O Banco Inter desembarca nos Estados Unidos ao listar suas ações na Nasdaq, bolsa conhecida por atrair nomes da tecnologia. Na nova fase, o banco tem a ambição de ter 1 milhão de clientes até o fim do ano. Além da sua própria base no Brasil, o foco é crescer junto aos imigrantes, público de cerca de 50 milhões que residem no país. No futuro, a instituição, original de Minas Gerais, acredita que pode ter 50% do seu negócio no mercado americano e quer ir além, avançando para outros países da Europa.
As ações da Inter&Co, holding que controla o banco do mesmo nome, estrearam em baixa de 7% enquanto a Nasdaq diminuiu os ganhos, mas segue como exceção em mais um dia de perdas no mercado acionário dos EUA. Apesar de abrirem em alta, as bolsas de NY não conseguiram sustentar o movimento de recuperação visto mais cedo, com os ativos de risco sendo penalizado novamente por temores de recessão na maior economia do mundo.
Apesar de um cenário macroeconômico desfavorável em meio ao aperto monetário para controlar a elevada inflação nos EUA, o presidente do banco Inter, João Vitor Menin, afirma que o momento de listagem é “interessante” e se diz otimista uma vez que a listagem na Nasdaq amplia o leque de investidores internacionais para o papel, e que antes não tinham acesso pelo fato de o banco ter suas ações negociadas apenas no Brasil.
“O investidor não precisa mais comprar Inter no Brasil, ter preocupação com o câmbio. A gente começa a dar mais visibilidade ao papel para que grandes investidores possam se posicionar no nome”, afirmou Menin, ao Broadcast, acrescentando que a relação com investidores de longo prazo como, por exemplo, o japonês SoftBank, segue melhora após a listagem com o Inter sendo negociado em dólar.
Longo prazo
Com apenas 40 anos, o executivo diz que é “novo“ e sua visão para o negócio do Inter (BOV:BIDI11) é de longo prazo, para os próximos, dez, 20 anos. Ou seja, anos de turbulência no mercado acionário como tem sido 2022, avalia, são “irrelevantes” sob o ponto de vista da estratégia do banco.
Nos EUA, a meta do Inter é crescer junto aos imigrantes, que, segundo Menin, são um público mal atendido por aplicativos de remessas de recursos, a preços elevados. O ponto de partida são brasileiros, afirma, mas o Inter quer avançar junto a outras nacionalidades, explorando o grande público de mexicanos, dentre outros que chegam aos Estados Unidos todos os dias. Segundo ele, o Inter não restringirá seu radar nos imigrantes legais, mas também aqueles que não têm visto para residir no país e que sempre foram vistos como “proibitivos” para o sistema financeiro, desde que passem nos quesitos de compliance do banco.
O pontapé do Inter nos EUA começa com a base de 150 mil clientes da norte-americana fintech Usend, adquirida no início deste ano. A integração do negócio está quase concluída, afirma Menin. Na prática, o banco trouxe a experiência de remessa da fintech e abarcou sua tecnologia e serviços bancários em um “super app”. O cliente terá acesso a sua conta nos EUA e no Brasil, na mesma plataforma, com acesso 24 horas por dia, sete dias na semana. Já estão disponíveis os serviços de conta corrente, cartão de débito e futuramente abarcará ainda cartão de crédito e outros.
“Nossa estratégia aqui é a mesma quando começamos no Brasil, onde acabamos de alcançar 20 milhões de clientes. Grande parte dos nossos clientes lá não eram bem atendidos e tinham um produto caro”, disse Menin, ao se referir sobre a concorrência nos dois mercados.
Ao desembarcar na maior economia do mundo, o Inter acredita, conforme o executivo, que pode ter no futuro 50% ou mais do seu negócio nos EUA. Quanto ao prazo, Menin disse que é difícil precisar. “Estamos no maior país do mundo. Precisamos digerir nosso projeto de expansão aqui”, disse.
O Inter começa sua expansão internacional nos EUA, mas já pensa ir além. O próximo passo, ainda sem data é a Europa. “Na América Latina, já estamos no Brasil”, justifica.
Com 20 milhões de clientes no Brasil e mais de R$ 38 bilhões de ativos, o Inter passa a ser listado em Nova York por meio da Inter &Co, holding, na qual a família Menin mantém o controle do banco. O banco, porém, seguirá com presença na B3, por meio de Brazilian Depositary Receipts (BDRs) INBR31, lastreados nos papéis da Inter &Co. Os papéis do Banco Inter pararam de ser negociados na bolsa brasileira na última sexta-feira, dia 17, após uma queda acumulada de 63,52% em 2022.
O Inter tentou concretizar a migração da sua listagem aos EUA no ano passado, mas ofereceu um valor por ação, para quem quisesse a retirada, mais alto do que o preço de tela das ações, que já estavam em queda. Como o plano não previa rateio e a demanda pela retirada superou o limite de R$ 2 bilhões, o banco cancelou a reestruturação. Conseguiu emplacá-la, neste ano, com um limite menor, de R$ 1,1 bilhão, e um rateio acima disso.
Informações Broadcast