Vamos começar com uma aulinha bem rápida e simples: você sabe o que é ADR?
Essa é a sigla para American Depositary Receipt, que em tradução livre seria algo como Recibo de Depósito Americano. Nada mais é do que uma forma de os norte-americanos poderem investir em companhias estrangeiras, ou seja, fora dos EUA, usando a Bolsa de Valores deles como intermediária. É assim que conseguem comprar ações das nossas empresas brasileiras, por exemplo, mas também de tantas outras mundo afora.
Comparando de uma maneira ainda mais simples, a ADR seria o oposto das BDRs – e essas você já conhece, certo? Elas se referem àqueles Recibos de ações de empresas estrangeiras que nós, brasileiros, podemos comprar por meio da nossa B3. Assim como é possível adquirir uma BDR da Amazon (AMZO34), por exemplo, por meio da nossa Bolsa, os norte-americanos podem comprar uma Vale (VALE3) ou Petrobras (PETR3 e PETR4) com a ADR dessas ações lá nas Bolsas deles, como a NYSE e a Nasdaq. Só muda o nome e o lugar, mas o sistema é o mesmo. Comprando uma BDR ou ADR, o investidor está adquirindo um direito sobre a ação.
Esse também é um jeito mais prático de se investir em empresas fora do seu país de origem sem que, necessariamente, elas precisem fazer IPO nesse outro país. Ou seja, é uma forma menos burocrática de a companhia receber capital estrangeiro, mas não precisar enfrentar órgãos internacionais e papeladas sem fim para entrar como companhia de capital aberto por lá.
Dito isso, segundo uma pesquisa realizada pela Economatica, o volume médio diário (ou seja, o valor financeiro médio negociado diariamente) de todas as ADRs brasileiras negociadas nas Bolsas dos EUA cresceu 40% em 2021, ficando em US$ 1,85 bilhão por dia, contra US$ 1,27 bilhão em 2020. Enquanto isso, o volume médio diário do mercado à vista da B3, esse mesmo em que você negocia todo dia, cresceu 20% no mesmo período: foi de US$ 5,07 bilhões para US$ 6,08 bilhões.
Mas vale dizer que essa média de 2021 para as ADRs, dentro de uma linha histórica, quebra uma trajetória de queda de dois anos seguidos. Entre 2018 e 2020, o volume esteve enfraquecido e o pior momento dos últimos 15 anos foi em 2016, quando o volume diário não passou de US$ 1,03 bilhão. Veja como fica isso graficamente:
Segundo a Economatica: “O momento mais marcante foi no ano de 2008, quando eram negociados US$ 3,55 bilhões em média por dia pelas ADRs brasileiras, enquanto na bolsa B3 eram negociados US$ 2,77 bilhões em média por dia. A partir de 2010 se verifica um deslocamento do volume da bolsa B3, passando a negociar valores superiores aos dos EUA até o presente momento”.
As mais negociadas na terra do Tio Sam
A pesquisa, como falamos, mostra o volume médio diário acumulado de todas as ADRs brasileiras negociadas nos EUA, mas e se quisermos saber quais foram as ADRs tupiniquins em que os norte-americanos mais investiram? A Economatica traz isso também no estudo e de um modo bem característico: com uma tabela composta do ranking das ADRs mais negociadas em termos de volume desde 2010.
Você adivinha quem são as empresas?
Destrinchando os resultados
Somando as três ADRs mais negociadas em 2021 nos EUA, Vale (BOV:VALE3), Petrobras ON (BOV:PETR3) e Itaú Unibanco (BOV:ITUB4) correspondem a 62,83% do volume total de ADRs brasileiras. Adicionando as outras duas ações que vêm logo atrás – Bradesco (BOV:BBDC4) e Petrobras PN (BOV:PETR4) –, esse top 5 já responde por 75,29% do volume total de ADRs brasileiras negociadas na terra do Tio Sam. Interessante, não é mesmo?
É porque você ainda não viu mais detidamente essas ações que correspondem ao maior volume dentro do grupo. Vale, a primeira disparada, teve o volume de negociação da sua ADR superando o volume das ações da empresa na B3 de 2003 até 2019. Isso mesmo, por 16 anos seguidos teve mais injeção de capital estrangeiro na companhia do que de dinheiro brasileiro, em termos de volume financeiro. E tem mais: “No ano de 2008, a ADR negociava 9,16 vezes o volume do papel negociado na bolsa local”, revela a Economatica.
O volume negociado na B3 só superou o da ADR a partir de 2020, atingindo em 2021 o maior valor financeiro já movimentado pelo papel ao longo dos anos: de US$ 587,6 bilhões ao dia.
E no caso da outra queridinha, a Petrobras, como fica? Ainda dentro dessa linha temporal estabelecida no estudo da Economatica, a ADR da Petrobras ON, ou seja, PETR3, sempre esteve com volume financeiro acima da ação negociada na B3.
Porém, quando partimos para a ação Preferencial da Petrobras (PETR4), o volume da B3 superou o da ADR durante todos esses mesmos anos.
E o que nos diz o Itaú Unibanco nos últimos tempos?
Conforme a Economatica: “No ano de 2021, o volume médio diário da ADR do Itau Unibanco PN ultrapassou o volume do papel na bolsa local. Entre 2018 e 2020, o papel negociado na bolsa B3 foi superior ao do ADR negociado em NY e entre 2006 e 2013 a ADR negociou muito mais que o papel local”.
Ainda dentro dessa trajetória, para fechar o top 5 fica faltando apenas o embate Bradesco x BBDC4.
“Nos últimos quatro anos o papel negociado na bolsa B3 é superior ao da ADR negociada em NY. Em 2021 o volume financeiro médio é de US$ 222,6 milhões, que é o melhor registro anual da ação historicamente. Entre 2005 e 2012 a ADR teve volume superior ao da ação na bolsa B3”, finaliza o estudo da Economatica.
O gráfico desses dados você confere a seguir:
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