O dólar à vista fechou em leve queda ante o real nesta segunda-feira, longe das mínimas da sessão, com as oscilações no mercado de câmbio se estabilizando na parte da tarde em meio a variações discretas nas moedas também no exterior, num dia marcado por otimismo sobre tratamentos contra a Covid-19.
O dólar interbancário caiu 0,22%, a 5,5942 reais na venda. Na mínima, atingida ainda na primeira hora de negócios, desceu a 5,5593 reais (-0,85%) e, na máxima (alcançada por volta de 11h30), tocou 5,613 reais (+0,11%).
O dólar futuro chegou ao fim da tarde em queda de 0,60%, a 5,5950 reais.
De forma geral, a sessão teve poucos drivers domésticos, o que abriu espaço para alguma acomodação do câmbio depois de uma semana passada de maior pressão por causa de renovados temores fiscais.
No meio da tarde, quando o dólar era cotado por volta de 5,57 reais, notícia de que o governo decidiu adiar o anúncio do pacote de medidas econômicas previsto inicialmente para terça-feira ajudou a alimentar alguma pressão de compra de dólares, que na sequência voltou a superar 5,60 reais, fechando o pregão perto desse patamar.
O pacote de medidas prometido pela equipe econômica é visto como uma oportunidade de o governo enviar forte sinal ao mercado sobre gestão responsável das contas públicas. Ruídos internos na área econômica do governo e com outros ministérios geraram apreensão sobre riscos de aumento adicional de gastos depois de 2020, o que comprometeria a confiança na trajetória fiscal.
Na semana passada, o dólar emendou a quarta semana consecutiva de valorização —o que não ocorria desde o fim de abril—, amparado pelo somatório de desconforto fiscal doméstico e reavivamento da divisa no exterior.
Para estrategistas do BNP Paribas, a volatilidade do real, já a maior do mundo entre as moedas relevantes, deve persistir nos próximos meses conforme o mercado segue com as atenções voltadas para os problemas fiscais do Brasil, mas eles também avaliaram que o posicionamento técnico contra a divisa brasileira já está “sobrecarregado”.
Além disso, os profissionais citaram melhora em outras métricas, como, por exemplo, a conta corrente brasileira.
“Estamos entrando numa situação em que a melhora dos termos de troca (por exemplo) em algum momento aumenta as chances de algum repasse para os preços (do câmbio)”, disse Gabriel Gersztein, estrategista-chefe global para mercados emergentes do banco francês.
O real cai 28,27% neste ano, pior desempenho global, em parte pelas incertezas fiscais e pela queda expressiva nas taxas de retorno pagas pela renda fixa brasileira, na esteira da baixa da Selic a mínimas recordes.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira que o limite mínimo para a Selic não é intransponível, destacando que ele está sendo experimentado mas que é preciso cautela para ir além.