O novo conselho da mineradora Vale (BOV:VALE3), cujos 12 nomes foram aprovados pelo atual colegiado na véspera, terá sete membros com ampla experiência em sustentabilidade, além de oito considerados independentes, dentre outras inovações, no que promete ser a maior mudança do órgão administrativo desde que a companhia se tornou privada, em 1997. A eleição dos indicados para o período de 2021 a 2023 será feita pelos acionistas na Assembleia Geral Ordinária, em 30 de abril.
Elaborada por um comitê independente de nomeação, a lista era amplamente aguardada pelo mercado.
A pressão é por um conselho mais independente e menos ligado a Previ, Petros, Funcef, Bradespar e Mitsui — que formavam o antigo bloco de controle e hoje ainda concentram 21% de participação —, e também mais plural em competências que apenas o viés financeiro.
Entre os novos nomes está Elaine Dorward-King, executiva australiana que fez carreira de mais de 20 anos em mineração na Rio Tinto, onde foi a líder global de segurança, saúde e meio-ambiente entre 2002 e 2010, que veio para suprir a lacuna evidenciada pela tragédia de Brumadinho.
Clinton Dines, ex-presidente da BHP Billiton na China, onde vive desde 1979, foi indicado pelo conhecimento da dinâmica do setor no país asiático. Outro executivo veterano do setor de mineração indicado para o conselho é Ollie Oliveira, que atuou na área financeira e de estratégia de mineradoras como Anglo American e De Beers, incluindo experiência no Brasil.
Fora do setor de mineração, foi indicada também Maria Fernanda Teixeira, executiva com larga experiência na área de tecnologia, tendo atuado em empresas como First Data, ICT Group e EDS.
Numa troca menos estratégica, Ken Yasuhara, representante da Mitsui que já era suplente, foi indicado como titular no lugar de Oscar de Camargo Filho.
Fernando Buso, da Bradespar, que também já faz parte do colegiado, foi indicado a vice-presidente.
O atual presidente do conselho, José Maurício Coelho, presidente da Previ, foi indicado para continuar no colegiado, embora não mais na presidência. A proposta é que os atuais conselheiros Murilo Passos, Roger Downey, Eduardo Rodrigues Filho e Sandra Guerra tenham o mandato renovado.
Essa será a primeira assembleia da Vale em que a formação do conselho será feita em lista, com aprovação dos candidatos um a um e não na forma de chapa. A mineradora tentou emplacar uma mudança no estatuto para permitir o voto contrário, que vetaria a entrada de candidatos com mais votos contra que a favor, mas voltou atrás após forte grita do mercado e parecer contrário da CVM.
Para a presidência do conselho, foi apontado José Luciano Duarte Penido, ex-presidente da Samarco e conselheiro independente que já faz parte do board desde maio de 2019, com forte atuação na gestão de crise e na estratégia ESG da Vale depois da tragédia de Brumadinho.
Pelas novas regras propostas na reforma do estatuto da Vale, o presidente que antes era escolhido pelo próprio conselho, agora será votado pelos acionistas em assembleia.
Segundo o jornal Valor, de saída da presidência da Petrobras, o economista Roberto Castello Branco deve disputar uma vaga no conselho da Vale, assim como a presidência do colegiado da mineradora nas eleições para renovar o conselho.
A candidatura de Castello Branco ao conselho da Vale foi confirmada ontem por um grupo de investidores da companhia que resolveu lançar nomes alternativos à lista de 12 pessoas apresentada, na véspera, pela empresa para a eleição na AGO. Além do atual presidente da Petrobras e do José Penido, aparecem na relação dos investidores outros três candidatos: o consultor Mauro Cunha, a contadora Rachel Maia e o advogado Marcelo Gasparino.
No radar dos mercados, os contratos futuros de minério de ferro caíram nesta sexta-feira no mercado asiático e estavam no caminho de sua segunda maior perda semanal até agora este ano, uma vez que as medidas na China para restringir as operações altamente poluentes das siderúrgicas e reduzir a capacidade de produção pesaram sobre o ânimo.
O minério de ferro mais negociado na Bolsa de Commodities de Dalian DCIOcv1 caiu 0,3% para 1.059 iuanes (US$ 163,11), fechando a semana em queda de 6%. O Ministério da Ecologia e Meio Ambiente da China pediu que Tangshan, a principal cidade siderúrgica do país, reprima aqueles que violam as regras de qualidade do ar, depois que quatro usinas não conseguiram implementar restrições à produção durante dias de forte poluição.
O governo de Tangshan emitiu um alerta de poluição de segundo nível em 8 de março, instando as empresas industriais pesadas, como siderúrgicas e usinas de coque, a cortar a produção.
A medida diminuiu o otimismo do mercado sobre um aumento na demanda após Ano Novo Lunar, fazendo com que os preços caíssem 5,7%, para US$ 166 a tonelada no mesmo dia, com base nos dados da consultoria SteelHome.
“O mercado voltou US$ 10 a tonelada em um dia, pois os investidores financeiros diagnosticaram erroneamente o impacto das recentes restrições ambientais sobre a capacidade de produção de aço de Tangshan”, disse Atilla Widnell, diretor-gerente da Navigate Commodities em Cingapura. Ele disse que agora há “um risco maior de longo prazo para a demanda de minério de ferro da China, já que o governo quer cortar a capacidade de aço e avançar na produção a partir do uso de sucata.
Lucro líquido de R$ 24,9 bilhões, revertendo prejuízo de 2019
A mineradora Vale teve lucro líquido de R$ 24,9 bilhões em 2020, revertendo prejuízo de 2019.
A mineradora Vale teve lucro líquido de US$ 739 milhões no quarto trimestre do ano passado, ante prejuízo líquido de US$ 1,56 bilhão no mesmo período de 2019, informou a companhia na quinta.
Segundo a empresa, o resultado foi impactado principalmente por maiores despesas relacionadas ao rompimento de barragem em Brumadinho (MG), seguindo o Acordo Global para reparação, em meio a ganhos fortes no segmento de minério de ferro. O Ebitda de minerais ferrosos somou US$ 8,8 bilhões, o segundo maior da história.
(com informações da Infomoney e Capital Reset)