A Vale (BOV:VALE3) e o governo de Minas Gerais negociam um acordo de reparação de danos associados ao rompimento de uma barragem da empresa, em Brumadinho (MG), que deve envolver a injeção de bilhões de reais pela mineradora em fundos a serem geridos pelo Estado, disseram à agência de notícias Reuters duas fontes próximas das tratativas.
As conversas por ora focam na chamada “governança” do acerto, e não valores, com objetivo de definir responsabilidades pelos trabalhos de compensação e como eles seriam executados, e há alinhamento entre as partes contra a criação de uma organização voltada especificamente a essas tarefas, acrescentaram as fontes, que falaram sob a condição de anonimato.
Assim, a mineradora e representantes do governo estadual buscarão arquitetar um desenho diferente do proposto por autoridades após o rompimento em 2015 de uma barragem da Samarco em Mariana (MG). A Vale e a BHP, donas da empresa, acordaram na época a criação da Fundação Renova para gerenciar ações de reparação.
Embora o secretário-geral do governo mineiro, Mateus Simões, tenha dito no mês passado que a Vale apresentou uma oferta inicial de acordo de R$ 21 bilhões, vista como baixa, as duas fontes disseram que não há proposta na mesa e que as conversas ainda não chegaram a esse ponto.
A melhor estimativa da Vale para os custos associados a Brumadinho neste momento é de um total de R$ 29,6 bilhões, sendo R$ 19 bilhões em um potencial acordo global como o buscado junto ao governo de Minas e outros órgãos como o Ministério Público Federal, afirmou à Reuters outra fonte que acompanha o caso, cujo nome tampouco foi divulgado.
Procurada, a Vale afirmou em nota que uma audiência entre a empresa, o governo de Minas Gerais e instituições de Justiça realizada na quarta-feira gerou “avanços sobre pontos relevantes” para um possível acordo de reparações pelo desastre de Brumadinho. Segundo a companhia, valores não foram discutidos na audiência, ocorrida no âmbito do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC).
Ficou acordado na reunião, no entanto, que a empresa vai estender até 31 de janeiro de 2021 pagamentos emergenciais de reparação, “nos mesmos moldes de hoje”. Uma nova audiência deverá ocorrer em 17 de dezembro, com participação do Estado e das instituições de Justiça, afirmou a mineradora. “A Vale continua empenhada em construir um acordo global com o governo de Minas e as instituições de Justiça no processo de mediação conduzido pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais”, disse a companhia.
VISÃO DO MERCADO
Morgan Stanley
O Morgan Stanley afirmou que as negociações estão em linha com suas expectativas, segundo as quais era improvável que as partes chegassem a um acordo final na audiência de quarta-feira. O banco acredita que o acordo deve sair mais caro do que a estimativa inicial da Vale, de US$ 1,4 bilhão, e inclui em seu modelo sobre os papéis da empresa um acordo em torno de US$ 4 bilhões, potencialmente no primeiro trimestre de 2021.
O banco mantém avaliação de overweight (expectativa de valorização acima da média do mercado) para os papéis da empresa negociados na Bolsa de Nova York (os ADRs), com preço-alvo de US$ 17,3, frente os US$ 16,09 de fechamento da véspera (ou upside de 7,5%).
( Com informações da Reuters e Infomoney)