12 em negociação. Esses seis projetos têm valor geral de vendas de R$ 500 milhões.
Portanto, no total, estão sendo trabalhados 18 projetos para sete shoppings do portfólio. Considerando todos os projetos, a área privativa chega a quase 321 mil metros quadrados, com área de terrenos de aproximadamente 145 mil metros quadrados.