O Brasil registrou superávit em transações correntes pelo quinto mês seguido em agosto, de 3,721 bilhões de dólares, levando o déficit em 12 meses a cair a 1,64% do Produto Interno Bruto (PIB), menor patamar desde junho de 2018 (-1,50%).
O resultado do mês, divulgado nesta quarta-feira pelo Banco Central, veio melhor que o superávit de 2,45 bilhões de dólares esperado por analistas em pesquisa Reuters.
Já os investimentos diretos no país (IDP) alcançaram 1,43 bilhão de dólares em agosto, ante expectativa de 1,35 bilhão de dólares.
Para setembro, o BC projetou um novo superávit em transações correntes de 3,7 bilhões de dólares e IDP de 2 bilhões de dólares.
Em nota, o economista do Goldman Sachs Alberto Ramos avaliou que, no geral, a dinâmica de curto prazo para as transações correntes é favorável, considerando que o IDP no acumulado nos 12 meses até agosto somou 3,51% do PIB.
Na comparação com o ano passado, a pandemia de coronavírus tem feito o Brasil registrar melhores dados no saldo da balança comercial, com as importações sofrendo um baque mais forte que as exportações.
Ao mesmo tempo, tem havido diminuição nos déficits nas contas de renda primária e de serviços, profundamente afetadas pelos impactos da crise com o surto de Covid-19 na economia. A soma desses fatores tem guiado a melhoria nas contas externas.
Em agosto, especificamente, a balança comercial ficou positiva em 5,960 bilhões de dólares, contra superávit de 3,552 bilhões de dólares um ano antes.
Já na conta de serviços, as despesas líquidas com viagens internacionais somaram 123 milhões de dólares em agosto deste ano sobre 842 milhões de dólares um ano antes, ainda afetadas pelos impactos da pandemia no setor. Para 2020, a expectativa do BC era de um déficit em transações correntes de 13,9 bilhões de dólares em 2020, estimativa que será atualizada nesta quinta-feira com a publicação do seu Relatório Trimestral de Inflação.
INVESTIMENTOS POSITIVOS
Em agosto, os investimentos em portfólio no mercado doméstico brasileiro ficaram positivos em 2,345 bilhões de dólares, sendo 2,045 bilhões de dólares em títulos de dívida e 300 milhões de dólares em ações e fundos de investimento.
“Aparentemente aquele período mais agudo de saída dos investimentos de portfólio se encerrou. A gente já tem junho, julho e agosto com ingressos, recompondo parcialmente aquela saída, e em setembro a gente tem um cenário mais ou menos equilibrado”, disse o chefe do departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha.
No acumulado de 2020, contudo, a retirada ainda é expressiva: 28,281 bilhões de dólares, sendo 8,794 bilhões de dólares em títulos de dívida e 19,487 bilhões de dólares em ações e fundos de investimento.