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A petrolífera BP (NYSE:BP) divulgou na terça-feira (7) lucros anuais recordes, mais do que dobrando o total do ano passado, com os preços dos combustíveis fósseis disparando após a invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia.
A gigante britânica de energia registrou lucro de custo de reposição subjacente, usado como proxy para lucro líquido, de US$ 27,7 bilhões em 2022. Isso se compara a US$ 12,8 bilhões no ano anterior.
Analistas consultados pela Refinitiv esperavam lucro líquido de US$ 27,6 bilhões para o ano de 2022. A BP disse que seu lucro anual recorde anterior foi de US$ 26,3 bilhões em 2008.
No quarto trimestre, a BP registrou lucro líquido de US$ 4,8 bilhões, superando por pouco as expectativas dos analistas de US$ 4,7 bilhões.
A BP anunciou uma nova recompra de ações de US$ 2,75 bilhões, que espera concluir antes de anunciar seus resultados do primeiro trimestre de 2023 no início de maio. Também aumentou seu dividendo em 10%, para 6,61 centavos por ação ordinária.
O CEO da BP, Bernard Looney, descreveu os ganhos como “um bom conjunto de resultados”.
“Antes de tudo, espero que você veja uma empresa que está tendo um bom desempenho, atuando enquanto se transforma. Tivemos nossa maior confiabilidade operacional em nossa história, tivemos o menor custo de produção em 16 anos, então o negócio em si está funcionando muito bem”, disse Looney ao programa “Squawk Box Europe” da CNBC na terça-feira.
A BP disse que a dívida líquida do quarto trimestre foi reduzida para US$ 21,4 bilhões, abaixo dos US$ 30,6 bilhões em comparação com o mesmo período do ano anterior.
As ações da BP (LSE:BP) subiram mais de 4% durante os negócios da manhã em Londres.
A BP também é negociada na B3 através do ticker (BOV:B1PP34).
Os resultados mostram a BP se juntando à bonança de lucro do Big Oil.
A rival britânica Shell divulgou na quinta-feira seu maior lucro anual de quase US$ 40 bilhões. Antes disso, a gigante petrolífera americana Exxon Mobil registrou um lucro de US$ 56 bilhões em 2022, marcando um recorde histórico para a indústria petrolífera ocidental. Os lucros da Chevron em 2022 chegaram a um recorde de US$ 36,5 bilhões.
Espera-se que as maiores empresas de combustíveis fósseis do Ocidente tenham obtido lucros combinados de quase US$ 200 bilhões no ano, segundo dados da Refinitiv. A TotalEnergies da França está programada para relatar os ganhos do ano inteiro na quarta-feira.
A escala extraordinária dos ganhos renovou as críticas à indústria de petróleo e gás e provocou apelos por impostos mais altos.
“As pessoas em todo o país não precisam olhar além de sua própria porta de entrada – uma das próprias companhias de petróleo da Grã-Bretanha – que tem obtido lucros recordes enquanto tantos britânicos enfrentam dificuldades sem culpa alguma”, disse Jonathan Noronha-Gant, ativista sênior no grupo de defesa Global Witness.
“A implementação de um imposto inesperado para ajudar aqueles que lutam financeiramente, juntamente com um aumento significativo em energia renovável e isolamento doméstico, pode ser o começo do fim da era prejudicial dos combustíveis fósseis, tanto para as pessoas quanto para o planeta. A BP é mais rica porque você é mais pobre”, disse Noronha-Gant.
John Moore, gerente sênior de investimentos da RBC Brewin Dolphin, disse que os resultados recordes da BP sustentaram o aumento de dividendos e recompras adicionais de ações.
“É justo dizer que, após o período coberto por esses resultados, o preço do petróleo enfraqueceu, enquanto a BP também está enfatizando seu investimento em renováveis e seu compromisso em mudar a forma como a empresa opera”, disse Moore.
“Mas, mesmo considerando esses fatores, inevitavelmente haverá uma reação contra os resultados de hoje no clima atual. Eles apenas aumentarão os pedidos de intervenção política em algum momento no futuro próximo”.
‘Trilema da energia’
Nos últimos trimestres, os executivos do Big Oil tentaram defender seus lucros crescentes e disseram que a perturbação significativa nos mercados globais de energia devido à guerra na Ucrânia reafirmou a importância de resolver “o trilema da energia”.
De acordo com uma declaração aos investidores da Looney da BP no final do ano passado, isso se refere a “energia segura, acessível e com baixo teor de carbono”.
A BP, que em 2020 estabeleceu sua ambição de se tornar uma empresa líquida zero “ até 2050 ou antes”, previu recentemente que o petróleo e o gás se tornariam uma parte dramaticamente menor do mix global de energia em meados do século.
Em sua última previsão anual de energia, publicada em 30 de janeiro, a empresa disse que vê a participação dos combustíveis fósseis como fonte primária de energia caindo de 80% em 2019 para entre 55% e 20% até 2050. A participação das renováveis na energia primária, entretanto, foi projetada para crescer de 10% para entre 35% e 65% no mesmo período.
A ampla gama de resultados reflete vários caminhos possíveis para a transição energética. Mas em cada um dos três cenários da BP, o ritmo com que as energias renováveis entram no sistema energético global é “mais rápido do que qualquer combustível anterior na história”, disse o relatório.
Fontes: CNBC, WSJ, FX empire, FX Street, Reuters, The Street
