O top 10 de 2020 não decepcionou.
CZ, CEO da Binance, continua no topo do mundo das corretoras (por enquanto) e reforçou seu funil de marketing com a enorme aquisição do site CoinMarketCap.
Uma empresa de Jack Dorsey censurou #fakenews do presidente americano enquanto sua outra empresa acelerou seu apoio ao bitcoin, apresentando o bitcoin e registrando novos usuários, promovendo o desenvolvimento principal e até mesmo escrevendo um manual para ajudar outras empresas a acrescentarem bitcoin a suas reservas.
Brian Klein esteve ocupado no âmbito jurídico de cripto, defendendo “bitcoiners” de possíveis violações de sanções. CoinShares, de Meltem Demirors, ultrapassou US$ 1 bilhão de ativos sob gestão.
Brad Sherman continuou causando, mas poderá ser alguém em segundo plano em 2021. Morgan Beller, o “canário” na mina de carvão da Libra Diem, desistiu do Facebook, mencionando o lento progresso do projeto em meio a muito alvoroço regulatório.
O protocolo MakerDAO, de Rune Christensen, teve um ano recorde em muitos aspectos, mas ficou para trás de seus adversários em meio à febre do setor DeFi.
Zcash, de Zooko Wilcox, recebeu financiamento, passou por um halving e grandes atualizações de protocolo — agora, vamos torcer para que o trabalho de sua vida não seja considerado ilegal.
Justin Sun continuou sendo um artista incomparável, aparecendo tanto em comédias como em dramas sombrios. Peter McCormack continua obcecado por Selkis (e pelo bitcoin).
Então quem são as principais pessoas para acompanhar em 2021?
As mesmas, mas um pouco diferente…
1) Sam Bankman-Fried
Sam Bankman-Fried (“SBF”) foi figurinha carimbada em 2020.
SBF lançou Serum, a nova corretora descentralizada do blockchain Solana; adquiriu Blockfolio, a rastreadora de portfólio cripto, por US$ 150 milhões (a segunda maior aquisição do ano); e investiu em dezenas de novos projetos DeFi por meio de sua empresa de negociação Alameda Research.
SBF e sua equipe ainda apostaram em uns dos projetos mais mercenários do setor DeFi, apoiando Sushiswap, bifurcação da Uniswap, e CREAM, bifurcação da Compound.
Nada disso arruinou seu trabalho como CEO da corretora cripto FTX.
Na FTX, volumes chegaram a US$ 250 bilhões (um aumento anual de 10x), catapultando a corretora ao top 10 por volume global.
Embora a FTX ainda fique atrás de grandes corretoras como Binance, Huobi, OKEx e BitMEX, a competição está acirrada — em parte, pela vontade de SBF em impulsionar a corretora com instrumentos de alavancagem, mercados de previsão e, agora, negociação de ações sintéticas.
Embora seus competidores asiáticos estejam enfrentando desafios com a CCP ou o DoJ, agora SBF tem acesso à Casa Branca: ele foi o segundo maior doador à campanha eleitoral de Joe Biden (o primeiro foi Michael Bloomberg).
2) Michael Saylor
O CEO da MicroStrategy apareceu nas manchetes este ano, não apenas pela grande aposta de sua empresa listada em bolsa de trocar suas reservas em dinheiro por bitcoin, mas por suas grandes aquisições individuais e sua ousada adesão a cripto no Twitter.
Outros poderiam ter sido bem mais atenciosos em suas teses públicas de investimento (você mesmo, Paul Tudor Jones) e também mais impactantes em ajudar outros CEOs a realizarem alocações parecidas.
Porém, Saylor tem destaque por ter apostado todas as fichas, por ter acreditado no bitcoin e, assim, a MicroStrategy se tornou a primeira grande aposta bilionária na criptomoeda por uma grande empresa tradicional, mas não será a última que veremos neste ciclo.
Saylor se tornou uma pessoa indispensável de seguir no Twitter. Ele é uma máquina de memes. O bitcoin é “energia monetária”, “rede monetária”, “atleta monetário” e até mesmo um dragão que irá “abocanhar o reino do ouro”.
Vamos combinar que ele somos todos nós, tentando chegar a uma definição proporcional do bitcoin, que passa por reviravoltas todos os dias.
A favorita até agora? “É um banco no ciberespaço, operado por software incorruptível, fornecendo uma conta-poupança global, acessível, simples e segura a bilhões de pessoas que não têm a opção ou o desejo de operar seu próprio fundo de hedge.” Legal.
3) Barry Silbert
Existe uma boa chance de o Digital Currency Group (DCG), de Barry Silbert, ter ultrapassado a Coinbase este ano como a empresa cripto mais valiosa nos EUA, mesmo se não for listada em bolsa no futuro próximo.
A Grayscale, subsidiária do DCG, começou sua ascensão, graças à bênção de monopólio da Comissão de Valore Mobiliários e de Câmbio dos EUA (SEC), oferecida por seus ETFs paralelos, veículos que, com outras gestoras de fundos passivos, tornarão a competição impossível e, agora, irá acumular mais de US$ 10 bilhões em ativos sob gestão.
Ao mesmo tempo, Genesis, a prime-broker do DCG, funciona como uma participante autorizada dos produtos da Grayscale e sua longa história (com a BitLicense) dá à mesa de negociações uma vantagem reputacional nos mercados de balcão (OTC) e de empréstimo, em que registrou um crescimento trimestral recorde em serviços de negociação à vista, derivativos e empréstimos em todos os trimestres de 2020.
CoinDesk dá bastante destaque ao DCG, fazendo um funil incomparável de marketing institucional: novas subsidiárias, como Foundry e Luno, que levam os recursos de staking e governança do DCG para grandes redes cripto e uma melhor integração a mercados emergentes.
Isso tudo sem mencionar o orçamento de guerra da empresa de mais de US$ 1 bilhão em dinheiro e cripto ou seu portfólio de investimento “seed” em mais de 150 empresas. Ou DCG é o Berkshire Hathaway ou o Olho de Sauron da indústria cripto. Tudo depende da sua perspectiva.
4) Balaji Srinivasa
Balaji deixou o cargo de diretor de tecnologia na Coinbase em 2019, mas seu impacto em 2020 foi bem significativo (tanto dentro como fora da indústria cripto) do que em qualquer outro ano que ele trabalhou em tempo integral para uma empresa cripto.
Ele começou 2020 com tudo, lançando o site Nakamoto.com, com uma publicação essencial do Bitcoin como a Bandeira da Tecnologia e um grupo no Telegram que saiu do controle e foi encerrado após 24 horas porque não podemos ter coisas legais.
Estávamos empolgados em ver quais cartas Nakamoto tinha na manga, mas o mundo real atrapalhou e Balaji voltou sua atenção para alertar todos sobre o coronavírus, em que ele foi um dos primeiros a disparar o alarme sobre a doença e a magnitude que esta teria em todo o mundo.
Ele também teve tempo de eviscerar a mídia e os atentos guerreiros de cultura.
Ele parece ter tido influência na política de “não política” de Brian Armstrong, CEO da Coinbase, e seu alerta para uma ascensão do jornalismo cidadão ressoou conforme a consistência e a qualidade jornalística continuou a cair durante o ano eleitoral.
Porém, não por isso que ele está nesta lista.
Em vez disso, seu novo projeto está chamando a atenção. Chame de política de primeiros princípios, um plano de desenvolvimento de um verdadeiro e crível “Estado-rede” na nuvem como um passo inicial ao impulsionamento de um novo país.
Esse projeto está sendo desenvolvido há uma década por Balaji, que está envolvido com o conceito de “saída” há um bom tempo e acredita que finalmente possamos ter as ferramentas e propulsores para tornar novos estados soberanos (em um mundo recém-nascido de um território não povoado e de um novo solo) em uma possibilidade.
5) Brian Brooks
Brian Brooks, ex-diretor jurídico da Coinbase, teve um grande primeiro ano como controlador da moeda no OCC (que também pode ser seu último).
Suas cartas interpretativas de 2020 podem ter possíveis consequências para a indústria nos próximos anos se conseguirem evitar novas reviravoltas legislativas.
Brooks esclareceu que stablecoins reguladas e lastreadas em dólar poderiam ter seus depósitos implícitos custodiados por bancos americanos e que os próprios bancos poderiam custodiar outras formas de cripto. Extraordinário.
Ele foi ainda mais longe, propondo uma regra que proíbe que bancos discriminem indústrias como entretenimento adulto e cripto.
Ao pedir que bancos acolham “padrões quantitativos e baseados em risco” para apoiarem novos clientes, ele redefiniu os padrões para que clientes de mercados paralelos não fossem declarados culpados.
Existem outros players importantes a se acompanhar na “Insurgência do Bitcoin” em Washington. Hester Peirce, a “criptomãe”, está pronta para permanecer na SEC no futuro próximo enquanto o representante Jay Clayton irá sair.
A Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC) perderá um grande defensor cripto, Brian Quintenz, mas escolheu Heath Tarbert, outro “bitcoiner”, como presidente.
Gary Gensler (líder da equipe de transição de Biden) e Lael Brainard (Federal Reserve) têm cargos de poder na administração de Biden e têm posturas relativamente positivas a cripto.
O senado americano possui sua primeira “hodler” de bitcoin do estado de Wyoming: Cynthia Lummis. Talvez duas, se Kelly Loeffler, ex-CEO da Bakkt, continuar em seu cargo após as eleições na Geórgia em janeiro.
Existe algo a ser dito sobre “educar os elegidos”, mas a verdade é que estamos em uma posição desfavorável há anos sem defensores de cripto elegidos ou escolhidos que já foram educados.
A sensação é que esse próximo ciclo cripto irá incluir aliados cripto mais informados (e interessados) do que no passado.
Lummis pode ser particularmente interessante pois seu estado possui muito interesse no sucesso contínuo de cripto via diversas iniciativas de blockchain. E falando em Wyoming…
6) Caitlin Long
Você não precisa ter um diploma em Direito para ter um grande impacto político em cripto e você não precisa ser um grande estado para ter um impacto político nacional.
Ninguém demonstrou tanto isso como Caitlin Long nesses últimos 18 anos, por meio de seu trabalho em Wyoming.
A ex-diretora executiva do Morgan Stanley e empreendedora cripto em série jogou perfeitamente o jogo de arbitragem regulatória, pavimentando o caminho para uma série de legislações favoráveis a cripto em Wyoming, a primeira senadora “bitcoiner” do país e a aprovação de novos bancos cripto para a contração de depósitos e completamente reservados (“instituições de depósitos para fins específicos”) na Kraken Financial e em sua nova startup, Avanti.
Long foi visionária em como imaginou serviços cripto americanos também em relação a Wall Street. Suas publicações anteriores sobre possíveis questões de rehipotecação que poderiam surgir no futuro.
A tendência de Wall Street em acrescentar alavancagem a qualquer coisa pode derrubar preços e acrescentar risco às redes de alicerce se ficar descontrolada… no futuro.
“HODLers irão permitir a financialização baseada em alavancagem das criptomoedas?” é uma ótima pergunta que ela fez anos atrás. A resposta irá ditar se Wall Street ajudará a direcionar uma mega “bull run” ou arruinará a próxima.
7) Andre Cronje
Se Morgan Beller foi o “canário na mina de carvão” para o projeto de megastablecoins Libra em 2019, então Andre Cronje foi o canário do setor DeFi em 2020.
Ele é incansável e não há ninguém que melhor exemplifique a febre DeFi do que o desenvolvedor que realiza “testes durante a produção”. Isso para não dizer que Cronje joga de forma leviana e irresponsável.
Pelo contrário: seu projeto Yearn Finance pode ser considerada como a rede financeira de crescimento mais rápido de todos os tempos, disparando para uma valoração de rede de US$ 1 bilhão (com taxas reais e fluxos de valor para apoiá-la!) em poucos meses, e mostrando nenhum sinal de desaceleramento em relação a novos anúncios de produtos, integrações e, até mesmo, sessões de “perguntas e respostas do protocolo”.
O ponto fraco de Cronje é que, regularmente, ele quer sair da indústria por puro desgosto.
Fevereiro: “Desenvolver em DeFi é horrível… É caro, a comunidade é hostil e os usuários são privilegiados.
Agosto: “Estou prestes a abandonar tudo por raiva. Estou tão cheio e cansado desse setor.”
Ainda assim, ele não consegue largar cripto de vez.
Em vez disso, ele continuou a provar quão longe um desenvolvedor pode ir em criar novas aplicações valiosas no setor iterativo das finanças abertas e, agora, ele está operando em um outro nível, em comparação a seus semelhantes.
Nunca foi tão fácil ou lucrativo contribuir ao setor aberto de cripto, mas os produtos de 2020 têm uma grande diferença de 2017, quando as principais “inovações” eram violações de leis de valores mobiliários que prometiam uma fração do que Cronje realmente apresentou.
8) Hayden Adams e Rob Leshner
Maker pode ter sido o alicerce essencial na criação dos mercados de crédito, dos mercados de stablecoins DeFi e, é claro, a “bull run” DeFi de 2020.
Porém, foi a formadora automatizada de mercado Uniswap e os esquemas de “liquidity mining” da Compound que fizeram DeFi dispararem.
Hayden Adams (Uniswap) e Rob Leshner (Compound) estiveram bem à frente da curva em relação a melhores práticas, design focado no usuário e alinhamento com stakeholders. Valeu muito a pena.
Uniswap, apesar de (ou devido a) uma gigante distribuição a seus apoiadores iniciais, processou uma quantia equivalente à Coinbase em volume negociado em setembro e seu token passou por uma valoração alinhada com a última valoração privada da Kraken, poucos meses após o lançamento de seu token.
Da mesma forma, o protocolo de mercados monetários Compound acumulou bilhões em garantias bloqueadas e seu token de governança também atingiu um status de unicórnio.
Esses dois empreendedores também estão prontos para liderar o caminho em 2021 e também conseguiram lidar com seus adversários agressivos.
Adams e Leshner (e Cronje) parecem ser os líderes DeFi mais adequados para responder a preocupante pergunta: “como construir proteções no entorno de mercados financeiro de código aberto”?
9) Anônimos
Em 2019, as iniciativas de bifurcação e tokenização de Justin Sun chamaram a atenção de todos. Em 2020, foram os ataques de vampiro, bifurcações de tokens com nomes de comida e puxadas de tapete.
Se você é uma pessoa normal, com uma carreira respeitável e a frase acima não fizer sentido, você é bem melhor que nós.
Mas contribuidores anônimos/pseudônimos tiveram um grande ano em DeFi, apostando novos tokens por pagamentos em milhões de dólares (Blue Kirby), roubando valor — e liquidez — de outras equipes (Chef Nomi, 0xc4ad) por pagamentos ainda maiores e simplesmente fugindo com fundos de usuários quando não estão se sentindo criativos (foram muitas liquidações para incluir aqui).
Se você quiser um gostinho do que aconteceu em 2020, leia “As crônicas do SushiSwap”. Senão, você pode poupar seu tempo ao simplesmente apreciar que, em 2020, pseudônimos voltaram à moda.
Até mesmo grandes desenvolvedores, como Erik Voorhees (ShapeShift), gostariam de relançar seus projetos de forma completamente anônima.
A anonimidade não foi de todo negativa. O “Twitter DeFi” também teve excelentes pseudoprodutores, como “DegenSpartan” e “CeterisParibus”.
Agora, Square contratou o desenvolvedor da Lightning “ZmnSCPxj” e a Paradigm acrescentou “samczsun”, grande pesquisador de pesquisa DeFi (e eterno salvador do setor) à sua equipe principal.
Não vamos esquecer dos dois maiores vencedores do setor de fusões e aquisições (M&A) da indústria: os fundadores da Poloniex e do CoinMarketCap, que continuaram anônimos apesar dos US$ 400 milhões que, reinvestidos em cripto, poderiam torná-los em dois dos bilionários mais desconhecidos do mundo.
10) Danny Ryan
Vitalik pode ser o rosto da Ethereum, mas foi Danny Ryan, o pesquisador da Ethereum Foundation, que ficou famoso em 2020 devido à grande atualização da Ethereum 2.0.
Da coordenação de pesquisa entre equipes técnicas ao compartilhamento de detalhes para toda a comunidade, à concessão de inúmeras entrevistas e, por fim, ao envio da Proposta de Melhoria da Ethereum (EIP) oficial da atualização de rede ETH 2.0, Ryan esteve no centro da atualização de rede mais complexa e essencial da história da indústria cripto.
Não há mais o que dizer além disso, mas é importante prestar atenção no que ele disser sobre o progresso da ETH 2.0 em 2021.
Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento