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Com aumento das tensões fiscais, Tesouro Selic passa a render até 135% do CDI

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Título público mais conservador do Brasil, o Tesouro Selic passa por um momento completamente atípico. O aumento das preocupações dos investidores com relação aos gastos do governo pressionou as taxas dos papéis, de maneira geral, com impacto sobre os prêmios pagos por títulos pré e pós-fixados.

E nem mesmo o Tesouro Selic ficou livre desse movimento. Com a elevação das taxas, os preços dos papéis caem, o que levou o título a registrar desvalorização de 0,46% em setembro, algo que não ocorria desde maio de 2002, quando da eleição do ex-presidente Lula.

Conforme aumenta o nível de incerteza sobre a condução da política fiscal, o mercado passa a exigir maior prêmio para comprar os títulos emitidos pelo governo, o que leva a uma queda nos preços dos papéis na mão dos investidores. Essa dinâmica é conhecida como marcação a mercado.

O que de um lado preocupou parte dos investidores, pode ser visto como oportunidade para outros. Hoje, o Tesouro Selic com vencimento em 2025 está pagando a variação da Selic acrescida de uma taxa de deságio próxima de 0,35% ao ano.

Segundo Sérgio Machado, sócio-gestor da Trópico SF2, o papel Tesouro Selic com vencimento em 2026 (não mais negociado no Tesouro Direto) chegou a render algo próximo de 135% do CDI ao longo da semana.

Conforme explicação do próprio Tesouro Direto, que é o programa voltado para a negociação dos títulos públicos pelo investidor pessoa física, o deságio do Tesouro Selic é uma taxa acrescida à variação da Selic para aferir a rentabilidade do título de acordo com uma menor demanda pelo papel. Desta forma, quando há deságio, o investidor recebe a Selic mais o valor do deságio.

A taxa, que chegou a 0,37% na quinta-feira (08), é a maior já paga pelo Tesouro Selic 2025 e tem aumentado principalmente nos últimos 30 dias, como você pode conferir no gráfico a seguir.

Com liquidez diária e isenção da cobrança da taxa de custódia para aplicações no valor de até R$ 10 mil, o Tesouro Selic se coloca, dessa forma, como a principal alternativa para a reserva de emergência para valores mais baixos.

Fundos do tipo DI sem taxa de administração também são uma alternativa vantajosa, ainda que tenham como desvantagem a cobrança de come-cotas, que ocorre semestralmente e corresponde a uma antecipação obrigatória do Imposto de Renda sobre o lucro da aplicação.

Embora a oscilação de preço seja atípica no caso do Tesouro Selic, ela não foi exclusiva do papel. No caso dos títulos indexados à inflação, como o Tesouro IPCA+ 2035, os prêmios pagos voltaram a ficar acima dos 4% ao ano (mais a variação do IPCA) entre aqueles de maiores vencimentos, em meio ao nervosismo dos investidores.

Apesar da queda dos preços em setembro, Luciana Ikedo, assessora de investimentos com qualificação CFP, não vê razões para pânico e assinala que a expectativa é de normalização dos preços. Não há motivos, portanto, para resgatar os recursos já aplicados.

“Quando se fala de Tesouro Direto, se trata de um risco soberano, o menor do país. Não enxergo risco de default para esses títulos”, afirma.

A missão da reserva de emergência, diz, é trazer tranquilidade, com recursos disponíveis aos investidores, com fácil acesso. “Mesmo com a Selic em patamares historicamente baixos, o que afeta a renda fixa como um todo, é imprescindível manter essa parte mais voltada para preservação de capital.”

Produtos bancários como CDBs, uma alternativa ao colchão de liquidez quando oferecem liquidez diária, também vêm mostrando taxas mais elevadas de retorno, especialmente no caso de bancos médios.

SegundoMachado, da Trópico SF2, embora o prêmio pouco usual oferecido pelo Tesouro Selic seja atrativo, não é possível descartar que aberturas adicionais das taxas ocorram, provocando novas perdas pela marcação a mercado.

Seja por sinalizações de deterioração do quadro fiscal, ou por certa leniência do Banco Central com relação à pressão inflacionária, aumentando a pressão vendedora, diz.

“O IPCA de setembro foi de 0,64%, quase um terço da Selic do ano em um mês”, observa Machado, destacando que, na última ata, o Copom não fechou completamente a porta para reduzir ainda mais a taxa de juros.

Para quem já está alocado no Tesouro Selic, o gestor entende que o melhor a se fazer neste momento é ter paciência e aguardar a normalização da situação, que tende a ser de forma gradual. “Não acredito que vá diminuir rapidamente [o rendimento do título] para uma faixa de 110% da Selic.”

Já para quem ainda não tem uma reserva formada, o especialista entende que não é hora de entrar de peito aberto na expectativa de ganhar com o fechamento de taxas, diante da falta de clareza quanto ao cenário de curto e médio prazo.

Ponto de equilíbrio

Para André Fadul, gestor de renda fixa do CA Indosuez Wealth Management, com o nível atual de preços, há oportunidades para investir no Tesouro Selic que não costumam aparecer com muita frequência e devem ser avaliadas pelo investidor.

“Só com a acomodação que teve essa semana no mercado pelo próprio nível ao qual as taxas chegaram, ganhamos em três dias cerca de 0,10% em fundos de curto prazo, sendo que o CDI no mês passado todo foi de 0,16%”, afirma Fadul. “Não é um ganho comum para fundos de LFT [antiga denominação do Tesouro Selic]”, diz Fábio Passos, CIO da gestora.

A grande dúvida é saber qual será o novo ponto de equilíbrio no qual as taxas devem se acomodar nas próximas semanas.

“Seria muita audácia tentar prever isso”, afirma Fadul, acrescentando que o estresse recente se deve muito mais por questões conjunturais e táticas, de ajuste de portfólio, do que estruturais. “Pensamos que, no patamar atual, está muito acima do equilíbrio.”

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