O BTG Pactual cortou o preço-alvo das american depositary receipts (ADRs, recibos de ação de empresas estrangeiras negociados na Bolsa de Valores de Nova York) da Vale para USS 18 (de US$ 23), mantendo a recomendação de compra, para atualizar suas estimativas após um primeiro trimestre mais fraco do que o antecipado, com carregamento de uma base de custo mais alta, e reduzir a curva de preços de minério de ferro para o periodo de 2023 a 2026, para US$ 105/90/85/80, de US$ 125/105/95/80 anterior.
Em relatório: o BTG disse que essa redução da curva reduziu de forma relevante as suas estimativas para 2023 e 2024 e agora, prevê ebitda (lucro antes de juros, impostos: depreciação e amortização) 30% menor, que agora considera mais viável, pois considera que há muito pouca auto-ajuda precificada nas ações da mineradora e o mercado é altamente dependente do estímulo da China para que o investimento funcione.
Nas novas projeções, os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner veem a Vale (BOV:VALE3) negociada ao múltiplo de 4,5x ebitda para 2023 e um rendimento FCF implícito de 9% e acreditam que a empresa pode retornar cerca de 8-10% de rendimentos aos acionistas na forma de dividendos e recompras.
Os analistas apontam que na última atualização do BTG em setembro de 2022, a ação da Vale era uma “venda de alta convicção”, com a maior parte das carteiras fortemente vendidaspor que a economia da China estava completamente bloqueada, com uma greve dos compradores no mercado imobiliário e a confiança no crescimento da empresa estava baixa.
Esse cenário se reverteu quando a China anunciou sua reabertura: elevando os preços do minério de ferro acima de US$ 120 por tonelada, e as ações dispararam rapidamente de RS 65 a R$ 90. Esse pain trade durou alguns meses, destacam os analistas.
“Agora, se avançarmos até hoje, o papel está de volta aos mínimos do 4T22. Desde então, a Cosan comprou uma participação na empresa e até nomeou um novo membro do Conselho. E, claro, a China reabriu. Mas, infelizmente, falhamos em prever a extensão do desigual e decepcionante processo de reabertura chinesa, que impulsionou principalmente serviços e viagens muito pouco intensiva em commodities.
Olhando para o futuro, os analistas estimam que será necessário o anúncio de algum apoio politico da China para a chamada ao papel, mas acreditam que o risco de baixa do papel está limitado na avaliação atual e que, portanto, acreditam estar nos aproximando desses perigosos momentos de pico de pessimismo, que exigem muito pouco para inflamar os bem conhecidos rebotes aos quais já se acostumaram ao longo dos anos.