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Dólar voltou a subir com o real figurando entre as moedas de pior desempenho no dia

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O dólar voltou a subir nesta quarta-feira, com o real figurando entre as moedas de pior desempenho no dia e descolando dos ganhos vistos em pares emergentes, conforme investidores evitaram tomar risco diante das persistentes incertezas sobre as contas públicas domésticas.

O dólar à vista fechou em alta de 0,46%, a 5,6235 reais na venda. Na B3, o dólar futuro tinha ganho de 0,68%, a 5,6360 reais, às 17h17.

O real esteve entre as sete moedas (de uma lista das 33 principais) que caíram contra o dólar nesta sessão, ocupando a terceira pior posição melhor apenas que peso argentino e lira turca, divisas de dois dos mais problemáticos mercados emergentes.

A saraivada de informações ao longo do dia sobre o Renda Cidadã e o risco de extensão do estado de calamidade pública, combinada com ausência de clareza sobre quando o governo definirá as fontes de financiamento para o programa, manteve o sentimento do mercado sob pressão.

Depois de cair à mínima do dia (de 5,5515 reais, queda de 0,83%) ainda na primeira hora de negócios, o dólar foi à máxima da sessão (de 5,6403 reais, alta de 0,76%), enquanto o mercado recebia informações sobre possível extensão do auxílio emergencial para o ano que vem e prorrogação do estado de calamidade pública.

 Mas o dólar voltou a perder força após o ministro da Economia, Paulo Guedes, negar ambos, o que foi endossado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Em entrevista a jornalistas, Guedes disse que não há decisão de prorrogar ou articulação nesse sentido.

“O mercado até repercute as falas do Paulo Guedes, mas falta ação neste governo. É muita fala e pouca ação, tanto de um lado quanto do outro”, disse Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.

“Guedes tem boa intenção, mas já vimos que ele não dá a palavra final. Isso vai minando a credibilidade não dele Guedes, mas da posição dele, porque cria expectativa que na maioria das vezes não se concretiza”, acrescentou, citando fragilidade do mercado mesmo em momentos mais positivos.

Investidores temem que o governo recorra a medidas para financiar o Renda Cidadã programa de transferência de renda que substituirá o Bolsa Família que impliquem descumprimento do teto de gastos, considerado a âncora fiscal do Brasil no momento.

Algumas instituições financeiras, como o Citi, já preveem algum tipo de flexibilização da regra –que limita as despesas do ano corrente à inflação passada.

João Leal, economista da Rio Bravo, ainda tem como cenário-base preservação do teto de gastos, mas reconhece que, pelo fluxo atual de notícias, “é difícil enxergar um cenário mais confortável (para o mercado) nas próximas semanas”.

“Falta clareza para o governo sobre o que está acontecendo… A ala política não tem demonstrado comprometimento tão forte assim com a pauta do teto de gastos”, disse Leal, acrescentando que a volatilidade deverá persistir pelo menos até quando ficar claro de onde virão as fontes de financiamento ao Renda Cidadã.

“Sem o teto de gastos, o dólar ficaria mais na casa de 6 reais. O abandono do teto é uma situação muito drástica”, finalizou.

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