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Descolamento à vista? Bitcoin e Ethereum podem finalmente quebrar sua correlação

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Anish Saxena, um revendedor de automóveis de Nova Délhi, obteve lucros “incríveis” investindo em criptomoedas em 2020, no momento exato em que seu negócio foi impactado pelo ‘lockdown’ imposto pela pandemia do coronavírus.

“Eu ouvia fala sobre o Bitcoin, o Ethereum e dezenas de outros ativos há anos anos”, disse o empresário de 33 anos. “Mas só consegui investir neles depois que o ‘lockdown’ impediu a mim e aos meus familiares de trabalhar. Esse investimento foi muito importante para nos ajudar a sobreviver.”

Anish revelou que alocou cerca de 80% de sua carteira de investimentos em Bitcoin (BTC) e em Ether (ETH). O restante do seu capital foi distribuído entre Polygon (MATIC), Dogecoin (DOGE) e Chainlink (LINK). Investindo apenas em criptomoedas, ele obteve grandes lucros. A soma total, Anish se recusou a revelar.

No entanto, ele quase eliminou a metade dos seus lucros ao não liquidar suas posições antes do crash de maio de 2021.

“Eu estava liquidando minhas posições com base na minha demanda doméstica por dinheiro”, disse Anish. “Embora eu ainda esteja lucrando, ter visto meus ganhos caírem abaixo de 50% fez com que eu recolocasse uma grande parte dos meus investimentos novamente em dinheiro.

Riscos de correlação

Traders de varejo como Anish ficaram desprotegidos devido ao excesso de confiança nas duas principais e mais populares criptomoedas do mercado: o Bitcoin e o Ether.

Embora diferentes em termos de fundamentos econômicos e de tipos de uso, ambos os ativos digitais tendem a se mover na mesma direção. Na história recente, suas perdas e lucros estiveram bem sincronizados. Seus detentores veem seus investimentos crescerem rapidamente durante as altas do mercado, mas, ao mesmo tempo, arriscam-se a perder muito quando a tendência se esgota e há uma reversão a um ciclo de baixa.

“Se for um portfólio exclusivamente focado em criptomoedas, é claro que possuir dois ativos altamente correlacionados adiciona risco ao portfólio”, disse Simon Peters, analista de criptomoedas da corretora eToro.

“Embora o portfólio pudesse ter um desempenho excepcional, com as duas moedas obtendo ganhos em conjunto ao longo de um mês, você também poderia sofrer grandes perdas em um mês ruim, à medida que as mesmas moedas caíssem juntas.”


A correlação entre o Bitcoin e o Ethereum raramente caiu abaixo de 50% nos três anos anteriores. Fonte: Skew

Liam Bussell, chefe de comunicações corporativas do provedor de gateway fiat-para-cripto Banxa, chama o Bitcoin e o Ethereum de retaguarda de liquidez para traders de criptomoedas.

Em seus comentários ao Cointelegraph, o executivo disse que os traders utilizam seus ganhos iniciais nos dois principais ativos do mercado para investir em ativos digitais de capitalização média e baixa, citando as altas do Dogecoin e de projetos de tokens não fungíveis (NFTs). Ele notou:

“Uma vez que o mercado comece a desacelerar, os traders tentam voltar para ativos mais líquidos como o BTC e o ETH. Isso pode compensar quedas por um curto período de tempo, mas não sustentam o mercado indefinidamente. Há ganhos a serem obtidos nos mercados em baixa, mas estas são moedas voláteis e o risco é alto.”


Tendências do Bitcoin e do Ethereum ao longo da história. Fonte: TradingView.com

Além disso, Peters aconselhou os investidores a contrabalançar os riscos dos investimentos em criptomoedas, alocando uma boa parte de seu capital em instrumentos financeiros tradicionais, incluindo ações, commodities e títulos de renda fixa.

“Historicamente, as criptomoedas têm se mostrado bastante não correlacionadas com outras classes de ativos e oferecem melhores condições de risco-retorno”, explicou o analista.

Descolamento à vista?

Peters, por sua vez, lembrou que a transição do mecanismo de consenso da rede Ethereum de proof-of-work para proof-of-stake – conhecida como Ethereum 2.0 – pode limitar sua correlação com o Bitcoin.

Um dos principais recursos incluídos na próxima atualização de blockchain da Ethereum é a deflação. Chamado de EIP-1559, a proposta sugere a queima de uma parte das taxas de transação cobradas dos usuários da rede.

Isso poderá eliminar pelo menos um milhão de tokens de ETH em circulação a cada ano, tornando o ativo mais escasso, de acordo com a publicação educativa de criptomoedas Coinmonks.

O Bitcoin possui uma propriedade semelhante: sua taxa de emissão de novas moedas é reduzida pela metade a cada quatro anos, um processo conhecido como halving. A criptomoeda tem um limite total de 21 milhões de tokens.

“É possível que ocorra um descolamento entre o Bitcoin e o Ether após a conclusão da transição para o Ethereum 2.0 – o funcionamento do ETH na blockchain 2.0 será diferente de como é agora”, disse Peters, acrescentando que:

“A demanda por ETH pode variar dependendo dos rendimentos de staking oferecidos em determinados momentos, o que, por sua vez, pode elevar ou diminuir o preço do ETH independentemente de outras criptomoedas.”

Quanto a Anish, o trader novato disse que seguraria uma parte de seu capital em BTC e ETH.

“Se os negócios se recuperarem após a reabertura da economia, estou planejando investir consistentemente em Bitcoin, Ethereum, ouro e fundos mútuos”, observou ele.

As visões e opiniões expressas aqui são exclusivamente do autor e não refletem necessariamente as visões de Cointelegraph.com e ADVFN. Cada movimento de investimento e negociação envolve risco, você deve conduzir sua própria pesquisa ao tomar uma decisão.

Por Yashu Gola

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