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Pequeno grupo de companhias possui 60% do PIB dos oceanos, aponta estudo; Petrobras é única brasileira

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Um número relativamente pequeno de empresas é responsável por mais da metade da “economia oceânica”, segundo dados da Fuqua School of Business, a escola de negócios da Duke University.

Batizado “Ocean 100” (ou “As 100 dos Oceanos”, em tradução livre), esse coletivo de empresas transnacionais faturou US$ 1,1 trilhão em 2018, segundo o relatório publicado no jornal científico Science Advances.

A quantia representa cerca de 60% do total de receitas geradas por toda a atividade econômica nos oceanos em 2018. Se o grupo fosse um país, seu produto interno bruto equivaleria ao do México.

Única brasileira da lista, a Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4) aparece em segundo lugar entre as cem maiores companhias dos oceanos, e integra o grupo dominante da economia offshore: as empresas de petróleo e gás. Com receitas totais de US$ 830 bilhões, o setor ocupa nove das dez primeiras colocações entre as empresas mais ricas dos mares.

O relatório oferece novas implicações para a sustentabilidade dos oceanos e para as empresas que dependem deles.

“Os oceanos serão centrais para a economia global no século 21”, resume Dan Vermeer, um dos coautores do estudo e diretor executivo do Centro para Energia, Desenvolvimento e Meio Ambiente Global (EDGE, na sigla em inglês), de Fuqua. “Um de nossos maiores desafios é manter os ecossistemas marítimos saudáveis em um cenário de crescente exploração e aceleração dos impactos do aquecimento global. O estudo confirma que um número relativamente pequeno de companhias será central nesse desafio, e contará com uma oportunidade real de liderança”.

Com um dos dez melhores cursos de MBA do planeta segundo lista recém divulgada pelo respeitado jornal britânico Financial Times, Fuqua criou o EDGE justamente para impulsionar a formação de lideranças empresariais capazes não apenas de identificar essas oportunidades, mas de atuar para gerar impacto positivo nesse cenário.

Vermeer explica que o centro conta com três categorias sobrepostas de alunos. A primeira, é formada por quem quer trabalhar no setor de energia, e busca conhecimento para poder inovar. O segundo grupo é o de estudantes interessados especificamente nos desafios ambientais e sociais enfrentados pelas empresas, assim como nas oportunidades que eles representam. Por fim, há um terceiro grupo, bastante heterogêneo, que entende que todos têm uma grande responsabilidade em relação às mudanças climáticas, e querem entender como os negócios se relacionam e podem ser uma solução para esses problemas.

E isso aplica-se à indústria de petróleo e gás, para onde os holofotes estão voltados atualmente no Brasil, após as mudanças no comando da Petrobras. “Diferentemente de outras épocas, a pressão sobre o setor só tem aumentado, e isso cria uma competição por talentos”, resume Vermeer. “Procuramos ensinar nossos alunos a pensar ‘de fora pra dentro’, a entender os problemas em profundidade e a encontrar soluções para que as companhias se adaptem a essa nova perspectiva”, diz.

Mudanças regulatórias

Além de petróleo e gás, os pesquisadores estudaram outros sete setores-chave: equipamentos e construções marítimas; produção e processamento de frutos do mar; transporte de containers; construção naval; turismo de cruzeiros; atividades portuárias; e produção de energia eólica.

Assim como apenas algumas grandes companhias controlam uma quantia significativa do faturamento global dos oceanos, pouquíssimas dominam cada uma das indústrias pesquisadas: em todos os setores analisados, as dez maiores empresas de cada setor mostraram-se responsáveis por, em média, 45% de seu faturamento total.

Segundo Vermeer, o estudo oferece uma maneira de entender como poucas multinacionais podem influenciar tremendamente a economia oceânica e porque isso é importante para a sustentabilidade.

“A elevada concentração das indústrias oceânicas pode ser igualmente uma barreira e uma oportunidade para a sustentabilidade”, aponta. “De um lado, esses jogadores-chave tem poder político e mercadológico para resistir às mudanças, barrar inovações e bloquear novas regulações”, afirma. “Por outro, algumas dessas empresas aceitarem trabalhar juntas, é possível transformar o jogo de maneira efetiva e dar rapidamente escala a novas abordagens”.

De acordo com o professor, embora o alinhamento de interesses em um grupo tão diverso seja desafiador, há uma série de riscos impulsionando essas empresas a expandirem seus esforços em prol da sustentabilidade. Um deles é expectativa dos mercados financeiros e de acionistas, que demandam das companhias mais ambição e transparência ao lidar com a sustentabilidade em suas operações e cadeia de fornecimento. Aproximadamente dois terços das empresas que compõem o Ocean 100 possuem ações transacionadas em bolsa.

“A próxima década será crucial para o futuro dos oceanos”, diz Vermeer. “Ameaças do aquecimento global, erosão da biodiversidade, poluição por plásticos e uso industrial dos oceanos têm crescido sistematicamente, assim como as expectativas de governos, dos investidores e do público. As grandes empresas oceânicas têm, agora, uma chance única de ser parte da solução.”

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