A Agência Nacional de Mineração (ANM) realizará a contratação, por tempo determinado, de 40 técnicos em segurança de barragem, o que tornará possível a vistoria anual de todas as estruturas que recebem rejeitos de mineração no Brasil, afirmou o diretor da autarquia, Eduardo Leão.
Atualmente, há cerca de 30 técnicos em segurança de barragem em atividade na ANM, em um time que foi reforçado com a vinda de servidores de outros órgãos após o rompimento mortal de uma estrutura da Vale em Brumadinho, em 2019, quando havia apenas oito profissionais com essa especialidade.
Leão explicou que, após a contratação, terá um time de cerca de 70 técnicos em segurança de barragens, sendo que cerca de 50 desses profissionais devem trabalhar em campo.
“Formando esse total da equipe em torno de 70, a gente com certeza consegue fazer a fiscalização visitando todas as barragens, todos os anos”, afirmou Leão, à Reuters, em uma entrevista por telefone.
“(Atualmente) a gente é obrigado a fazer um cronograma de prioridade, ou seja, tem barragem que tem três, quatro anos que a gente não visita, enquanto tem outras que a gente visita a cada seis meses, por serem mais complexas, terem mais riscos.”
O Brasil hoje tem cerca de 430 barragens de mineração, sendo aproximadamente 220 em Minas Gerais.
A autorização do governo federal para a realização do processo seletivo pela ANM foi publicada na véspera, no Diário Oficial da União, pelo Ministério de Minas e Energia.
A ANM ainda aguarda do governo uma autorização para a contratação de outros 150 profissionais para reforçar o efetivo da ANM. Originalmente, a ANM pleiteava 500 novos profissionais.
“Por mais que a gente sempre fale que há problema de orçamento, eu diria que o primeiro problema que nós temos é falta de pessoas, para trabalhar, para fazer uma análise de imagens de satélite, para fazer uma estratégia…”, afirmou Leão.
“Orçamento a gente consegue se arranjar, mas falta de técnicos é bem mais complicado.”
A autarquia tem atualmente 750 profissionais efetivos, sendo que 40% deles devem se aposentar até 2022, ressaltou Leão.
A falta de recursos orçamentários e profissionais da ANM foram evidenciados em meio às discussões realizadas diante dos desastres com barragens nos últimos anos no Brasil.
Brumadinho, em 2019, deixou cerca de 270 mortos. Antes disso, em 2015, o rompimento de uma barragem da Samarco (que pertence à Vale e a BHP,), em Mariana (MG), deixou 19 mortos e um rastro de destruição, atingindo o rio Doce e poluindo suas águas até o mar do Espírito Santo.