A Camil Alimentos reportou lucro líquido de R$ 96,8 milhões referente ao primeiro trimestre de 2022 do ano fiscal (março-maio de 2022) , queda de 10,5% no comparativo anual, pressionada pelo aumento nas taxas de juros que afetou o endividamento da empresa após aquisições.
A receita líquida foi a R$ 2,397 bilhões, 6,2% mais que no primeiro trimestre do exercício passado. A alta da receita foi puxada pela divisão Alimentício Brasil (R$ 1,867 bilhão, alta de 6,4%), com influência positiva do aumento das vendas de grãos e açúcar e a inclusão de massas e café ao portfólio.
O Ebitda – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização –somou R$ 244,6 milhões no trimestre, alta de 33% ante os três primeiros meses de 2021. A margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) foi de 10,2%, o que representa alta de 2,1 pontos percentuais em relação ao primeiro trimestre de 2021.
O resultado financeiro líquido trouxe despesas de R$ 84,9 milhões, 239,4% acima frente março e maio do ano passado. De acordo com a Camil, esse aumento decorreu, principalmente, dos “efeitos decorrentes do crescimento das despesas com juros sobre empréstimos, devido ao aumento da taxa de juros, e pela variação cambial e monetária no período”.
As despesas com vendas atingiram R$ 233,4 milhões, ou 9,7% da receita líquida do trimestre, principalmente devido ao crescimento das despesas com vendas do Segmento Alimentício Brasil, que atingiram R$ 155,1 milhões. Esse efeito também foi impulsionado pelas despesas com vendas do Segmento Alimentício Internacional, que atingiram R$ 78,4 milhões.
As despesas gerais e administrativas atingiram R$ 125,5 milhões, ou 5,2% da receita líquida do trimestre, devido ao crescimento das despesas do Segmento Alimentício Brasil, que atingiram R$ 92,9 milhões e Internacional, que atingiram R$ 32,6 milhões.
Quando comparado ao trimestre imediatamente anterior, o último de 2021, os volumes registrados pela Camil tiveram alta de 7,8%, de acordo com os dados.
Lá fora, a Camil atua no Uruguai, Peru, Chile e Equador, e contou com um incremento em sua divisão internacional, com alta de 43,7% em volume no primeiro trimestre ante igual período de 2021, puxado pelo Uruguai.
O endividamento total atingiu R$ 3,4 bilhões (+31,9% YoY e +5,4% QoQ), em função do aumento anual e sequencial de empréstimos e financiamentos entre os períodos (+69,0% YoY e +21,8% QoQ), e pelo crescimento anual de debêntures (+17,7% YoY e -1,9% QoQ). O crescimento do período foi decorrente, principalmente, de captações de empréstimos e financiamentos no período relacionados às aquisições realizadas em 2021.
A liquidez total (caixa e equivalentes de caixa e aplicações financeiras de curto e longo prazo) atingiu R$ 1,3 bilhão (-9,5% YoY e -17,7% QoQ).
O Capex da empresa foi de R$ 28,6 milhões entre março e maio, 37% menos que um ano antes, “principalmente devido à investimentos de manutenção e postergação de projetos de expansão programados no período, decorrente do cenário em patamares elevados da taxa de juro”.
Os resultados da Camil (BOV:CAML3) referentes às suas operações do primeiro trimestre do exercício 2022 foram divulgados no dia 14/07/2022. Confira o Press release na íntegra!
VISÃO DO MERCADO
Itaú BBA
O Itaú BBA também destaca os resultados como positivos, com o Ebitda ajustado 10% acima da sua estimativa. “O desempenho positivo da margem no comparativo anual e trimestral pode ser atribuído principalmente à melhoria da dinâmica de rentabilidade de grãos, bem como aos resultados iniciais dos novos negócios. Reiteramos nossa visão construtiva sobre o nome”, apontam os analistas do banco.
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XP Investimentos
Para a XP, a Camil teve um primeiro trimestre sólido, com receita líquida recorde e 2,4% acima da projeção da XP devido aos maiores preços para o feijão, açúcar e pescado, além de novas fontes de receita como massas e café, e um desempenho surpreendente no Uruguai.
O Ebitda também foi recorde e 6,8% acima da estimativa da XP, com margens na operação brasileira acima da projeção dos analistas, mas abaixo no Internacional.
“Além de um esperado ramp up (forte crescimento inicial) nas duas novas categorias (massas e café), e apesar da persistente escassez de pescado (sardinha), vemos como altamente positivo manter um portfólio de produtos defensivos em um ambiente inflacionário, sobretudo com marcas fortes para defender preços mais altos e sustentar margens mais saudáveis”, avaliam os analistas.
Por outro lado, a alavancagem da empresa, aliada a taxas de juros mais altas, pode diminuir suas oportunidades de M&A [fusões e aquisições] e já está afetando a última linha [lucro], ponderam.
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