Dow Jones cai 0,8% em meio à preocupação com o aumento de casos de coronavírus

As ações caíram na sexta-feira (20), com o aumento de novos casos de coronavírus, juntamente com questões sobre o financiamento do banco central para programas de emergência importantes, lançando dúvidas sobre uma rápida recuperação econômica.

O Dow Jones caiu 174 pontos, ou -0,8%. O S&P 500 caiu -0,7%. O Nasdaq Composite ficou estável 0,0%.

A média de sete dias de novas infecções diárias por Covid-19 nos EUA está agora em 165.029, de acordo com uma análise da CNBC de dados da John Hopkins, 24% maior do que na semana anterior. Só na quinta-feira, um recorde de 187.833 casos foram relatados. Muitos estados cancelaram os planos de reabertura e implementaram novas restrições para conter a propagação.

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, emitiu na quinta-feira uma “ordem de estadia limitada” para a maioria dos residentes do estado, exigindo que o trabalho não essencial e as reuniões cessassem entre 22h e 5h. Enquanto isso, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças aconselharam os americanos a não viajar no feriado de Thanksgiving.

O economista do JPMorgan Michael Feroli escreveu em uma nota que esta última rodada de restrições “provavelmente gerará um crescimento negativo” no primeiro trimestre de 2021. Ele também rebaixou sua perspectiva do PIB do primeiro trimestre para uma contração de 1%, tornando-se o primeiro economista de Wall Street a projetar PIB negativo para o início do próximo ano.

As perdas de sexta-feira colocaram o Dow e o S&P 500 no ritmo de suas primeiras quedas semanais em três semanas. O Dow Jones caminhava para uma perda de 0,7% esta semana. O S&P 500 perdeu 0,6% na semana até agora.

Também pesando sobre o sentimento na sexta-feira foi um desacordo entre o Departamento do Tesouro e o Federal Reserve sobre a continuação do financiamento para alguns dos programas de emergência implementados durante a recessão.

O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, está tentando encerrar um punhado de facilidades do Fed que compraram títulos corporativos, bem como o Programa de Empréstimos da Main Street, voltado para pequenas e médias empresas. A medida atraiu resistência do banco central, que disse que os programas continuam a desempenhar um papel importante para apoiar a economia vulnerável.

“A ação de Mnuchin vai apertar as condições financeiras e remover uma rede de segurança para os mercados no momento errado”, disse Krishna Guha, vice-presidente da Evercore ISI e chefe de política global e estratégia do banco central, em uma nota na quinta-feira.

O “rei dos títulos”, Jeffrey Gundlach, disse que o pedido de Mnuchin encerraria os programas de crédito corporativo que “sustentavam” os mercados na primavera. O CEO da DoubleLine Capital levantou a questão de se os mercados podem se manter sem o apoio do Fed, dizendo que “as rodinhas estão saindo”.

Para ter certeza, Mnuchin disse a Jim Cramer da CNBC que as pessoas estavam interpretando mal esta decisão, acrescentando que ainda há muito dinheiro para fornecer financiamento, se necessário.

“ Foi uma coisa muito simples. Estamos seguindo a intenção do Congresso”, disse Mnuchin. E acrescentou que ele e os líderes republicanos discutirão um plano para impulsionar o estímulo fiscal com a ajuda dos democratas.

No lado otimista, os mercados receberam mais boas notícias sobre vacinas, com a Pfizer e a BioNTech dizendo que solicitarão uma autorização de uso emergencial para sua vacina da Food and Drug Administration na sexta-feira. As empresas disseram que podem estar prontas para enviar a vacina poucas horas após a aprovação da autorização pelo FDA.

Brent Schutte, estrategista-chefe de investimentos da Northwestern Mutual Wealth Management, acha que o mercado pode ser volátil no curto prazo, mas observou que “qualquer desvantagem do mercado será suportada pelo fato de que você tem vacinas muito eficazes que estarão disponíveis em um futuro não tão distante”.