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Banco do Brasil (BBAS3): lucro líquido ajustado de R$ 8,55 bilhões no 1T23, aumento de 28,9%

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O Banco do Brasil reportou lucro líquido ajustado de R$ 8,55 bilhões no período. A cifra é 28,9% maior que a registrada no 1T22, ainda que em queda de 5,4% frente o 4T22.

O consenso Refinitiv previa lucro líquido de R$ 8,688 bilhões no período, abaixo dos R$ 9,04 bilhões do quarto trimestre de 2022, mas bem acima dos R$ 6,613 bilhões registrados um ano antes.

O patrimônio líquido do banco ficou em R$ 169,533 bilhões, alta de 10,8% em um ano.

No período, o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (RSPL, ou ROE, na sigla em inglês) ajustado foi a 20,8%, alta de 2,9 pontos percentuais (p.p.) em base anual, e baixa de 1,8 p.p. em três meses.

Na comparação com o 1T22, a evolução do lucro é explicada pelos crescimentos na margem financeira bruta, receitas de prestação de serviços e resultado de participações em controladas, coligadas e joint-ventures, parcialmente impactadas pelo aumento na despesa de PCLD ( Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa) ampliada, apontou o banco estatal.

O BB registrou em março de 2023, o saldo de R$ 1,0 trilhão na Carteira de Crédito Ampliada (que inclui, além da Carteira Classificada, TVM privados e garantias), uma alta anual de 16,8%.

A carteira ampliada PF cresceu 3,6% no trimestre e 11,7% em 12 meses, influenciada pelo desempenho do crédito consignado (+3,0% no trimestre e +9,6% em 12 meses), do crédito não consignado (+3,7% no trimestre e +9,3% em 12 meses) e pelas carteiras adquiridas de financiamento de veículos (+67,4% no trimestre e +126,8% em 12 meses).

A carteira ampliada PJ registrou incremento trimestral de 1,0% e de 12,7% em 12 meses, com ênfase para os crescimentos de operações com recebíveis (+11,6% no trimestre e +24,8% em 12 meses) e de capital de giro (+1,4% no trimestre e +10,7% em 12 meses). Destaque para os desembolsos de R$ 2,5 bilhões no trimestre realizados na linha do Pronampe, apontou o banco.

A Carteira Ampliada Agro expandiu 4,1% no trimestre e 26,7% em 12 meses, com ênfase para as operações de custeio (+4,2% no trimestre e +45,6% em 12 meses) e de investimento (+7,6% no trimestre e +49,8% em 12 meses).

A provisão para perdas com empréstimos mais que dobrou em um ano, com avanço de 112,3%, passando de R$ 2,76 bilhões no primeiro trimestre de 2022 para R$ 5,86 bilhões.

“No 1T23, mudanças societárias no controle acionário de cliente específico do segmento Large Corporate – setor agroindustrial, que teve processo de recuperação judicial homologado em 2019, ensejaram em mudança de perfil da dívida da companhia. Esta operação impactou os componentes da despesa de PCLD Ampliada (Risco de Crédito e Perda por Imparidade). Houve a liquidação de operação de crédito bancário, concomitante à emissão de debêntures com reconhecimento imediato de perda por imparidade em 100% do valor de face do título emitido, com impacto neutro na PCLD Ampliada”, informou ainda a companhia.

O aumento da provisão ocorreu com o índice de inadimplência de operações vencidas há mais de 90 dias voltando a crescer, seguindo tendência do mercado diante da elevação dos juros no país no período.

O índice passou de 1,89% da carteira no início do ano passado para 2,62% ao final de março, número também maior que os 2,51% do final de 2022.

O índice de cobertura (relação entre o saldo de provisões e o saldo de operações vencidas há mais de 90 dias) foi de 202,7%, impactada pelo reperfilamento da dívida de cliente específico (não citado pelo BB), em recuperação judicial desde 2019. “Desconsiderando este efeito, a cobertura do período seria de 213,3%”, afirma.

No 1T23, a margem financeira bruta, que mede o resultado com operações que rendem juros, totalizou R$ 21,2 bilhões e teve crescimento de 38,0% na comparação anual.

Contribuiu para isso os aumentos da receita de operações de crédito (+35,1%) e do resultado de tesouraria (+72,1%), impulsionados pelos crescimentos de volumes e taxas da carteira de crédito e de títulos e valores mobiliários, parcialmente compensados pelo aumento de (+52,2%) da despesa de captação comercial.

A receita financeira com operações de crédito totalizou R$ 32,304 bilhões, 4,6% maior em três meses. O resultado da tesouraria, por sua vez, foi de R$ 10,086 bilhões, baixa de 7,8% em um trimestre. Ao contrário dos pares do setor privado, o BB tem carteira de aplicações majoritariamente pós-fixada, o que tem garantido ganhos expressivos na tesouraria. As despesas de captação comercial do banco público, por sua vez, somaram R$ 18,073 bilhões, alta de 3,1% em um trimestre.

Ao final do terceiro trimestre, o BB tinha R$ 2,114 trilhões em ativos, um aumento de 3,8% em relação ao mesmo período do ano passado, e alta de 4,2% em três meses.

Os resultados do Banco do Brasil (BOV:BBAS3) referentes às suas operações do primeiro trimestre de 2023 foram divulgados no dia 15/05/2023.

Teleconferência

Na teleconferência sobre os resultados do Banco do Brasil (BBAS3) no primeiro trimestre de 2023, o CFO Marco Geovanne Tobias mostrou incômodo com a forma que o mercado precifica a ação da instituição financeira e fez um desabafo. “Sem dúvida alguma, o mercado penaliza bastante o Banco do Brasil”, disparou, reforçando a visão da gestão passada do banco, de que o BB é negociado com desconto elevado.

“Eu acho que não é por uma questão de desempenho operacional do Banco do Brasil e de capacidade do management de executar estratégias, mas sim por outras questões que não cabe a nós discutirmos aqui”, afirmou Tobias. Na avaliação do executivo, o mercado “carregou muito na tinta” ao descontar o banco no ambiente de mudança de governo.

“A gente acredita que um retorno sobre patrimônio líquido de 21% não justifica a precificação que o mercado dá hoje para o Banco do Brasil”, disse.

Credit Suisse destaca que, mesmo que retorno sobre o patrimônio cair, valuation justifica recomendação de compra, enquanto BBI mostra ceticismo
Tobias assumiu a cadeira de CFO no lugar de José Ricardo Forni, voltando ao banco onde trabalhou durante 23 anos até 2010. “Era um sonho que nós tínhamos lá em 2010 chegar ao nível de eficiência que o Banco do Brasil hoje está”, disse o executivo. “E lembro que uma das grandes cobranças do mercado era a pouca exposição que o Banco do Brasil tinha ao crédito pessoa física, que o que traz mais margem”.

O CFO explica que hoje, o crédito pessoa física corresponde a um terço do mix do banco, mas ainda assim o mercado continua a penalizar o BB.

“O mercado tem que parar com essa bobagem, saber diferenciar questões políticas, de governo, das questões empresariais, negociais”, acrescentou Tobias. “É a melhor parceria público-privada que se tem. Desde que seja bem gerida, desde que tenha eficiência. Nós temos mostrando que somos, sim, capazes de gerar eficiência, gerando valor ao acionista e à sociedade”.

Questionada por analistas sobre os riscos de interferência do governo no BB, a presidente do banco, Tarciana Medeiros, afirmou não haver qualquer pressão para que a instituição financeira atue em linhas que não tragam resultado adequado. Ela acrescentou não ver espaço para que o banco atue com política de crédito sem amparo técnico.

“Estamos seguros da autonomia de gerir BB e vamos levar isso adiante, desenvolvendo negócios e concedendo crédito, tomando decisões com base em nossa governança”, afirmou Tarciana.

VISÃO DO MERCADO

Bradesco BBI

Já na visão do Bradesco BBI, mais cético, o Banco do Brasil apresentou algumas tendências negativas no 1T23. Primeiro, o resultado de intermediação financeira contraiu, devido principalmente a ganhos mais fracos relacionados à marcação, o que pode indicar que o banco pode ter atingido um ponto de inflexão de resultados no 4T22.

Em segundo lugar, o índice de cobertura caiu significativamente para 203% (de quase 230% no 4T22), “o que vemos como um potencial subprovisionamento no trimestre, especialmente porque a formação de cobertura do banco diminuiu para
empréstimos individuais e corporativos”, aponta.

Em terceiro lugar, embora tenha visto uma leve deterioração da inadimplência no trimestre, acredita que a deterioração corporativa pode ter começado, o que reforça a tese de um ambiente macroeconômico mais desafiador para 2023, aponta.

Bradesco BBI tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 48,00.

Credit Suisse

O Credit Suisse avalia que o 1T23 deve ser neutro para o papel dado que o lucro veio em linha com sua projeção e consenso (apesar da receita de recuperação de crédito menor que o esperado). Ajustando para uma reversão de provisão de R$ 2,6 bilhões, o custo de risco ficou em 4,1% e cobrindo 85% da formação de inadimplência de 90 dias, levando a uma queda do índice de cobertura.

Do lado operacional, o banco continuou a registrar um momentum forte para lucros, o que, combinado a uma qualidade de ativos controlada, fez que o o lucro (pré-provisão) ficasse em linha com suas estimativas e atingisse um ROE perto de 21%.

“Esse nível de rentabilidade claramente não está precificado olhando o valuation do papel, mesmo considerando uma desaceleração do ROE em 2024 e 2025 (resultado principalmente de juros mais baixos), e portanto esse colchão de valuation nos dá conforto para reforçar o outperform [desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra] para o papel”, avalia.

XP Investimentos

A XP destaca que o lucro ficou 10% acima de sua previsão e, por mais um trimestre consecutivo, o perfil defensivo de sua carteira continua prevalecendo e resultando em um índice de inadimplência de 2,6% (+11 pontos-base na comparação trimestral), muito abaixo de seus pares.

Por outro lado, apesar de ter superado muitas de suas projeções, o BB manteve suas estimativas para 2023, o que, dada a atual velocidade, leva a crer que os resultados possam desacelerar nos próximos meses.

“No entanto, isso não deve enfraquecer a inércia de resultados positiva. Como resultado, esperamos uma reação positiva e reiteramos nossa visão construtiva sobre o banco, com recomendação de compra, com preço-alvo de 61 por ação”, avaliam os analistas da casa.

Entre outros pontos que chamaram a atenção, a XP destaca que a carteira de crédito ampliada acelerou para alta de 16,8% ano a ano (+2,7% no trimestre) e atingiu R$ 1,03 trilhão. O destaque foi, mais uma vez, a carteira do agronegócio (+4,1% no trimestre e +26,7% de alta anual).

Sobre a inadimplência, mais uma vez, o BB se posicionou com a menor taxa de inadimplência entre os bancos incumbentes. O BB registrou um Índice de Cobertura de 202,7% (-24,4 pontos-base na base trimestral), o que os analistas da XP ainda consideram saudável.

“Vale ressaltar que, no trimestre, os resultados financeiros do BB foram impactados pela renegociação da dívida de um cliente específico, em um processo de reorganização judicial desde 2019. Desconsiderando esse efeito, o índice de cobertura seria de 213,3% (-13,8 pontos-base na comparação com o 4T22)”, destaca.

A Margem Financeira (NII) do BB alcançou R$ 21,2 bilhões, registrando um sólido crescimento de 38,0% ano a ano (superando as expectativas da XP em +8%), impulsionado por: receitas de operações de empréstimo (+35,1% na base anual), beneficiadas pelo crescimento e reprecificação da carteira de empréstimos; e resultado da tesouraria (+72,1% na base anual), principalmente devido ao resultado da carteira de títulos de renda fixa.

Esses efeitos foram parcialmente compensados pelo aumento das despesas de captação comercial (+52,2% na base anual).

“Embora marginalmente abaixo do nosso número (-1%), as receitas de tarifas também contribuíram para o trimestre, com um aumento de 8,1% na base anual, influenciado pelo desempenho comercial, com destaque para o desempenho nas linhas de seguros, planos de previdência e títulos de capitalização (+10,7%); receita de cartões (+20,4%); e gestão de ativos (+4,9%)”, destaca a XP.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão, Suno

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