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Ninguém está imune

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Se o Facebook, o WhatsApp e o Instagram não estão imunes aos reveses da tecnologia, o que dizer das techs tupiniquins?

Esse parece ter sido o raciocínio dos investidores, já que Banco Pan, Inter e Méliuz fecharam o pregão de ontem com quedas de 13%, 13% e 8%, respectivamente.

Isso apesar da transação de Banco Pan, que anunciou ontem a compra da Mosaico.

O Facebook ficou cerca de 6 horas fora do ar nesta segunda-feira, e a causa parece ter sido uma alteração no protocolo de acesso aos servidores da companhia. Com a mudança, smartphones e navegadores de PCs não mais conseguiam achar os servidores do Facebook e, com isso, não carregavam os dados.

A companhia tem data centers próprios espalhados pelo mundo inteiro. Imagina para quem não tem?

Tudo isso corre à revelia da performance das empresas brasileiras.

O Banco Pan, agora 100% nas mãos de capital privado, sai às compras. Tenho a sensação de que essa pode ser a primeira de outras aquisições que podem vir. A Mosaico já estava dentro de casa, já que o BTG tinha uma participação de 13% do negócio. O Banco Pan está tateando, degustando a atividade de comprar outras empresas. Se essa prática cair no gosto da gestão, há toda uma avenida de crescimento, inorgânica, a ser inaugurada pelo Pan. A queda de 13% não parece fazer muito sentido.

Inter, por sua vez, apanha duplamente: há o efeito negativo sobre as techs e, também, um rumor de que o banco estaria preparando provisões extraordinárias para refletir a inadimplência maior de uma carteira de crédito que caminha para linhas mais arriscadas. Isso porque o Inter, originalmente, nasceu para fazer o crédito imobiliário da MRV — e o crédito residencial é, por definição, menos arriscado, porque basta o credor executar o imóvel como garantia que o empréstimo está pago.

Agora, o Inter caminha, a baby steps, para o cartão de crédito e para o crédito a pequenas e médias empresas (PMEs). Essas são linhas mais arriscadas: cartão de crédito é uma modalidade de crédito pessoal sem garantia. E crédito PME, por sua vez, é uma modalidade que nem sempre conta com garantias.

Historicamente, o Inter reserva algo perto de 100% dos créditos inadimplentes como provisões para perdas (o chamado índice de cobertura), enquanto os bancos tradicionais provisionam acima de 200%, via de regra. Então surgiu um rumor sobre a provisão extraordinária, que a companhia logo negou por meio de um comunicado ao mercado. Além disso, a empresa adiantou a divulgação da sua prévia operacional, a qual mostrou um provisionamento em linha com trimestres passados e uma inadimplência, idem.

Há de se considerar, também, que uma parte dos índices de cobertura mais altos dos grandes bancos se deve à relevância maior do crédito a grandes empresas no portfólio deles. Crédito a grandes empresas, por mais que estas sejam em geral mais sólidas e com menor chance de inadimplência, envolve o risco de perdas relevantes em um cenário de cauda. Isso porque o valor financeiro emprestado a essas empresas é grande e, além disso, há o risco de efeito cascata quando uma grande corporação dá calote. Por isso, o índice de cobertura para a carteira de grandes empresas fica acima de 300%, em geral. Com isso, a cobertura média da carteira como um todo tem de ser maior mesmo.

Para o Inter, que havia subido mais de 100% no ano antes de as techs começarem a apanhar, o cenário parece ser de business as usual.

Por fim, Méliuz, que acaba de completar um ano do seu IPO, segue no rumo traçado na sua estreia: reforçando equipe, investindo em marketing para aquisição de clientes e desenvolvendo seu braço financeiro, agora mais promissor com o Acesso sendo parte do grupo. Os resultados de curto prazo, na nossa expectativa, devem refletir os investimentos que preparam a companhia para o crescimento futuro.

Mais uma vez, business as usual.

Mas o mercado não se importa.

A subida dos juros, o medo generalizado e a pane no Facebook falam mais alto.

O ruído macroeconômico é implacável.

Ninguém está imune.

Um abraço,
Larissa

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