O minério de ferro de maior qualidade, com teor de 65% de ferro, tem sido negociado com “spread” recorde ante minérios com teor de 62% e 58%, enquanto a diferença entre o produto de referência com 62% e o de menor gradação com 58% atingiu o maior nível em quatro anos.
O minério de ferro com 65% de teor custa atualmente 66,50 dólares por tonelada mais do que o de 58% e 33,50 dólares a mais que o teor de 62%, segundo dados da consultoria SteelHome, mas o produto ainda assim é atrativo para siderúrgicas, uma vez que as margens de lucro no setor subiram neste ano.
“Empresas de aço estão perseguindo uma produção maior agora, uma vez que estão lucrativas”, disse um operador de mercado em Shandong, que falou sob anonimato. “A demanda por gradações menores não está muito boa, não estamos muito animados a comprar esses produtos.”
As margens de lucro para produção de bobinas a quente em usinas no norte da China ficaram positivas em março, enquanto no início deste mês subiram para 1.188 iuanes (183,14 dólares) por tonelada, o maior nível desde agosto de 2018.
As margens do vergalhão de aço também melhoraram e atingiram no início deste mês o nível mais alto desde abril de 2019, de 928 iuanes por tonelada.
A demanda por minério de ferro de maior teor, que produz mais ferro-gusa um produto intermediário entre o minério de ferro e o aço, com menos impurezas do que a mesma quantidade de minério de baixo teor, tem aumentado enquanto os estoques domésticos de minério de alta qualidade diminuem na China.
Um relatório da CITIC Futures no domingo disse que estoques portuários de finos e granulados australianos de Pilbara com teor de 62% no norte da China têm recuado para níveis abaixo do normal neste ano, enquanto os estoques de finos de alto teor de Carajás, do Brasil, têm caído desde meados de março.
“A lucratividade das siderúrgicas está muito forte em meio à alta nos preços em todas as regiões, o que incentivará a produção e, por sua vez, a demanda por minério de ferro”, disse a Fitch Solutions em relatório.
O apetite por minérios de maior gradação na China foi fraco em 2019 e 2020, uma vez que o lucro das siderúrgicas ficou sob pressão da disparada dos preços de matérias-primas e um consumo mais lento de metais.
Mas a recuperação da demanda pós-Covid tem impulsionado as perspectivas no setor.
Compromissos da China de diminuir a poluição em geral e planos de longo prazo para redução das emissões de carbono no setor serão positivos para a margem de lucro das siderúrgicas.
O aço responde por cerca de 15% das emissões de carbono da China, o que significa que medidas como o fechamento de usinas antigas e restrições à produção de unidades altamente poluentes devem persistir e levar os lucros da indústria para os produtores mais modernos.
As taxas de utilização de altos-fornos em 163 usinas em toda a China caíram para menos de 80% desde meados de março, uma vez que os produtores da principal cidade siderúrgica de Tangshan, na província de Hebei, foram instados a restringir a produção para reduzir as emissões.
A produção de ferro-gusa em Hebei caiu 4% em março por causa dos cortes, mas a produção total de ferro-gusa da China no mês passado aumentou 11,6% em uma base anual, uma vez que as fábricas fora da província aumentaram a produção.
“As fábricas em regiões que não estão sujeitas a restrições ambientais estão aumentando os teores de seu minério de ferro para ampliar a produção”, disse Li Wentao, analista da Tianfeng Futures.