O colapso das negociações para o pacote de estímulo antes das eleições presidenciais nos Estados Unidos ameaça agravar a crise econômica enfrentada pelos americanos e limitar a recuperação já em desaceleração.
A decisão tomada na terça-feira pelo presidente dos EUA, Donald Trump, de abandonar as negociações com os democratas em meio a diferenças sobre o tamanho do estímulo – embora horas depois tenha dado sinais de reverter o curso – provavelmente eliminou as chances de um pacote de ajuda antes das eleições de 3 de novembro.
O pacote pode ser adiado até janeiro ou fevereiro, depois que um novo Congresso for eleito, o que significa que pode haver um período de quatro ou cinco meses sem ajuda extra para americanos desempregados e pequenas empresas.
A decisão coloca a recuperação econômica em risco de estagnação no quarto trimestre, com a atividade bem abaixo do nível pré-pandemia em meio à propagação persistente do coronavírus e à espera por uma vacina. Isso pode aumentar a pressão sobre o Federal Reserve para fornecer mais apoio.
“Isso aumenta a probabilidade de cairmos no trágico cenário apresentado pelo presidente Powell, de ter uma recessão mais duradoura com cicatrizes mais profundas em nossa economia, principalmente na força de trabalho”, disse Diane Swonk, economista-chefe da Grant Thornton.
Economistas dizem que ainda esperam um projeto de lei de estímulo dentro de alguns meses, ou especulam que a medida de Trump pode ser uma tática de negociação.
Executivos de empresas expressaram desânimo com a interrupção das negociações.
Muitos analistas de Wall Street dizem uma que uma ampla vitória democrata daria o maior impulso fiscal à economia – porque o Congresso aprovaria um grande projeto de lei de alívio da pandemia logo após a posse de Joe Biden, que tem prometido maiores gastos públicos do que Trump.
“O que estamos observando é uma probabilidade de desaceleração do consumo e isso coloca em risco a extensão da recuperação”, disse Joel Naroff, presidente e economista-chefe da Naroff Economics.