A Brasilagro – Companhia Brasileira de Propriedade Agrícolas encerrou o primeiro trimestre desta safra 2022/23, em setembro, com lucro líquido de R$ 42 milhões, 61,1% menos que no mesmo período do ciclo 2021/22.
A receita líquida somou R$ 299,8 milhões, ante R$ 378,1 milhões de igual período do ano passado (-21%). A empresa destaca que o primeiro trimestre do ano fiscal concentra cerca de 30% de seu faturamento anual. A empresa destaca que o primeiro trimestre do ano fiscal concentra cerca de 30% de seu faturamento anual.
O ebtida – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização – ajustado foi de R$ 107,1 milhões, com queda de 52% no mesmo comparativo.
A grande pressão sobre as margens líquidas, que recuaram de 21% para 13%, ajuda a explicar o resultado. Outro fator foi a estratégia da empresa de acelerar as vendas de soja – carro-chefe da empresa – para o último terço do ano safra 2021/22. Segundo a companhia, a negociação do grão foi 68% maior naquele trimestre do que em anos anteriores.
A principal diferença apontada entre o primeiro trimestre de 2021/22 para este foi o custo de produção. Já estava no radar dos agricultores que a temporada 2022/23 exigiria gastos mais robustos.
O principal entrave foi a crise de abastecimento de fertilizantes durante as compras para o ciclo por conta da invasão da Ucrânia pela Rússia. O preço da tonelada dos adubos passou dos US$ 1.000 em alguns casos, enquanto o habitual seria um valor em torno de US$ 700.
“Agora estamos vendo uma readequação de preços dos adubos a esses patamares, e isso pode ser positivo para nossa safra 2023/24”, avalia Gustavo Javier Lopez, diretor financeiro e de relação com os investidores da BrasilAgro.
Já um reajuste que foi negativo para a companhia foi o do valor pago pela cana-de-açúcar. Se no ano passado, o produto garantiu margens expressivas, o mesmo não ocorreu neste ano.
A mudança do ICMS sobre o preço da gasolina tirou a competitividade do etanol e fez o valor pago pela tonelada de açúcar total recuperável (ATR, o índice utilizado pelo mercado) cair por volta de R$ 25. “Só nesta diferença, podemos estimar um recuo de R$ 50 milhões de receita”, reforça Lopez.
A BrasilAgro já negociou 55% da produção de soja da safra 2022/23, a um câmbio médio de R$ 5,37. Já 50% da colheita de algodão foi negociada e 25% da produção de milho foi vendida. Enquanto isso, 46% da cana – produto este que é negociado no mercado interno a uma média de R$ 159 por tonelada de ATR – já está comercializada.
Venda no Paraguai
A companhia reportou a venda de 863 hectares de terra da Fazenda Morotí, localizada no Paraguai. A transação rendeu US$ 1,7 mil por hectare, ou US$ 1,5 milhão (cerca de R$ 8 milhões na cotação atual) para a companhia – o valor será contabilizado nos balanços futuros.
A cifra é pequena ao considerar que a empresa negociou quase R$ 600 milhões em terras no ano passado, mas André Guillaumon aponta que a negociação é emblemática para estratégia da BrasilAgro. “Foi a nossa primeira venda fora do país, isso ajuda a destravar valor dessa operação e indica ao mercado que temos poder de negociação também fora do Brasil”, diz o CEO.
Comprada em 2013, a propriedade tem 59,6 mil hectares (sendo 34 mil agricultáveis) e foi adquirida a um preço médio de US$ 314 por hectare, ou US$ 18,7 milhões. Somente na venda anunciada nesta terça, a companhia conseguiu elevar o valor por hectare em US$ 1,4 mil, o que rendeu uma Taxa Interna de Retorno Esperada (TIR) de 27,9% em dólares e 42,2% em reais.
Além da propriedade no Paraguai, a BrasilAgro possui terras na Bolívia e em sete estados brasileiros (Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Piauí).
A companhia informou também que vendeu uma parte da fazenda Morotí, no Estado de Boquerón, no oeste do Paraguai. O negócio, de 863 hectares (498 hectares úteis), foi fechado por US$ 1,5 milhão, ou aproximadamente US$ 1,7 mil por hectare.
Segundo a companhia, o comprador já pagou US$ 748,5 mil. O valor restante será dividido em três parcelas anuais.
A BrasilAgro comprou a fazenda Morotí, de 59,8 mil hectares (34 mil hectares úteis), em dezembro de 2013, por US$ 18,7 milhões, ou US$ 314 por hectare. Assim, o lucro nessa venda foi de quase US$ 1,4 mil.
Os resultados da Brasil Agro (BOV:AGRO3) referentes às suas operações do primeiro trimestre do ano safra 2022/2023 foram divulgados no dia 09/11/2022.
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Reuters