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VEM AÍ A UBER-BOLSA

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Os NFTs são, em última análise, uma nova forma de se fazer negócios – mas sem ninguém para regulamentar

“Só configurando meu Twitter”. Quem poderia prever que essas palavrinhas valeriam 2 milhões e 900 mil dólares? Explicando: essa foi a primeira mensagem do CEO do Twitter, Jack Dorsey, que a vendeu por essa quantia usando a tecnologia NFT – Non-Fungible Tokens.

Vamos explicar. Imagine uma obra de Alfredo Volpi. Isso, aquele das bandeirinhas de festa junina. Uma pintura original, óleo sobre tela do artista, pode valer até R$ 2 milhões. Uma serigrafia, método em que o artista produz uma série limitada de obras iguais, sai entre R$ 5.000 e R$ 20.000. Agora, se você quer uma reprodução, um pôster, pode encontrar em lojas de decoração várias obras de diferentes artistas entre R$ 20 e R$ 200 reais. Talvez até um Volpi.

Ou… você pode simplesmente digitar “Volpi Obras” no Google Images e apreciar o trabalho do artista sem pagar nada.

Certo, agora imagine um artista digital, alguém que produz conteúdo para a internet. O limite de ganhos dele é o equivalente a um pôster – e olhe lá. Ainda somos a geração pioneira da internet, aquela que se acostumou com muito conteúdo gratuito e reclama dos “paywalls” e assinaturas que vemos a torto e a direito.

Foi aí que surgiu o NFT, que podemos traduzir como “carimbo não fungível”. Uma espécie de certificado digital que diz que você está comprando o equivalente a um original, uma obra única. A lisura é garantida pela tecnologia blockchain, aquela que impede a falsificação e produção excessiva de criptomoedas.

Mal surgiu e o NFT foi adotado em massa por influencers, artistas digitais, criadores de memes e afins. O Nyan Cat – você sabe, este meme:

Capturar

(Foto: Reprodução)

original foi vendido por 561 mil dólares!

Agora, o detalhe: assim como você pode apreciar o Volpi de dois milhões de reais de graça no Google Images, você também pode continuar a apreciar (e, no caso dos memes, usar) esse material na internet. Apenas não pode se vangloriar de possuir o original.

À primeira vista, não parece um modelo sólido de negócio, até você entender as ramificações. Pegue as impressoras 3D, por exemplo. Elas podem ser usadas para imprimir estatuetas de personagens peitudas de desenhos japoneses.

Mas o comandante Barry Wilmore, a bordo da Estação Espacial Internacional, precisava de uma chave de fenda específica, fez um pedido, a NASA mandou o arquivo por e-mail e, quatro horas depois, a tripulação estava usando a chave de fenda impressa na 3D e resolvendo o problema. Lógico que, como bons burocratas, a NASA levou cinco dias para desenhar, testar, checar a segurança e mandar o projeto de chave de fenda. Provavelmente, no segundo dia Wilmore cansou de esperar e perguntou à tripulação se alguém tinha uma moeda para fazer uma gambiarra. Mas isso é outra história…

O importante é que isso provou que, ao invés de enviar uma quantidade enorme de itens ao espaço – que, muito provavelmente, nunca seriam utilizados –, é mais fácil equipar as espaçonaves com uma impressora 3D.

Por aqui, elas já estão revolucionando a fabricação de próteses dentárias. Até mesmo braços e pernas estão sendo impressos na hora, ajustando-se com perfeição a cada usuário. E, infelizmente, tem gente imprimindo arma também. Ô, ser humano…

O valor do NFT

Voltando ao carimbo digital. Algumas empresas sérias já testam a capacidade de negócios contida nesse certificado, como a Fox Entertainment. A empresa de mídia criou uma nova companhia, a Blockchain Creative Labs, e seu primeiro projeto: uma nova série do criador de Rick e Morty, Dan Harmon. A empresa, em seu comunicado para a imprensa, definiu o projeto como “a primeira série a ter curadoria digital”, que irá “desenvolver e vender itens como arte digital, direitos exclusivos e experiências imersivas para os superfãs”. Traduzindo, pague mais para ter mais. Outros setores do entretenimento também estão de olho nas possibilidades. O setor de música, por exemplo, que viu o valor das obras musicais despencar, mudou o foco para a produção de shows e Lives como forma de ganhar dinheiro, e agora pode voltar a focar em escrever música mesmo.

Mas é no setor dos negócios que os NFTs prometem uma revolução. Como se trata de um certificado único e confiável, nada impede que uma empresa lance NFTs de um projeto, arrecade dinheiro e depois recompre três certificados ou deixe o mercado comercializá-los.

Sim, é uma ação sem Bolsa. Uma desregulamentação do mercado, assim como o Uber e as próprias criptomoedas. O alcance dessa nova tecnologia, então, seria ilimitado. Pense em sites como Vakinha e Kickstarter, mas sem as taxas e regras.

A própria Bolsa de Nova York lançou seus NFTs. Escolheu seis empresas de tecnologia que fizeram seus IPOs recentemente:

  • Unity
  • Snowflake
  • Coupang
  • Spotify
  • Roblox
  • DoorDash

E colocou à venda no momento em que as ações são colocadas à venda. Isso mesmo. Colocou à venda no momento da batida simbólica do martelo do pregão, cada um dos seis pela módica quantia de 999.999 dólares.

Start-ups já se aproveitam. A maior, até agora, é a Sorare, que se beneficia de uma das grandes características do NFT: a possibilidade de adicionar raridade a itens digitais. A empresa faz cards, figurinhas de jogadores de futebol e já licencia oficialmente 140 clubes. Todos os grandes da Europa, da J-League do Japão, os grandes da Argentina. Do Brasil, por enquanto, só o Atlético Mineiro. Você pode apenas colecionar as cartas virtuais ou montar seu time e jogar na própria Sorare.

A Mastercard também entrou na onda. A empresa pretende usar a certificação digital por blockchain para rastrear a pegada ecológica de diversos produtos, permitindo que seus clientes façam a escolha mais ecológica.

O problema são outras empresas. Sim, a tecnologia blockchain impede que um NFT seja roubado, clonado ou falsificado. Você estaria 100% seguro. O que ele representa, o que ele vende, oferece, aí já é outra história… Mais do que nunca, é preciso ficar atento e estudar muito cada proposta, cada empresa e o que ela propõe. Mesmo com todos os cuidados em regras, muitas pessoas são enganadas em sites como o Kickstarter, no qual é possível apresentar um projeto miraculoso para depois sumir com o dinheiro arrecadado.

E não há alternativa. Os NFTs estão aí para ficar. Já estão sendo adotados por mais e mais empresas, alçados em velocidade recorde e ganhando categoria de investimento sério. Em breve, os memes engraçadinhos e rabiscos vão virar um rodapé nas negociações, superados por propostas de negócios de empresas, algumas mais sérias que as outras. Cabe ao investidor estudar muito, buscar informações e saber qual é a diferença entre uma e outra. É mais uma oportunidade para seu portfólio. Arriscada, certamente, mas não deixa de ser uma oportunidade.

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