Lojas Marisa registrou prejuízo líquido de R$ 171,7 milhões, um aumento de 507,1% em relação à perda de R$ 28,3 milhões apurada no mesmo período de 2019. A queda das vendas está relacionada a pandemia de covid-19 com o fechamento das lojas.
Os resultados da Lojas Marisa (BOV:AMAR3) referente a suas operações do segundo trimestre de 2020, foram divulgados no dia 24/08/2020.
Teleconferência
Considerada a varejista de moda de capital aberto com apelo mais popular do país, a Lojas Marisa diz ter se beneficiado do período pós-confinamento por ter um maior número de lojas em rua do que suas rivais, e uma postura de preço mais combativa. Isso pode acelerar o processo de retomada nas vendas da cadeia, e de captura dos ganhos da reestruturação que vinha desde 2019, disse o comando da empresa em teleconferência com analistas nesta terça-feira (25).
N tarde de hoje, a ação da empresa subia 7,39%, a R$ 8,43. No início do pregão, os papéis chegaram a cair 1%, a R$ 7,75.
O alto volume de promoções do mercado em geral, na corrida para desovar estoques, deve ser favorável também a outras redes menos percebidas pelo consumidor como redes populares.
Os dados mostram que, no mês de julho, as vendas estavam 11,5% abaixo do apurado um ano atrás, e em junho, a queda era maior, de cerca de 25%. Considerando apenas as lojas físicas, a queda de 39% em junho diminui para 24% em julho.
As vendas na Marisa, no segundo trimestre, representaram 65% do apurado no ano anterior, com 50% do tempo de funcionamento normal.
Voltada para um público mais B e C, a taxa da C&A estava menor, em 60% da venda de mercadorias. Também focada nas camadas B e C, na Riachuelo, o índice no segundo trimestre foi maior, atingindo 75% — a maior entre todas as cadeias até o momento.
A Riachuelo informou que sobre o período de julho e agosto, nas lojas reabertas, semanas atrás, as vendas atingiram de 87% a 90% do nível de um ano atrás.
Essa taxa da Riachuelo está num patamar ligeiramente acima daquele informado hoje pela Marisa. A Renner, com foco maior nas classes A e B, publica o seu balanço no próximo dia 31.
A Marisa disse que vem ganhando participação de mercado nesse cenário de maior deterioração econômica. “Na retomada, há um fortalecimento do canal loja de rua. Então, a moda acessível e a loja em rua têm sido alavancas importantes neste momento […]. Estamos bastante otimistas, o movimento em loja tem sido retomado e estamos conseguindo tirar o melhor do cliente quando ele vem para a loja”, disse o presidente da companhia, Marcelo Pimentel.
A rede comunicou que lojas de rua têm registrado vendas 10% superiores a de pontos em shoppings — metade das 300 unidades do grupo estão em ruas e avenidas.
Um aspecto negativo para a Marisa, é sua menor participação do on-line nas vendas, apesar do avanço acelerado dessa taxa no ano — ficou em 42% de abril a junho. Na Riachuelo, foi de 46%, no mesmo período, e na C&A, de 50%.
Nas últimas semanas, C&A e Riachuelo disseram que há um movimento de mais ofertas em loja e site, e que isso deve se manter até o início do quarto trimestre, quando a desova da coleção de inverno mais leve já deve ter sido reduzida, e há a chegada da linha verão. A Marisa vem um movimento semelhante, mas deve reduzir a intensidade das ofertas, porque já fez uma redução maior de estoques.
O comando da varejista afirmou que os seus estoques caíram 30% durante a pandemia e as promoções devem ser mais pontuais daqui para frente. “Antes da covid nós planejávamos uma redução estrutural de estoques para 2020, e, de uma forma ou de outra, isso ocorreu, e essa redução está em 30%. Não estamos precisando fazer tantas promoções como no começo da pandemia, faremos mais pontualmente nos itens que interessar na coleção inverno”, disse Pimentel.
Nesse cenário, a companhia projeta uma retomada da lucratividade no quarto trimestre, afirmou o presidente da varejista.