Petrobras reduz intervalos de rebaixamento entre reajustes e não age conforme critérios técnicos apregoados por sua administração

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A Petrobras reduziu os intervalos de rebaixamento dos preços dos combustíveis e não age conforme critérios técnicos apregoados por sua própria administração, aponta levantamento encomendado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) ao Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

A conclusão vai de encontro à avaliação de agentes de mercado, segundo os quais a companhia tem, sim, acompanhado as variações do preço de paridade de importação (PPI). Segundo a FUP e os técnicos do Dieese, no entanto, fosse esse o parâmetro guia da estatal, haveria espaço para reduções ainda maiores. Tal não aconteceria, dizem as entidades, porque a estratégia da estatal, atravessada por viés ‘eleitoreiro’, tem sido fatiar as reduções de preço para multiplicar anúncios apropriados pelo grupo político do presidente Jair Bolsonaro (PL).

A favor da Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4) pesa o argumento de executivos e analistas de que manter certa gordura ante os preços internacionais pode preservar a companhia, poupando-a de praticar novos aumentos e de se desgastar com o Planalto em caso de novas escaladas das cotações no exterior.

Nos cálculos do Dieese, embora a gasolina caia continuamente nos últimos dois meses, ainda registra alta de 118,4% no governo Bolsonaro até esta terça-feira. O diesel, que também começou a cair sob a presidência de Caio Paes de Andrade na Petrobras, ainda acumularia 165,9% de alta desde o início do governo. O gás de cozinha (GLP), por sua vez, que também foi reduzido na semana passada, teve os preços aumentados em 109,3% desde janeiro de 2019. Para efeito de comparação, no mesmo período, o salário mínimo foi reajustado em 21,4% e a inflação oficial acumulada do País (IPCA) foi de 25,3%, destaca o Dieese.

Segundo estudo do economista do Dieese Cloviomar Cararine, a fim de reverter essas altas, a gestão Paes de Andrade na Petrobras inaugurou um período de reajustes pautado em repasses mais rápidos das variações dos preços do barril de petróleo em real (para embutir o efeito do câmbio) que rompe com as últimas duas administrações anteriores – e se assemelha, ainda que em sentido contrário, à condução de Roberto Castello Branco, o primeiro presidente da companhia sob o governo Jair Bolsonaro (PL), que ficou um ano e meio no cargo.

“Com Castello Branco, as seguidas e imediatas alterações de preços foram

sobretudo para cima. Com Castello Branco, entre janeiro de 2019 e abril de 2021, a gasolina subiu 71,1%, o diesel, 44,5% e o gás de cozinha 65,9%. Com Paes de Andrade, os reajustes são para baixo, estimulando a pressa nos anúncios”.

Somente na gasolina, nas refinarias, foram anunciadas quatro quedas de preços, sob Paes de Andrade. Em dois meses e meio, a baixa acumulada do insumo nas unidades da Petrobras foi de 18,8% que, somadas ao efeito do corte de impostos, levou a uma queda de 32,8% nos postos. O mercado aguarda novas reduções fatiadas na gasolina para os próximos dias. Bastidores dão conta que o governo tenta empurrá-los para o período entre o primeiro e o segundo turno das eleições a fim de obter máximo proveito político da queda de preços.

No caso do diesel, insumo de cotações reconhecidamente mais voláteis no exterior, houve essa semana a terceira redução no preço médio do litro do produto na gestão Paes de Andrade (-5,78%), compondo um recuo acumulado de 12,4% em dois meses e meio nas refinarias. Esse desconto deve chegar às bombas, incrementando a baixa de 9,6% verificada até então ao consumidor final.

Segundo Cararine, do Dieese, as administrações intermediárias da Petrobras no governo Bolsonaro, do general Joaquim Silva e Luna e do químico industrial José Mauro Ferreira Coelho esperavam mais tempo que a de Paes de Andrade para adotar correções internas de preços, após as altas do barril lá fora. De acordo com o especialista, só no período Silva e Luna (16/04/2021 a 09/04/2022), a gasolina teve reajuste de 46,1%, o diesel, de 62,7% e o gás de cozinha, de 32,1%, mas com reajustes esparsos, que demoravam a repassar a volatilidade externa aos preços domésticos.

Na leitura do coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, critérios técnicos de alinhamento dos combustíveis ao preço de paridade de importação (PPI), que faziam parte do discurso oficial, “tornaram-se secundários diante da pressão do Planalto e da conveniência eleitoreira”.

No caso específico do diesel, Bacelar afirma que os preços permanecem descolados do movimento baixista do barril do petróleo, e ainda pode faltar no mercado doméstico nos próximos meses, uma vez que entre 25% e 30% do consumo nacional é importado.

A conjuntura, para Bacelar, não dá espaço para reduções no preço do diesel dentro da lógica de mercado da Petrobras, e movimentos da companhia na contramão disso indicam que a atual direção atuaria para favorecer a campanha do governo.

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