A BrasilAgro – Companhia Brasileira de Propriedade Agrícolas reportou prejuízo líquido de R$ 12,9 milhões no segundo trimestre da safra 2022/23, encerrado em dezembro. O resultado veio pior que o de igual período do ano-safra anterior, quando a companhia obteve lucro líquido de R$ 299,3 milhões.
O CEO da BrasilAgro, André Guillaumon, indica dois grandes fatores para justificar o prejuízo no trimestre. Um deles é a diferença de cerca de R$ 235 milhões no ganho obtido com a venda de áreas no segundo trimestre ano passado, quando a empresa faturou R$ 251,5 milhões no período – neste trimestre, o lucro foi de R$ 16,6 milhões, uma diferença de 93%.
Tirando a não-recorrência desta receita, também houve problemas na operação de cana-de-açúcar da BrasilAgro, que sazonalmente é o carro-chefe da companhia neste trimestre. Segundo cálculos do CFO, Gustavo Lopez, cerca de R$ 145 milhões deixaram de entrar no caixa da empresa por conta de uma combinação de quedas nos preços, custo de produção maior e produtividade comprometida.
“Foi um somatório de situações. Tivemos diferença grande no imobiliário, mas a cana acabou sendo uma detratora maior. Enfrentamos pressão maior nos custos de produção e ainda tivemos que enfrentar um incêndio em uma de nossas áreas, que acabou afetando a produtividade da cana”, avalia Guillaumon.
Outro problema apontado pelo executivo foi o impacto da desoneração da gasolina e do diesel, que retirou a competitividade do etanol e distorceu os valores praticados no mercado. “A isenção atingiu todo o setor, tivemos uma perda de competitividade enorme”, lembra o CEO da BrasilAgro.
A receita líquida foi de R$ 183 milhões, ante R$ 665,6 milhões de igual período da safra 2021/22, com queda de 72,5%.
O ebtida – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização – caiu 95,5% na mesma comparação, para R$ 17,1 milhões, a margem Ebitda ajustada diminuiu 47 pontos percentuais, para 9,3%, e a receita líquida recuou 72,5%, para R$ 183,2 milhões.
No 2T23, a Companhia vendeu uma área total de 2.828 hectares (1.921 hectares úteis), somando as vendas das fazendas Morotí e Rio do Meio, conforme Fato Relevante anunciado ao mercado.
O atual mix da área em produção, entre terra própria e arrendada, permite maior flexibilidade na gestão do portfólio e reduz a volatilidade do fluxo de caixa operacional.
O aumento das despesas com vendas de 7% em relação ao mesmo período do ano anterior, é reflexo do aumento na linha de armazenagem e beneficiamento em razão do beneficiamento de algodão e custo de armazenagem de fazendas que não possuem armazéns. É importante destacar que nos 6M22 tivemos um ajuste de aproximadamente R$ 3,0 milhões referente a um acordo comercial que compensou o custo de armazenagem e beneficiamento neste período; do impacto de PDD referente ao não recebimento de um arrendatário que teve quebra de safra na sua produção.
O aumento das despesas gerais e administrativas de 19% em relação ao mesmo período do ano anterior, é reflexo do aumento na provisão do ILPA ajustado de acordo com o atingimento das metas da Companhia e reconhecimento do pró-labore dos conselheiros de Administração que após a realização de pesquisa de mercado passou a ser 100% fixa; do crescimento na linha de impostos e taxas, explicado pelo aumento dos valores de VTN (Valores de Terra Nua) das prefeituras, utilizados como parâmetro para a Declaração do ITR., do aumento de despesas com softwares refere-se ao início da cobrança de assinatura após período de carência.
As vendas antecipadas da BrasilAgro também indicam potencial de margem importante. Até o fim do segundo trimestre, a companhia havia negociado 65% da produção de soja, a um câmbio de R$ 5,52 e um valor por saca em linha com os preços internacionais.
No milho, cultura em que a negociação ganha força a partir do terceiro trimestre, 20% já foi negociado, enquanto a 60% da safra de algodão já foi vendida, a preços próximos ao de tela, com câmbio fechado em R$ 5,70.
A companhia concluiu mais um ano de fornecimento de cana-de-açúcar entregando 1,9 milhão de toneladas, em uma área colhida de 24,9 mil hectares e produtividade de 78,1 ton/ha – com margem líquida de R$ 4.778/ha.
O resultado da cana foi impactado pela queda do preço do ATR, somado a diminuição da produção, resultado da queima de uma área na fazenda do Maranhão e diminuição da área plantada em relação a safra passada.
A BrasilAgro finalizou o plantio de grãos e algodão em 82,9 mil hectares. As condições climáticas estão boas, favorecendo o bom desenvolvimento das lavouras de soja e milho até o momento, mantendo nossas estimativas de produção para a safra. Apesar do impacto negativo no resultado da cana, permanecemos otimistas e mantemos a nossa expectativa de atingir o orçamento da Companhia para o ano-safra 2022/2023.
Os resultados da Brasil Agro (BOV:AGRO3) referentes às suas operações do segundo trimestre do ano safra 2022/2023 foram divulgados no dia 08/02/2023. Confira o Press Release!
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Infomoney