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Via (VIIA3): prejuízo líquido de R$ 492 milhões no 2T23

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A Via registrou um prejuízo líquido de R$ 492 milhões no segundo trimestre de 2023, número pior do que o prejuízo de R$ 432 milhões projetados pelo consenso da Refinitiv e revertendo o lucro de R$ 6 milhões do mesmo período de 2022.

A receita líquida da varejista ficou em R$ 7,4 bilhões, m linha do consenso e frente a R$ 7,6 bilhões em igual intervalo do ano passado. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) ajustado ficou em R$ 469 milhões contra o consenso de R$ 451 milhões e R$ 690 milhões em 2022.

Um pior faturamento na base anual já era esperado pelo mercado. O cenário macroeconômico mais apertado fez analistas jogarem suas projeções de receita líquida para baixo.

No e-commerce, o volume bruto de vendas (GMV), na sigla em inglês, recuou 5,1% na base anual, para R$ 3,5 bilhões. “Fruto da queda do mercado e cenário mais restritivo para compras online”, justifica a companhia no documento publicado na noite desta quinta-feira (10). No marketplace, do outro lado, a Via viu seu GMV atingir 1,5% bilhão, alta de 9% no ano.

Nas lojas físicas, o GMV ficou em R$ 6 bilhões, alta de 1,6% no ano – ainda se beneficiando pela reabertura mais constante da economia após a pandemia da Covid-19, que tirou as pessoas das ruas.

Parte do mercado também esperava uma melhora sequencial das margens bruta e Ebitda por conta de um cenário de concorrência mais racional. A margem bruta, contudo, ficou em 28,5% ante 32,1% no primeiro trimestre.

“O lucro bruto foi de R$ 2,1 bilhões, com margem bruta de 28,5%, redução de 2,9 pontos percentuais. A margem é explicada pelo recuo das vendas líquidas, mix de categorias vendido e início do processo de redução de estoques”, diz a Via.

As despesas com vendas, gerais e administrativas caíram 11,9% no ano, para R$ 1,5 bilhão.

A Via ainda teve um resultado financeiro negativo de R$ 864 milhões, alta de 49,5% no ano. A companhia atribui o aumento, principalmente, a alta da taxa média de juros.

No seu braço financeiro a varejista viu seu volume total de transações somarem R$ 11,9 bilhões, queda de 4% no ano. A carteira do crediário fechou em R$ 5,3 bilhões e a de cartões, em R$ 5,6 bilhões.

A Via destaca ainda que registrou uma redução sequencial das provisões para pagadores duvidosos, que ficou em R$ 601 milhões – ante R$ 611 milhões no primeiro trimestre. A companhia atribui a queda à melhora da curva over 30, de devedores atrasados em 30 dias, enquanto a over 90 ficou estável na comparação trimestral.

Por fim, a varejista registrou um fluxo de caixa negativo de R$ 760 milhões, com R$ 169 milhões gastos com capital de giro e R$ 341 milhões com demandas judiciais, após a companhia diminuir seu quadro de funcionários no passado.

“Adicionalmente, tivemos R$ 99 milhões de investimentos, R$ 39 milhões menor que o ano anterior, R$ 267 milhões de arrendamento e R$ 575 milhões de pagamentos de dívida. Por fim, a posição final de caixa encerrou-se em R$ 2,8 bilhões no trimestre”, acrescenta a Via, que mencionou ainda uma monetização de créditos tributários de R$ 659 milhões.

Os resultados da Via (BOV:VIIA3) referente suas operações do segundo trimestre de 2023 foram divulgados no dia 10/08/2023.

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“Quando você pega pessoal, teremos um impacto completo até setembro. Quando falamos em estoque, vamos capturar até o final do ano, fazendo saldões e usando os remanescentes na Black Friday. Quando falamos em FDIC, será mais longo, correndo ao longo do próximo ano. Por isso falamos que o plano é 2025”, disse Renato Franklin, CEO da Via.

“Vamos ter um estoque crescente no terceiro trimestre, como sempre. Teremos de comparar o terceiro trimestre com o mesmo período do ano passado”, disse, ao seu indagado sobre a dinâmica do segundo semestre envolvendo as iniciativas do novo plano e as vendas de finais de ano.

“Estamos apertando as formas de pagamento e os maiores estão acompanhando. A competição maior, muitas vezes, está ficando com os players mais regionais e pequenos, que muitas vezes fazem saldões para fechar caixa”, disse Renato Franklin, CEO da Via.

Segundo Renato Franklin, CEO da Via, no passado, a marca Ponto, por exemplo, foi concentrada em regiões que ela era mais forte e “estamos estudando isso”. “Das 100 lojas que possivelmente fecharão, 50 já vimos que tem de fechar. As outras 50 estamos negociando aluguel, melhorando estoques. Estamos estudando a rentabilidade das unidades”, disse.

“Quando olhamos o saldo do ICMS, vemos que o saldo total está em redução. Estamos monetizando mais do que guardando créditos tributários”, disse Elcio Ito, CFO da Via. “A queda dos estoques também já está em curso. Compras para as categorias descontinuadas foram suspensas. Nos próximos meses, com as vendas, caixa vai entrando na companhia”, completou.

Categorias – Falando de saída de categorias do 1P para 3P, o CEO da Via, Renato Franklin, disse que não falaria quais eram, para “não expor” as táticas. “Mas apenas para dar uma exemplo, temos cerveja e material de higiene. São tickets baixos e com pouca rentabilidade.”

VISÃO DO MERCADO

Bradesco BBI

A Via apresentou resultados fracos no segundo trimestre, mas em linha com as expectativas já baixas do mercado para o período, diz o Bradesco BBI.

O analista Pedro Pinto escreve que o destaque foi a nova gestão tentando fornecer, na medida do possível, mensagens mais claras e gatilhos mais viáveis para mudar a situação da companhia.

“O plano proposto, a nosso ver, ganha maior credibilidade quando não leva em consideração as vantagens de uma potencial recuperação ‘top-down’ para as categorias principais ou de possíveis cortes na taxa Selic”, comenta.

Nos resultados trimestrais, o banco nota que o crescimento total do volume de mercadorias foi fraco, impulsionado pelo varejo físico e marketplace. Houve deterioração nas margens com redução de estoques e mix de categorias.

O Bradesco BBI tem recomendação neutra para Via, com preço-alvo em R$ 3.

Citi

Os resultados operacionais da Via foram dentro do esperado no segundo trimestre, com recuperação sequencial na comparação com o primeiro trimestre, mas deterioração nas últimas linhas do balanço por custos trabalhistas, diz o Citi.

Os analistas João Pedro Soares, Felipe Reboredo e Sergio Matsumoto escrevem que o Ebitda de R$ 469 milhões foi dentro do esperado, mas a margem bruta se deteriorou mais que o esperado por pior mix de produtos e maiores esforços promocionais.

O prejuízo líquido de R$ 493 milhões foi maior que a estimativa de perdas de R$ 278 milhões por conta de custos trabalhistas legados e impacto acima do esperado das despesas financeiras.

A atenção agora deve se voltar para o novo plano estratégico da empresa, que redireciona a Via para a construção de uma empresa com balanço mais robusto e lucrativo por meio de otimização da estrutura operacional e de capital.

O Citi tem recomendação neutra para Via, com preço-alvo em R$ 2,30, potencial de alta de 25,7% sobre o fechamento de ontem.

XP

A Via reportou resultados fracos no segundo trimestre, em linha com as projeções, com crescimento moderado de receita e rentabilidade pressionada em uma perspectiva macroeconômica ainda difícil para a demanda, mas anunciou um plano de reestruturação, diz a XP, em relatório.

Os analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt escrevem que as vendas líquidas caíram, já que o cenário macroeconômico mais fraco continua pesando na demanda para as categorias principais, levando a um crescimento moderado nas lojas físicas e vendas diretas ao consumidor on-line.

Já a margem bruta caiu impactada pelo mix de vendas e pelo início dos ajustes de estoque da companhia, levando a queda na margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustada, dizem eles. Por fim, a empresa divulgou um plano estratégico já em andamento para aprimorar a operação e otimizar a estrutura de capital, destacam.

A XP tem recomendação neutra para as ações da Via, com preço-alvo de R$ 3.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão, Reuters

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