Depois de alguns momentos de tensão no primeiro semestre com a incerteza sobre a compra do polo Potiguar da Petrobras (BOV:PETR4) nos primeiros meses do novo governo, a aquisição teve um final feliz para a 3R Petroleum, que concluiu a operação em junho.
Dois meses depois, na semana passada, a 3R Petroleum (BOV:RRRP3) realizou uma visita com analistas a alguns de seus ativos no estado do Rio Grande do Norte, para o cluster Potiguar (incluindo o polo de Macau e Potiguar, bem como ao sítio Industrial de Guamaré) junto aos administradores da companhia. Após o encontro, analistas de mercado reiteraram visão positiva para o papel, vendo potencial de alta de até 170% para as ações.
Durante a visita, a companhia discutiu não apenas as perspectivas para os ativos de petróleo, mas também as projeções para a produção e a situação do mercado de serviços.
De forma geral, o Banco Safra acredita que a 3R está no caminho certo para continuar a implementar melhorias na produção em Macau e aproveitar a flexibilidade proporcionada pelos seus ativos midstream (processamento de petróleo) em Potiguar, embora ainda haja trabalho a fazer em Papa Terra.
“À medida que essas melhorias continuam a aparecer nos números de produção da empresa, elas também deverão se refletir gradualmente no valuation da 3R”, diz o banco.
O Itaú BBA, por sua vez, comenta que saiu do complexo Potiguar com a clara percepção de que, junto com a Papa-Terra, o desenvolvimento dos ativos do complexo é uma das principais prioridades da alta administração da 3R, que acompanha de perto a execução dos planos de requalificação, e que o trabalho está sendo executado por uma equipe altamente experiente e com longa história no setor, de forma estruturada e sistemática.
Segundo o BBA, essa combinação de prioridade da alta administração, equipe altamente experiente e sistemas de gestão e incentivos bem adaptados reduz os riscos operacionais e de execução e contribui significativamente para consolidar as operações dos 3R no complexo Potiguar.
Com relação ao lifting cost (custo de extração), “à medida que a produção cresce, a empresa tem procurado maneiras de otimizar os custos e impulsionar a tendência de redução nos custos unitários de extração”, explicam os analistas do BBA.
“Existem oportunidades de redução de custos a partir da revisão de contratos de Operação e Manutenção, entrada no mercado livre de energia e internalização de algumas atividades de supervisão crucial, entre outras”, complementa o banco.
Já a XP Investimentos comenta que ficou impressionada com a extensão dos ativos, o nível de integração das operações, desde o upstream ( as atividades de exploração e produção de petróleo) até o mid e downstream (logística de vendas dos derivados acabados), bem como a senioridade da equipe técnica responsável pelas operações, com uma formação diversificada da indústria de óleo e gás.
A equipe de research da XP ainda pontua que a perda de vapor do contrato da Termo Açu não pressionará o aumento da produção da Potiguar, enquanto Macau está no caminho certo para continuar aumentando a produção.
Conforme a XP, os ativos de Guamaré Industrial proporcionarão flexibilidade, uma vez superados os problemas de armazenagem.
Por sua vez, “Papa Terra parece ser a fonte de incerteza para o crescimento da produção no curto prazo (devido ao nível de integridade que a empresa recebeu o FPSO da Petrobras)”, ressalta a XP. “A 3R está focada em parceria e/ou venda de ativos para ativos de mid e downstream de Guamaré (para reduzir a alavancagem em 0,2 vez a relação entre dívida Líquida e Ebitda).”
O JPMorgan destaca alguns pontos para ficar de olho sobre a companhia.
A primeira é sobre a conclusão da manutenção da capacidade de armazenamento. “Um dos principais desafios que a empresa está enfrentando no momento é o gargalo na capacidade de armazenamento devido à manutenção adiada, tanto na estação de tratamento quanto no terminal marítimo”, explicam analistas. “Sem essa capacidade, a produção, os contratos de midstream e a produção de refino poderiam ser limitados.”
Em segundo lugar, com a capacidade de processamento de gás do Complexo de Guamaré perto de atingir seu potencial máximo, isso exige a recuperação da outra unidade. A empresa agora planeja iniciar a manutenção na Unidade 2 (capacidade nominal de 2,0 MMm3/dia), sozinha ou em parceria, o que permitiria um maior fluxo de gás para o complexo. A gestão espera que a parada para manutenção programada ocorra no 4º trimestre de 2023.
Já a Refinaria Clara Camarão deve passar por uma manutenção programada até setembro ou outubro, e a gestão espera que o Complexo de Guamaré alcance seu potencial de flexibilidade até fevereiro de 2024. Uma alternativa que está sendo analisada pela empresa inclui oportunidades para Bunker no mercado doméstico. Margens de craqueamento atrativas e demanda sólida podem se traduzir em um mercado interessante a ser explorado pela 3R.
O JPMorgan reitera recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra), com preço-alvo de R$ 66 para os ativos, ou potencial de valorização de 107%) em relação ao fechamento da véspera. Isso devido a confiança na capacidade da empresa de eliminar restrições operacionais e implementar os planos de reestruturação para colocar a produção da empresa nos trilhos conforme as metas planejadas.
O BBA mantém classificação de outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 82, ou upside de 157%).
O banco Safra também recomenda compra para ações da petrolífera, com o maior preço-alvo, de R$ 86, ou potencial de valorização de 170%. Já a XP tem o menor preço-alvo, de R$ 56,50, mas também com um expressivo upside, de 77%, para os ativos, também com recomendação de compra.
No ano, contudo, cabe ressaltar que as ações registram queda, de cerca de 15% no acumulado de 2023.