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Oferta apertada de café pode durar anos, diz trading Olam

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A escassez global de café arábica, com previsão de ser a maior em pelo menos duas décadas, pode persistir além da próxima temporada devido ao impacto do clima seco nas safras do Brasil, segundo uma das maiores tradings da commodities.

Com os sinais de que a demanda começa a se recuperar com a reabertura das economias após as restrições da pandemia, pode levar anos para que a oferta acompanhe a demanda diante da menor produção do Brasil, disse a Olam International, com sede em Cingapura.

O país é o maior produtor de grãos arábica, o tipo preferido pela Starbucks.

Esse cenário é acompanhado pelo aumento dos preços do café, e grandes tradings, como a suíça Volcafe e a Neumann Kaffee Gruppe, de Hamburgo, projetam um grande déficit.

Os futuros do arábica acumulam alta acima de 30% nos últimos 12 meses, e o prêmio do grão robusta, mais barato e usado para café instantâneo, é o mais alto desde 2015.

A Olam disse que o mercado apertado pode continuar sustentando os ganhos, mesmo quando os pés de arábica entrarem na metade de maior produtividade do ciclo bienal na temporada 2022-23.

“Supondo que a demanda de café recupere os níveis pré-pandemia, o maior fator altista para nós é que mesmo um ano ‘on’ no Brasil em 2022-23 não será suficiente para compensar o déficit do ano anterior”, disse Vivek Verma, CEO da Olam Coffee, em entrevista.

“Vemos o mercado entrar em déficit estrutural nos próximos três anos, o que será mais altista no longo prazo.”

 Indicador do café arábica renova recorde nominal, aponta Cepea

Nesta semana, o indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, posto na capital paulista, atingiu novo recorde nominal da série histórica do Cepea, iniciada em 1996.

Ressalta-se, porém, que, quando deflacionado, o valor atual ainda está bem abaixo do recorde real, de R$ 1.798,98, observado em maio de 1997 (as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de março de 2021).

No acumulado da parcial deste mês (de 31 de março a 27 de abril), o indicador CEPEA/ESALQ do arábica subiu 76,67 Reais por saca (ou 10,8%), fechando a terça-feira, 27, a R$ 785,11/sc de 60 kg, o maior valor nominal da série.

Segundo pesquisadores do Cepea, além da já esperada quebra de safra em 2021/22 no Brasil por conta da seca em 2020, o início do período mais seco do ano (outono e inverno) tem preocupado agentes.

A falta de chuvas tem adiantado a maturação dos grãos e já tem gerado alertas quanto ao enchimento final dos grãos.

Além disso, cafeicultores temem que a produção da temporada 2022/23 também seja prejudicada pelo atual contexto climático.

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