A Kohl’s (NYSE:KSS) anunciou na sexta-feira (01) que está encerrando as negociações para vender seus negócios, dizendo que o ambiente de varejo se deteriorou significativamente desde o início de seu processo de licitação.

A empresa também cortou suas perspectivas para o segundo trimestre fiscal, citando gastos mais suaves do consumidor em meio à inflação de décadas. Agora, as vendas caíram em um dígito alto, em comparação com uma previsão anterior de um dígito baixo em relação ao ano passado.

As ações da varejista caíram cerca de 17% nas negociações de pré-mercado após serem brevemente interrompidas nas notícias.

A Kohl’s também é negociada na B3 através do ticker (BOV:K1SS34).

O anúncio da Kohl confirmou o relatório da CNBC na quinta-feira de que a Kohl não planeja mais vender seus negócios para o Franchise Group (NASDAQ:FRG), proprietário do The Vitamin Shoppe.

Essa decisão da Kohl’s ocorre em um momento em que o preço de suas ações cai e suas vendas diminuem. Enfrentou meses de pressão de investidores ativistas para buscar uma venda e agitar os negócios com uma nova lista de diretores do conselho.

“Apesar de um esforço conjunto de ambos os lados, o atual ambiente de financiamento e varejo criou obstáculos significativos para se chegar a um acordo aceitável e totalmente executável”, disse Peter Boneparth, presidente do conselho da Kohl’s, em um comunicado à imprensa.

“Dado o ambiente e a volatilidade do mercado, o conselho determinou que simplesmente não era prudente continuar buscando um acordo”, acrescentou.

O financiamento de tal acordo tornou-se mais difícil devido à volatilidade no mercado de ações e na economia em geral, já que o Federal Reserve aumenta as taxas de juros para combater a inflação crescente. No início desta semana, a Walgreens Boots Alliance descartou seu plano de vender sua rede de farmácias no Reino Unido, Boots, dizendo que nenhum terceiro foi capaz de fazer uma oferta adequada devido à turbulência nos mercados financeiros globais.

Embora o conselho da Kohl tenha decidido que é do melhor interesse dos acionistas que a administração continue operando de forma independente, a varejista disse na sexta-feira que seu conselho “ainda assim permanece aberto a quaisquer oportunidades para maximizar o valor para os acionistas”.

O Franchise Group estava pensando em reduzir sua oferta pela Kohl’s para mais perto de US$ 50 por ação, de cerca de US$ 60, informou a CNBC na semana passada. A mudança de pensamento ocorreu quando as perspectivas para o setor de varejo ficaram cada vez mais sombrias, à medida que aumentavam os temores de uma recessão.

O Franchise Group no início de junho propôs uma oferta de US$ 60 por ação para adquirir a Kohl’s em uma avaliação de aproximadamente US$ 8 bilhões. As duas empresas entraram em uma janela exclusiva de três semanas durante a qual podem firmar qualquer due diligence e acordos finais de financiamento. Isso seguiu seu curso no fim de semana passado.

As ações da Kohl fecharam quinta-feira a US$ 35,69. Em um ponto durante o dia, as ações atingiram uma baixa de 52 semanas de US$ 34,33. A Kohl’s encerrou o dia com uma avaliação de mercado de aproximadamente US$ 4,6 bilhões, suas ações caíram cerca de 28% até agora este ano.

No início deste ano, a Kohl’s recebeu uma oferta por ação de US$ 64 da Acacia Research, apoiada pela Starboard, mas considerou a oferta muito baixa.

A empresa ativista Macellum Advisors vem pressionando a Kohl’s a considerar uma venda ou considerar outras alternativas estratégicas desde janeiro. A Macellum também defendeu que a Kohl’s reformule sua lista de diretores, argumentando que a varejista, sob a presidência da CEO Michelle Gass, teve um desempenho inferior nos últimos anos em comparação com seus pares.

Em meados de maio, no entanto, os acionistas da Kohl votaram pela reeleição da atual lista de 13 diretores da empresa, derrotando assim a proposta de Macellum.

Nas últimas semanas, as perspectivas para o setor de varejo ficaram mais sombrias à medida que os consumidores reduzem seus gastos em certas categorias discricionárias, como bens de consumo e vestuário, em meio à inflação e à ameaça de desaceleração econômica.

A cadeia de móveis de alta qualidade RH cortou na quarta-feira sua previsão de receita no ano fiscal de 2022, antecipando uma demanda mais suave por seus produtos na segunda metade do ano. A Bed Bath & Beyond viu suas vendas despencarem no trimestre mais recente e demitiu seu CEO.

As empresas também estão vendo os estoques se acumularem à medida que as remessas de mercadorias chegam mais tarde do que o planejado, devido a problemas na cadeia de suprimentos. A varejista de grandes caixas Target, no início de junho, alertou os investidores de que seus lucros sofrerão um impacto de curto prazo, pois marca itens indesejados, cancela pedidos e toma medidas agressivas para se livrar do estoque extra.

As vendas da Kohl para o período de três meses encerrado em 30 de abril caíram para US$ 3,72 bilhões, de US$ 3,89 bilhões em 2021. Quando divulgou esses números em meados de maio, o varejista também reduziu suas previsões de lucro e receita para o ano fiscal completo, turvando ainda mais o quadro para um possível negócio.

Com informações de CNBC